40 - Dor

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Ana abriu os olhos devagar. O corpo inteiro parecia doer. Estava deitada no chão. Ainda ouvia alguns gritos isolados, gente correndo, sirenes. A cabeça doía. Estava confusa. Alguém segurava sua mão. Viu as luzes de ambulâncias e de carros da polícia. Ouvia vozes, mas não conseguia distinguir o que diziam. Estava tonta e não conseguia lembrar-se direito do que havia acontecido. De repente, o hotel... Sim, estavam voltando ao hotel quando... Tudo voltou a sua mente de uma só vez. Ela imediatamente quis sentar-se, percebeu alguém a ajudando. Era Lídia.

– Ana? Você está bem? – a voz dela estava trêmula, tinha o rosto inchado e molhado. Ana olhou em volta. Havia gente chorando, pessoas no chão. Percebeu a ausência de Nick. Também não conseguia encontrar Thayla, Baylee e... AJ. Sentiu um aperto no peito. Sua roupa estava molhada... Era sangue!

– Alex? Onde ele está? Cadê a Thay? – a voz de Ana era quase inaudível. Lídia só conseguiu fazer uma careta e chorar. – Pelo amor de Deus, Lídia! O que houve? – aflita.

– Roger. – soluçando – Ele atirou em todo mundo. – Ana olhou fixamente para ela.

– Fala, Lídia! – gritando.

– Ah! Ana... – chorando descontroladamente.

Ana levantou-se tão rápido quando teve forças. Tornou a olhar ao redor. Olhou para o chão. Sangue. A mochila da Thay. A mochila da menina estava jogada no chão, suja de sangue. A bandana do Alex. Junto da mochila. Ana suspirou. Levantou a cabeça mais uma vez. Voltou a olhar a amiga e segurou-a pelos braços sacudindo-a.

– Cadê a minha filha? – gritando ainda mais.

~~~FLASHBACK~~~

– Nick! Cuidado! – gritou AJ.

Roger sacou as duas armas ao mesmo tempo. Nick voltou-se para o amigo... Quando Roger fez os primeiros disparos, Nick estava de costas, sequer percebera a ameaça. Roger disparou como um louco, tantas vezes quanto à munição das pistolas permitiu. Seus alvos: Nick e Ana. Ana percebeu o que Roger faria, assustou-se, mas fora abraçada e empurrada numa velocidade tal que caiu, batendo a cabeça na calçada, sem ver mais nada. Thayla virou-se de costas e abraçou Baylee com força. Buscou a mãe com os olhos, mas não a encontrou. Lídia jogou-se no chão, atrás da caixa de correio, tão rápido quanto pode. AJ só tinha uma coisa em mente, quando abraçou a Ana: protegê-la.

A polícia não tardou a chegar, mas Roger já havia esgotado sua munição. Quando viu os carros, jogou as armas no chão e levantou os braços. Foi imobilizado e algemado. Levado até a viatura.

– Samantha. – era tudo o que ele dizia, sem pausa.

Logo em seguida as ambulâncias chegaram. Três a princípio. Havia muita gente ferida. As pessoas ainda estavam em pânico! Muita gente chorando. Lídia levantou-se quando teve coragem para isso. Olhou ao redor. Não viu ninguém. Nem Nick, nem Ana e AJ, nem Thayla e Baylee. Começou a chorar. Estavam um tanto afastados do grupo maior de pessoas, para onde Nick havia ido. Olhou para o chão. Aos seus pés estava caída uma jovem loira, com os cabelos encharcados de sangue. Lídia sentiu o estômago virar.

– Aqui! – ela gritou, acenando para os paramédicos. Um jovem correu na direção dela.

– Temos mais feridos aqui. – gritou ele para o companheiro.

– Isso está um caos! Quantos? – ele ajoelhou-se. Lídia havia fechados os olhos.

– Três, quatro... – Lídia abriu os olhos, olhou para onde o jovem estava. Pode ver Ana. Não, ela não estava ferida, mas... Levou novamente as mãos ao rosto.

– Deus! – permaneceu com o rosto coberto por alguns instantes e em seguida, ajoelhou-se ao lado de Ana e acompanhou o trabalho dos paramédicos, atônita e incrédula. Sentou-se no chão segurando a mão de Ana.

Alguém como VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora