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- Tente não fazer esforço durante o resto do dia de hoje

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- Tente não fazer esforço durante o resto do dia de hoje. Amanhã, quando levantar, vá com calma, para isso não abrir de novo.
Olhei o médico e franzi o cenho.
- Como vou fazer as coisas, então? E pior! Como vou sair daqui agora?
O médico olhou Beta, encostado na parede do gabinete, como se pedisse ajuda, e o loiro se aproximou, suspirando.
- Parece que é minha vez, né Doutor?
O médico sorriu e eu olhei Beta.
- Nem pensa em me carregar de novo! Te proíbo!
Beta me olhou, estreitando os olhos.
- Essa eu quero ver. - E me pegou, ignorando meus protestos. - Até mais, Doc.
Beta me levou no quarto e me sentou na cama, esticando a minha perna e colocando uma das almofadas por baixo.
- Tou me sentindo uma criança. - Falei.
Beta me olhou e sentou junto dos meus joelhos.
- Agora fala sério. Quer que eu vá buscar o caipira?
Franzi o cenho. - Não. Eu... Não.
- Eu não quero que você esteja infeliz e o que aconteceu ontem...
Encarei ele. - Não, Beta. Eu estou bem, quer dizer - Indiquei a perna. - Quase bem, mas enfim. Deixa o Daryl fora disso. Eu... Nós demos um tempo. Não discutimos as condições.
Ele assentiu. - Tudo bem.
Bateram na porta e eu esperei, vendo Dário entrando, mas parando ao ver Beta.
- Oi, desculpa, eu só queria falar com você, mas posso vir depois.
- Não. Entra Dário.
Beta me sorriu e levantou, beijando o topo da minha cabeça. - Não sai daí, eu vou deixar vocês falarem em paz.
Beta passou por Dário, batendo amigavelmente no seu peito e fechando a porta.
Dário ocupou o lugar deixado por Beta e eu revirei os olhos.
- Fala logo. - Disse. - Sim, Beta contou tudo para o Daryl. Sim, o caipira ficou furioso comigo. Sim, eu dormi com o Beta. Aliás, transámos e foi...
- Espera aí, essa parte eu não quero saber. - Dário riu. - Mas, ele contou? E o Daryl não matou ele?
Sorri. - Acho que os dois quase se mataram, mas... - Dei de ombros.
Dário riu, fazendo sinal para eu esperar, e depois respirou fundo, tentando parar o ataque de riso.
- Então, você está com o Beta, mas ainda tem o Daryl nessa história, e o seu atual contou que transou com você, para o seu ex.
- Dário...
- Desculpa, mas isso é muito bom! A rainha, que não deixava ninguém chegar perto sequer, tem dois homens atrás dela! E já ficou com os dois! Agora fala sério, com o Beta? Não é estranho?
Sorri de novo. - Pior que não. Ele é... diferente.
- Nossa, te pegou de jeito.
Rimos os dois, mas depois ele me olhou daquele jeito dele.
- A vida é sua, a escolha também e até concordo que o Beta é legal. Quando não está atacando ninguém. Aí ele vira o diabo. - Dário pegou na minha mão e sorriu. - Você merece ser feliz, Lexie, e se ele consegue dar isso pra você... Só fique sabendo, que se ele magoar você, eu acabo com a raça dele! Você é como uma irmã e ninguém pode machucar.
- Eu nem sei o que eu sinto. Só sei que ele é especial. Mas chega de falar de mim. O que você queria? Além de me atormentar?
Agora era a vez de Dário ficar sem jeito e isso chamou minha atenção.
- É... A Cyndie tá aí, ela veio pela manhã, com o Rick e acabou ficando. Escuta, será que dava para ela passar a noite aqui em Arcadia? Ela precisa voltar para Oceanside amanhã, então eu pensei...
Eu ri, pegando ele de surpresa.
- Então você pensou em dormir com ela antes de ela voltar para casa. - Ri de novo. - Tá, pode sim. Mas você não vai me trocar pela praia, vai?
Dário sorriu. - Não. - Levantou e beijou meu rosto. - Obrigada Lex, e cuidado com essa perna. - Ele abriu a porta. - Pede para o Beta pegar leve com você essa noite.
Peguei um livro e joguei na cabeça dele, mas Dário fechou a porta e o livro não atingiu o alvo.
Sorri, era bom ver ele feliz.

