Red Queen - A Rainha Vermelha

56

Duas semanas depois...

Doc autorizou que Beta saísse da enfermaria, desde que ficasse no quarto até sua total recuperação. Então, Beta passava os dias deitado na minha cama, sem fazer nada.
Eu estava do seu lado nessa manhã, pronta para sair, mas querendo aproveitar todos os minutos que podia para estar junto dele.
A mão enorme do Beta estava na minha barriga e senti sua boca no meu pescoço.
- Quando Siddiq virá?
Suspirei. - Hoje, com o grupo.
- Sempre aceitou a ideia do Rick?
Assenti. - Será bom para todos.
As comunidades estavam mais próximas do que nunca e, dessa vez, surgira a ideia de trocarem conhecimentos. Arcadia tinha os melhores homens e armamento, pelo que, nesse dia, viria o primeiro grupo para treinar com a gente, por uma semana inteira. Ou pelo tempo necessário.
Siddiq decidira vir junto para ver como eu estava e trazer novos medicamentos.
- Você vai ter cuidado, né? - Falou ele, me olhando. - Não vai pegar pesado.
Sorri. - Tá, eu sei o que estou fazendo, Beta.
- Espero bem que sim. E você não fica se achando com esse treino, viu? Só tem os melhores homens graças a mim e ao Dário.
Eu ri e beijei ele. - Eu sei.
- Quando esse bebê vai começar a mexer?
- Ainda é cedo.
- Estou ansioso por sentir ele.
Revirei os olhos. - Eu deixo você carregar ele e depois também pode ter o parto...
- Não, obrigada. - Ele riu. - Isso fica para você. Não que eu goste da ideia de ver você agonizando de dor, mas...
- Mas você pode ser um homem enorme, mas morre de medo de sentir dor.
Ele riu, me abraçando. - Dor não é algo que eu goste, é verdade. E já basta o que passei com a ideia do Doc.
Beijei ele. - Doc salvou sua vida.
- Tá...
Escutei baterem na porta e olhei, esperando.
Vi a cabeça de Dário surgir pela porta que ele abrira.
- Lexie. Eles chegaram.
- Vou descer. Valeu, Dário.
Beta franziu o cenho. - Quem mandou você abrir a porta? Já pensou se a gente estivesse fazendo outro tipo de coisa?
Dário riu da cara de Beta.
- Como se, nesse momento, você conseguisse.
Eu ri e beijei Beta, antes de levantar.
Beta riu e depois me chamou.
Olhei ele por cima do ombro.
- Toma cuidado.
- Prometo.
Desci o corredor do lado de Dário e bati no seu ombro.
- Você é doido, sabia?
Ele riu. - Gosto de irritar o Beta.
Eu ri, enquanto desciamos as escadas.
Saí pela porta e desci as escadas da frente.
Alexandria enviara um belo grupo: Daryl, Lydia, Siddiq, Aaron e mais cinco que eu não conhecia.
Avancei, ignorando meu coração, e parei junto deles.
- Bem vindos.
Lydia me olhou e correu para mim, me abraçando.
- Oi. - Falei.
- Como você está? - Perguntou.
- Bem.
Ergui uma sobrancelha e Lydia negou. Respirei de alívio.
- Lexie.
Olhei para o lado e vi Daryl. Sorri. - Daryl.
O caipira sorriu e depois olhou o grupo.
- Esses são Luke, Magna, Yumiko, Kelly e Connie.
Connie me deu um "oi", com as mãos. Sorri, ela não podia falar. Imitei o gesto dela e ela me sorriu, erguendo o dedo.
Sorri para eles. - Bem vindos a Arcadia, espero que possa ajudar. Esse é o Dário.
Olhei meu amigo e percebi ele olhando feito idiota para a tal Connie.
- Hum, Dário.
Ele me olhou. - Quê? Ah! Sim, vocês vão gostar daqui.
- Cloe vai indicar os vossos quartos. Fiquem á vontade, o treino começa amanhã. - Olhei Dário. - Pára de olhar a Connie. Esqueceu a Cyndie?
Dário ficou vendo eles se afastarem e depois me olhou. - Você viu ela?
Empurrei ele, rindo.
- Deixa de besteira. Vamos, temos trabalho a fazer.
Olhei para cima e percebi Beta, olhando pela janela, na minha cama. Ele ergueu a mão, acenando.
Sorri, mostrei a língua e depois ergui o dedo do meio.
Pela janela aberta, escutei a gargalhada estrondosa dele.

No dia seguinte, bem cedo, todos nós estávamos num dos campos nos arredores de Arcadia, protegidos e criados para a formação e treinamento dos guerreiros.
Eu estava junto de um container, segurando a porta, enquanto Dário falava.
De repente, quando ele terminou, Luke ergueu a mão. Dário deixou que ele falasse.
- Poderiamos ver ela, primeiro? Em Hilltop dizem que ela é fantástica.
Todos me olharam e eu dei de ombros, me afastando do container.
Dário segurou meu braço. - Lexie, você sabe o que esses containers têm.
Sorri. - "Estamos" bem.
Me afastei, na direção do grupo, tirando a katana da bolsa e depois virei, ficando de frente para o container e de katana para baixo. Assenti uma vez e Dário abriu a porta, deixando os mortos saírem.
Esperei, balançando a cabeça, e depois ergui a katana, me aproximando.
Rodei a katana nas mãos, espetando o primeiro zumbi. O segundo surgiu do meu lado e eu passei a katana por baixo do cotovelo, empurrando e espetando ele. Rodei a katana, colocando ela na minha frente de novo, e chutei o zumbi na minha frente. Espetei a katana na sua cabeça, largando ela. Tirei uma faca do cinto e espetei a cabeça de outro, rodando por cima dele e tirando a katana do corpo morto no chão, levantando e cortando as cabeças dos seguintes.
Três últimos zumbis se aproximaram. Sorri, erguendo a katana na minha frente. Abaixei um pouco e, quando eles ficaram perto o bastante, levantei e, num movimento rápido, cortei a cabeça dos três.
Sacudi o sangue da katana e respirei fundo, olhando o grupo.
Todos me olhavam de forma surpresa, menos Daryl. Ele sorria, de forma orgulhosa.
- Você está bem? - Perguntou Dário.
Olhei ele. - Estou ótima.
- Cara, a gente não tem a menor chance. - Disse Luke, fazendo todo mundo rir.
- Iremos tentar sem zumbis, primeiro. Depois fazemos da forma divertida. - Disse Dário.
Fui para junto do Daryl e ele me sorriu.
- Mandou bem.
Sorri. - Obrigada. - Toquei no seu braço e ele colocou a mão no fundo das minhas costas, retirando depois.
Lydia ergueu a mão para eu bater.
No meio da manhã, enquanto eles treinavam em formação, atirando em alvos, andei atrás da fileira. Parei junto de Kelly e segurei seus braços, erguendo um pouco mais.
- Tenta agora. - Falei.
Ela acertou em cheio e me sorriu. - Obrigada, Lexie.
O único que se mantinha afastado era Daryl. Ele não precisava daquele treino, o caipira agia por instinto.
Voltei para trás e parei junto dele, olhando o grupo.
- E o Beta? - Perguntou.
- Melhorando.
Ele assentiu. - Você foi fantástica.
Empurrei ele, devagar, rindo. - Deixa de besteira. - Depois indiquei Dário. - Acho que ele está gostando da Connie.
Daryl riu. - Parece, mesmo.
Depois, quando olhei ele, peguei ele me olhando.
- O que foi?
- Isso me fez lembrar um tempo atrás, em que era apenas eu, você e uma moto para consertar, antes de tudo começar. Era tudo simples e falar com você era natural.
Assenti, olhando em frente e depois de novo para ele. - É...
Dário surgiu junto de mim e me entregou uma garrafa de água, me mostrando uma maçã e o frasco dos remédios.
- Está na hora.
Daryl franziu o cenho, mas eu nem liguei.
Peguei no frasco, tomei o remédio, bebi um pouco de água e depois peguei a maçã, mordendo ela.
- Feliz? - Perguntei para Dário.
Ele sorriu. - Bastante. Boa menina. - E se afastou.
- Lexie, o que você tem?
Merda, só agora lembrava que Daryl não sabia.
Parei de comer a maçã e olhei ele.
Respiei fundo.
- Vem comigo mais na frente, por favor? Precisamos conversar.