Red Queen - A Rainha Vermelha

41

Semanas depois...

Beta:

Beta percorreu os corredores segurando aquela taça como se sua vida dependesse disso.
Ia ver Lexie. A rainha estava se isolando depois que perdera o bebê, além disso, uns dias atrás ela brigara feio com Daryl, por causa da Lydia e os dois decidiram dar um tempo. E Beta sabia que isso não estava sendo bom nem para Lexie e nem para o babaca do Daryl.
Mas se dependesse dele, Lexie iria melhorar e sair daquele quarto.
Quer dizer, ela saía, mas só quando extremamente necessário. Nem mesmo Dário conseguira convencer ela.
Bateu na porta e entrou.
Lexie estava sentada na janela, olhando sua comunidade. Virou a cabeça na sua direção e sorriu.
- Olha o que eu trouxe pra você. Os primeiros do ano. - Beta se aproximou e colocou a taça junto dela, sentando do outro lado. - Temos imensos, podemos levar na feira do Reino.
Lexie sorriu. - Isso é ótimo. - Falou enquanto pegava um morango. - Como você sabia que eu adoro isso?
Ele deu de ombros. - Digamos que adivinhei.
- Ah fala sério.
- Tá. - Beta revirou os olhos. - Foi o Dário.
Lexie riu, mordiscando o morango.
- Ele me conhece bem demais. Hum, isso tá uma delícia! Acho que nunca tivemos morangos tão doces.
- Isso é bom. O pessoal do Reino vai adorar.
Lexie assentiu.
Beta ficou olhando ela e depois algo invadiu sua mente.
- Ele estará lá.
- Quem? - Ela perguntou.
- Daryl.
Lexie mordeu o lábio e depois deu de ombros.
- Por mim tudo bem. Já fiquei longe dele antes.
- Eu sei que você gosta dele, até demais.
A rainha o olhou e Beta deixou sua alma se perder um pouquinho nos seus olhos claros.
- Gosto sim, mas ele pediu um tempo, certo? Tudo isso anda deixando nós dois demasiado nervosos e ansiosos. Será bom esse tempo. Não quer dizer que eu não goste dele ou que não vá na feira só por causa disso. Além disso, Lydia estará lá e eu sinto saudades dela.
- Tá bom. Entendi.
Lexie ficou olhando ele durante tanto tempo que Beta começou a se sentir estranho.
- O que foi? - Perguntou.
Ela deu de ombros. - Nada. Estava só... olhando você.
- Grande coisa.
Ela riu. - Na verdade sim, você é enorme.
Beta riu, sua gargalhada se assemelhava a um trovão.
- Você que deve ser filha de um elfo.
- Que engraçadinho. Posso te fazer uma pergunta?
- Além dessa?
- Idiota. O que você fazia antes?
Beta olhou o chão e depois ergueu o olhar.
- Eu... hã... Era casado com uma mulher fantástica e... vivia da música. Uma vida normal.
Lexie ergueu as sobrancelhas, fazendo Beta lembrar daquelas crianças que ficam fascinadas ao verem os enfeites de Natal.
- Sério?
- É, mas não comenta com ninguém.
- Então, você não era o "Beta"?
Ele negou. - Não, mas esse é meu nome desde que essa merda começou, e não tenciono mudar.
Ela ergueu as mãos, mas seus olhos brilhavam.
- Era cantor ou apenas músico?
Beta sorriu, sem jeito, olhando suas mãos.
- Os dois. Meu violão me acompanhava para todo o lado.
- Uau, sua história é muito melhor do que a minha.
Beta ergueu os olhos. - Você, pelo que sei, teve uma vida bem legal.
Lexie riu e assentiu. - Meu pai iria gostar de você, se escutasse isso.
- Sério? - Beta ergueu as sobrancelhas.
- Esquece! Retiro o que disse.
Os dois riram e depois ele sentiu a mão dela sobre a sua, quando ela se inclinou na frente.
- Obrigada, de verdade. Você me faz esquecer das coisas ruins.
- Fico feliz em saber.
Depois os olhos dela brilharam com malícia. - Vou querer escutar você cantando.
- Não, não, não. - Beta ergueu a mão livre. - Prometi nunca mais cantar e tenciono cumprir. Já não faz sentido.
- Claro que faz, deixa de besteira.
- Não, Lexie. Isso traz memórias que prefiro esquecer. De verdade.
A garota assentiu. - Oh, desculpa. Tudo bem, eu entendo. Sem cantoria.
- Sem cantoria.
Beta percebeu que Lexie ficara olhando ele, de novo, em silêncio e esperou. Talvez ela estivesse pensando sobre algo e estivesse olhando ele por mero acaso... Ou talvez ela estivesse pensando que tinha de mantê-lo vivo, não importava como o faria, apenas não podia viver num mundo onde ele não existisse.
Não! Espera! Isso era o que ele estava pensando sobre ela.
Beta tentou afastar esses pensamentos da sua mente. Lexie gostava de outro e ele não fora feito para amar ninguém.
- Pode parar de olhar para mim? - Sorriu.
Lexie respirou fundo.
- Sabe que, para um gigante, você até que é bonito?
Beta riu. - Bateu com a cabeça? Foi forte, hein?
- Estou falando sério, pára de rir.
- Tá, deixa de besteira. Você é a Lexie, ninguém chega perto, lembra?
- Então o que você está fazendo aqui? Porque você não sai do meu lado? E vive me protegendo?
Ele suspirou e olhou torto para ela.
- Só faz pergunta difícil? Eu me preocupo e daí? Não pode?
Ela assentiu, sorrindo. - Poder, pode.
- Come os morangos e cala a boca. Só está falando besteira.
Lexie riu e olhou pela janela.
- Beta?
- Hum?
- Se eu morresse, o que você faria? Tipo, eu quase morri naquele dia.
Ele respirou fundo. - Isso não vai acontecer. Eu mantive você viva, lembra? E eu era só o cara que trouxe sua filha.
Ela revirou os olhos. - Mas faria alguma diferença? Eu... Sinto que não pertenço a esse mundo, na maioria do tempo.
Beta segurou as mãos de Lexie e ela o olhou.
- Você pertence sim. Foi feita para esse mundo. Eu não seguiria mais ninguém que não fosse você, por isso me mantive sozinho com a Lydia, eu não lidava bem com líder nenhum. Se você morresse, eu mataria o imbecil que tivesse feito tal coisa a você. Se fosse um zumbi... Bem, daria um jeito. Mas acho que o mundo não faria mais sentido e não faria sentido lutar para continuar vivendo.
Lexie permaneceu quieta por longos minutos e então, de repente, abraçou ele, apertando forte e escondendo o rosto no seu ombro.
Hesitante, Beta abraçou ela, fechando os olhos.
- Não morre nunca, tá? - Falou ela.
Beta riu. - Vou fazer os possíveis.