Mais tarde, depois de Beta me obrigar a comer tudo o que ele trouxe para mim, ele ficou ao meu lado, na minha cama, me deixando ficar junto do seu peito, com seu braço, protetoramente, sobre mim.
- Foi muito legal a forma como salvou a pequena Grimes. - Disse ele.
- É, talvez.
- Quem diria, você odiava o Rick.
Sorri fraco. - Ele tentou me matar. Quase conseguiu.
- Nem me lembra disso. Quase morri por conta dessa brincadeira.
Eu ri. - Gostaria de ter visto, o enorme Beta quase morrendo por causa de um tiro ma cabeça.
- Se eu tivesse morrido, você também teria.
Dei de ombros. - Talvez assim fosse mais fácil.
Ele se mexeu e eu me coloquei de forma a conseguir ver o seu rosto, mas sem magoar a perna.
- Pára com isso.
- É verdade. Perdi a Lydia, as coisas com o Daryl estão uma merda, perdi um bebê...
Beta segurou meu rosto.
- Lydia gosta de você, ela só precisa arrumar a cabeça. E... Tá, eu sei que não sou nenhum Daryl Dixon, mas se você deixar, eu posso tratar de você da forma certa. Não vou magoar nunca. E, bom, quanto ao bebê... isso tem solução.
Eu ri. - Não, não quero mais bebês. Espera! O quê? - Olhei ele de novo. - Você me daria um só porque eu queria?
Ele deu de ombros. - Qual o problema?
Ergui as sobrancelhas. - Meu Deus. Sério?
- Qual a parte em que eu falei que gosto de você, que você não entendeu?
Fiquei olhando sem saber o que fazer, se falava, se ficava em silêncio... Eu não sabia ao certo o que eu sentia por ele.
- É... Calma, eu não... - Fechei os olhos.
Senti ele respirar fundo.
- Eu entendo que seja rápido demais, mas posso ir no seu ritmo. Sem problema.
Abri os olhos e deixei que minha mente se perdesse nos seus olhos azuis.
Desde que ele surgira em Arcadia, estava sempre por perto, sempre me protegendo. Lutando ao meu lado em cada guerra, Beta até levara facada por mim. Eu nunca percebera porque estava mais centrada na Lydia, na minha menina, e não nele. Mas agora, pensando em tudo, era bastante claro.
- Beta, eu não... Eu não sou a mesma Lexie de antes, você escutou o Daryl falando isso. Eu só faço besteira. Essa Lexie não sabe amar.
- Eu não conheci a Lexie de antes, só essa daqui. E foi por essa que eu... Foi dessa que eu gostei. E se essa está quebrada, tudo bem, eu arranjo ela. Posso fazer isso.
Franzi o cenho. - O quê?
- Eu gosto de você, mas se você quiser, eu me afasto e esquecemos o que aconteceu ontem. Voltamos a ser amigos.
Neguei com a cabeça. - Não.
- Não?
- Agora que você está aqui, não pode simplesmente ir embora, se afastar. Você abriu uma porta que não pode voltar a fechar. Eu não quero que feche.
- Lexie...
Ignorando a dor na minha perna, segurei o rosto dele e puxei para mim, colando meus lábios nos dele.
Beta me beijou com vontade, mas mesmo assim, senti ele me ajeitando, de forma que não fizesse muita força com a perna ferida.
Sorri e ele se afastou.
- O que foi?
- Pára com isso. Eu não vou morrer se sentir uma dorzinha.
Ele encostou a testa na minha. - É melhor se não sentir dor nenhuma.
Afastei e fiquei olhando ele de novo. Eu estava prestes a entrar num mundo do qual eu não sabia se conseguiria sair de novo, mas naquele momento, isso parecia o menos importante de tudo.
- Podemos tentar. - Falei.
Ele franziu o cenho, mas vi um sorriso torto na sua boca.
- Tentar o quê?
- Eu quero você.
Beta apagou o sorriso e ficou me olhando. Aquilo era preocupante. Ele estava parado, apenas respirando.
- Beta? - Toquei no seu pulso.
- O quê? Você está falando sério?
Olhei em redor e depois de novo para ele. - Claro que estou.
- Eu? Tem certeza?
Franzi o cenho, confusa. - Não era o que você queria?
Ele sorriu, parecendo criança e segurou meu rosto. - Era, mas...
- Mas?
Beta colou seus lábios nos meus, quase me fazendo esquecer de como se respirava. Depois se afastou, quando sentiu minhas mãos no seu peito.
- Espera, você está ferida.
- E?
- E não pode esforçar, lembrar?
Revirei os olhos. - Não iria esforçar a perna.
- Não. - Ele voltou na posição inicial e eu deitei no seu peito de novo. - Já que você é minha, agora, tem muito tempo pra isso.
- Vai ficar se achando?
- Pffff, claro que não.
Espreitei e vi ele fazendo um sorriso enorme.
- Sei.
Beta deu de novo aquela gargalhada de gigante.
- Dorme, precisa descansar.

Red Queen - A Rainha VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora