Red Queen - A Rainha Vermelha

10

Rick:

- É bom que você saiba do que está falando.
Michonne olhou o marido e se aproximou. - Vamos confiar nele?
- É nossa única chance de acabar com isso e trazer o Daryl de volta. - Rick olhou Negan. - Esse cara existe mesmo?
Negan sorriu. - Ah Rick... - Assentiu. - Existe sim. Esse plano aqui, eu gostaria de ter tido ele mais cedo, naquela época. Eu próprio teria matado o cara, lá.
- Qual deles é? - Perguntou Michonne.
Negan riu. - Samurai, o cara é aquele de negro, armado até os dentes.
Michonne bufou. - São todos assim.
Rick ergueu as mãos. - Calma, calma. Pelo que eu entendi, ele sempre segue a rainha. Então como vamos matá-lo?
- Temos de atraí-lo para longe dela. A rainha parece confiar nele de forma excessiva, pelo que irá enviar ele caso algo parece estar ameaçando seu pessoal.
Rick assentiu, pensando numa forma de aquele plano seguir em frente.
- Só temos de separá-los.
Negan assentiu. - É, mas isso não é fácil. Aqueles dois parecem gêmeos, vão para qualquer lado juntos.
Rick ergueu o olhar. - E se parecer uma ameaça do lado de fora da comunidade deles? Ela vai junto?
Negan franziu o cenho. - Não creio. Ela iria enviar esse Dário para dar uma olhada.
- Isso tem de ser planeado com calma, não pode dar errado. - Falou Michonne, mais para Rick do que para Negan.
Rick assentiu, olhando ela. - Vai dar certo. Se ele for a chave para destruí-la... Então destruiremos.
Carl, que até o momento se mantinha em silêncio no canto da sala, que fora autorizado a ouvir aquela conversa por já ter estado dentro da comunidade inimiga, se mexeu nervosamente.
- Pai, mesmo assim, mesmo que isso dê certo, ela continua tendo mais pessoal e mais armamento. Se ela decidir nos destruir...
- Estaremos esperando ela... Ou não.
Rick sorriu, tinha nesse momento, um plano se formando na sua mente...

Algumas semanas depois...

Lexie:

- E quanto á plantação que perdemos, por conta da tempestade?
Lexie suspirou, enquanto olhava para lá da janela. Depois, seus olhos encontraram os da mulher negra que estava sentada na sua frente, Cloe.
- Plantamos de novo. Apenas uma plantação a menos não será problema.
Cloe escreveu algo no pequeno caderno que a acompanhava e depois ergueu a  cabeça de novo.
- Certo. Em relação aos criminosos, temos neste momento apenas duas celas ocupadas. - Continuou. - Um deles por um crime menor e aguarda a sua decisão.
Lexie assentiu e olhou Dário, confortavelmente sentado em um sofá, com um livro nas mãos. Olhou de novo para a mulher na sua frente.
- Tenho de decidir em relação a ele.
- Se me permite interromper. - Disse Dário, erguendo seu olhar negro para ela. - Eu não colocaria ele na Arena. Dava a ele outro tipo de castigo, mas não colocava para lutar. Como a Cloe disse, foi um crime menor.
A rainha ficou olhando o amigo, pensando na forma como Dário via as coisas. Ele sempre estava do lado dela, mas se algo não estava bem no seu ponto de vista, ele não tinha qualquer problema em falar. E isso ajudava ela a decidir algumas coisas ali dentro.
- Tá. - Lexie olhou Cloe. - Me dá umas horas, chamarei assim que tiver uma decisão.
Cloe assentiu, pegou seu caderno e saiu da sala.
Lexie suspirou e encostou para trás, na cadeira, colocando a mão sobre a testa e fechando os olhos.
- Você está bem?
Abriu os olhos e viu Dário, que a olhava, ainda de livro aberto.
Abaixou a mão e sorriu fraco.
- Estou cansada. - Falou. - Mas estou bem.
Dário dobrou a folha onde estava lendo e fechou o livro, olhando ela, e Lexie sabia que vinha coisa por aí.
- Tem uma coisa que eu queria perguntar. - Falou ele.
- Pergunta.
- Você lembra que o arqueiro ainda é um prisioneiro, certo?
Lexie franziu o cenho. - Óbvio, mas porquê essa pergunta?
Dário suspirou, levantou e se aproximou dela, pegou seu braço cuidadosamente, e fez ela levantar levantar, levando na direção da janela. Indicou algo no exterior, e Lexie viu que era Daryl, sentado nas escadas da frente da casa grande, junto com Dog, acariciando ele.
- Prisioneiros não têm esse tipo de liberdade e nem chegam perto do Dog.
Lexie deu de ombros. - O Dog gostou dele.
Dário fez uma careta. - Lex...
- Eu sei, Daryl é um prisioneiro. Mas... Se ele ficar do nosso lado... Olha ele.
- Já olhei, e também percebi sua proteção em redor dele.
- Dário...
- Não tem essa de Dário, não. - Ele falou. - Te apoiei, te protegi, todos esses anos. Mas dessa vez, parece que você não é mais a mesma. - Dário se aproximou. - Desde que ele apareceu!
Lexie ficou olhando o amigo, bem nos seus olhos, em silêncio. Não via desilusão neles, apenas preocupação e um toque de frustração.
- Não tem nada a ver com ele. - Ela falou.
- Tem sim, e você sabe disso tão bem quanto eu.
A rainha cruzou os braços. - Me fala o que você tem que ver com isso? Porquê essa preocupação toda com o cara lá?
Ele fez uma careta. - Não tem preocupação nenhuma com ele, quero mais que ele desapareça daqui. Me preocupo com você! Ele pertence ao grupo que atacou a gente, a sua comunidade e você está protegendo ele como se o Daryl fosse de cristal! Preciso falar o que isso vai dar?
Lexie franziu o cenho. - Eu não protego ele...
- Pára de mentir, tá? Conheço você á anos.
A rainha revirou os olhos, querendo responder que ela e Daryl se conheciam desde sempre, o que era bem mais do que Dário conseguia imaginar. Aliás, Daryl conhecia ela de uma forma que Dário nunca iria conhecer.
- O que foi? - Perguntou ele.
- Nada. - Sorriu. - Você fica muito fofo desde jeito, todo protetor.
- Deixa de ser besta.
Enquanto Lexie ria junto com ele, alguém bateu na porta e a rainha mandou entrar, mas assim que a porta abriu, o sorriso desapareceu do rosto de Dário.
Lexie suspirou vendo Daryl surgir na entrada e olhou ele.
- Daryl.
O caipira olhou Dário e depois de novo para ela. - Dá para falar com você?
Lexie assentiu e tocou no braço de Dário, mas ele sacudiu a sua mão e saiu dali, batendo a porta.
- Fala. - Lexie ergueu a mão na sua direção, para depois colocar para baixo de novo.
- Meu tempo de prisão vai durar eternamente? - Perguntou ele, com sua voz rouca.
Lexie tentou que nenhuma expressão tomasse conta do seu rosto.
- Quer ir embora? - Lexie indicou a saída. - Vai, a porta está aberta.
Viu que Daryl não esperava aquela resposta e que ficara nervoso. Ele hesitou, depois pareceu querer falar algo e desistiu novamente.
- Eu...
- Quer ir embora, Daryl? Eu levei o Carl, posso levar você. - Lexie encarava ele, mas ele ficou em silêncio. - Quer ir embora? - Insistiu.
- Não. - Respondeu ele, por fim.
- Agora fiquei confusa.
Daryl olhou para baixo e depois ergueu o olhar para ela de novo.
- Você não pode me prender aqui, falar que é a Lexie que eu conheci e esperar que fique tudo bem.
- Mas eu não quero que fique tudo bem. Só quero que seu grupo deixe meu grupo em paz.
- Para quê? - Daryl avançou sobre Lexie, feito animal selvagem, mas a garota se manteve firme. - Para ficar de novo sozinha com aquela anta do Dário?
- O quê?
Daryl ficou olhando ela e Lexie conseguiu ver, através do olhar dele, a luta que estava acontecendo no seu interior.
- Como eu disse, a porta está aberta. - Falou ela, por fim.
Daryl largou seu ar selvagem. - Mas eu já falei que não vou embora.
Lexie inclinou a cabeça para o lado, olhando ele.
- Porquê? - Perguntou.
Daryl ficou novamente em silêncio, apenas olhando ela, e Lexie viu o mesmo caipira que conhecera anos antes.
- Você foi embora, antes. - Falou Daryl, quebrando o silêncio. - Agora está aqui. Não é a mesma Lexie, mas está aqui. Não posso deixar o Rick matar você.
Lexie permaneceu em silêncio e depois assentiu.
- E tem mais - Continuou Daryl. - Porque aquele lá chama você de Lex? Apenas o seu pai fazia isso.
Lexie riu. - Não acredito.
- Hum? - Daryl parecia nervoso de novo.
A rainha parou de rir. - É, meu pai chamava, e você também. - Deu de ombros. - Dário me chama desse jeito porque... Sei lá, sempre chamou. Mas... Isso te incomoda, é?
- Pfff. Incomoda coisa nenhuma. Quero mais que vocês dois...
- Não quer não. - Falou Lexie. - Ainda agora falou que não vai me deixar morrer.
Daryl olhou ela e depois deu as costas, saindo da sala.
Lexie sorriu, mas no seu interior, aquela conversa arrasara com ela.