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Meu mundo desmoronou

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Meu mundo desmoronou.
Eu sempre fizera tudo para proteger essa garota, eu tive de me virar com dezanove anos para manter ela viva e saudável. Tudo bem que meu pai estava do meu lado, mas eu que era a mãe. E agora, vendo ela ir embora, com o Daryl, isso partia meu coração.
Estávamos na sala grande, esperando, em total silêncio e depois Daryl se aproximou de mim, junto da janela.
- Ela não precisa vir comigo.
Limpei as lágrimas e sorri fraco.
- Ela é teimosa, ela vai de qualquer jeito. Me faz lembrar de alguém, que quando mete uma ideia na cabeça, é para ir até o fim.
- Se eu soubesse não teria vindo. Eu não quero tirar a Lydia de você. - Ele mordeu o lábio. - Eu...
Toquei no seu braço, sentindo um arrepio percorrer meu corpo. Eu precisava dele, daquele homem, mas era ele quem iria levar minha filha. Afastei essa ideia.
- Tudo bem. Eu passei quatro anos com ela, antes de perdê-la, agora é sua vez. É justo.
- Não tem nada de justo. Eu vou falar com a Lydia e ela vai ficar.
- Daryl, não. Ela está furiosa, ela não vai ficar. Vai achar forma de sumir e isso seria pior. Prefiro que ela vá, mas que eu saiba que ela está segura, do que saber que ela anda por aí e viver de novo na incerteza de ela estar morta.
O caipira ergueu a mão, mas depois seus olhos viram algo atrás de mim e ele abaixou de novo, suspirando.
- Eu não planejei isso.
Eu ri. - Eu sei. - Agarrei a mão dele e me foquei naqueles olhos da cor do mar, que eu tanto amava. - Só... Toma conta dela, por favor. Não deixa nada chegar perto.
- Uhum. - Ele assentiu. - Pode deixar.
Nesse momento, Lydia entrou na sala, carregando sua mochila e ficou nos olhando.
- Estou pronta. Vamos?
Vi Beta se aproximar dela. - Lydia, seja razoável. Lexie é sua mãe, ela sempre te protegeu.
- Me mentindo.
- E daí? Daryl sabia e também mentiu.
Vi minha filha ficar confusa por dois segundos e depois olhou ele de novo.
- É diferente. Eu... Olha, eu não quero ficar aqui, tá?
Daryl me olhou e eu assenti. Mais valia acabar logo com aquilo.
Ele sussurrou um leve "desculpa" e foi na direção dela, ficando de frente para Lydia.
Quase ri. A semelhança no olhar era absurda, a mesma pose...
Senti algo apertando minha mão e percebi que era Beta, agarrando ela discretamente, como se quisesse partilhar a sua força comigo, naquele momento que eu tanto precisava dela.
- Ao mínimo erro, à mínima merda que você faça, eu te trago de volta. - Falou Daryl. - Lexie não merece isso que você está fazendo.
- Ela me mentiu! Ela é...
- Ela não é nada! Conheço sua mãe desde que o seu avô apareceu lá em casa, com ela nos braços, acabada de nascer, dizendo que sua avó fora embora!
Senti meu coração apertado.
- Minha mãe ajudou, enquanto meu pai estava fora de casa! Lexie não é esse monstro que você está pintando na sua cabeça! Por isso, ao mínimo erro, te trago de volta. - Indicou a porta. - Vamos.
Vi eles saírem, Daryl me lançou um olhar que não soube decifrar e quando a porta se fechou, sacudi a mão do Beta e olhei pela janela, vendo aqueles dois, mais o Dog, saindo de Arcadia.
Assim que o portão fechou, eu comecei a chorar. Chorei bastante. Tanto que minhas forças começaram a escapar e senti meu corpo indo em direção ao chão, mas Beta me segurou.
- Lexie?
Não consegui falar, só chorar. Eu era fraca, eu nem deveria ter sobrevivido ao apocalipse.
Beta me pegou no colo e me levou na direção do quarto, mas eu não queria saber para onde ele estava indo. Nada importava.
Ele me colocou no cadeirão grande e  abaixou na minha frente, colocando as mãos enormes nos meus joelhos.
- Ela vai pensar.
Assenti. - Eu sei, mas até lá, eu fico longe da minha filha novamente.
- Bom, Daryl deve ser capaz de a manter viva.
Sorri. - Ele é sim, de verdade. Se eu tivesse de confiar a vida da Lydia a alguém, seria ao Daryl, mas nesse caso é diferente. - Fechei os olhos. - Eu deveria ter contado quando vocês chegaram.
Beta tocou na minha mão e eu abri os olhos.
- Lexie...
Dei de ombros. - Deixa. Quero ficar sozinha, tudo bem?
- Se precisar, me chama.
Ele assentiu, beijou o topo da minha cabeça e saiu do quarto.

Beta:

- Você é um imbecil, mesmo.
Beta falou enquanto passava junto do Negan.
O outro fez uma careta. - Ela nem sequer é sua filha, porque se importa?
Beta parou na frente dele, aproximando. - Eu mantive ela viva todo esse tempo! É como se fosse!
- Ah. - Negan balançou o corpo. - Foi um acidente, tá bom? Mas não precisa ficar todo bravinho, não. Relaxa. Além disso, de que adianta todo esse teatro? Lexie nunca vai deixar você entrar na cama dela.
Beta empurrou Negan, que bateu com as costas na parede. Depois agarrou ele pela jaqueta e puxou para cima, encarando.
- Fala isso de novo! Acabo com você!
- Força. Lexie ia amar.
- Lexie te odeia, babaca! Você destruiu a vida dela! Acha mesmo que vai sentir sua falta?
Negan sorriu. - Força. Me mata. Lydia também vai gostar.
Beta bufou de raiva e largou ele.
- Some daqui!
Negan assentiu. - Quem nomeou você de líder?
Beta ficou vendo ele dar as costas e sair de Arcadia.

Mais tarde, percorreu o corredor dos quartos, parando junto da porta do quarto de Lexie. Bateu una vez, mas ninguém respondeu. Então arriscou abrir a porta e olhou o interior.
Lexie estava na cama, dormindo profundamente, aninhada no meio de cobertas e almofadas.
Beta entrou no quarto e abaixou junto dela. Parecia tão calma...
Ele puxou o cobertor e tapou Lexie, que respirou fundo.
Aquela não parecia a mesma mulher que ele conhecia, não parecia a destemida Rainha Vermelha que liderava uma poderosa comunidade. Parecia uma bem mais nova, mais frágil... que ele sentia que tinha de proteger. E iria proteger, pelo menos enquanto conseguisse e Lexie permitisse.

Red Queen - A Rainha VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora