Sozinha, na sala escura, Ana pensou um pouco sobre tudo o que estava acontecendo. O conselho de Junior não lhe pareceu tão absurdo. Não conseguiria fazer aquilo por mais tempo. Talvez ele estivesse certo afinal. Talvez ela simplesmente devesse deixar as coisas como estavam. Suspirou. Dentro dela, um vazio enorme crescia. Precisava falar com alguém, antes de tomar qualquer atitude. Junior era a pessoa indicada. Próximo o bastante para conhecê-la. Distante o suficiente para ter uma visão mais ampla da situação.
AJ permaneceu sentado na cama por mais alguns minutos. O telefone ainda nas mãos e o olhar perdido. Precisava ter tranqüilidade. Seus pensamentos estavam confusos agora. Seria possível que houvesse se enganado tanto? Tivesse dedicado tanto amor e dedicação a alguém que o dispensaria na primeira oportunidade? Não! Aquilo não podia estar certo! Ana era diferente! Desde o princípio, sempre fora. Não podia começar a pensar coisas a partir de suspeitas e meras suposições. Estavam distantes um do outro e isso provocava sua mente e incitava pensamentos nada agradáveis. Deixou o telefone na mesa de cabeceira. Precisava dormir um pouco, esquecer. Quando fechou os olhos, percebeu que esquecer não era tarefa fácil.
Ana aproximou-se devagar da porta do quarto. A luz estava acesa, Junior ainda estava acordado. Suspirou profundamente antes de empurrar a porta e entrar. Ele estava deitado de costas, com os braços atrás da cabeça, parecia irritado, nervoso. Ela aproximou-se da cama e viu-o olhá-la seriamente. Ajoelhou no chão com os braços apoiados sobre a cama. Suspirou.
– Você falou sério? – ele desviou o olhar.
– Sobre o quê? – disse severamente.
– Sobre me odiar estando no lugar do Alex. – ele suspirou.
– Sim e repito, eu odiaria você! Está mentindo, enganando! Sei que tem milhares de motivos para isso, conheço cada um deles. Apenas não concordo com isso. – Ana sentou-se na cama.
– Você acha mesmo que eu não devo mais ligar para ele? – Junior sentou-se na cama e abraçou-a.
– Para continuar fazendo o que está fazendo agora? Acho sim! Você está atormentando-o. – ela suspirou. Deitou-se apoiada no braço dele.
– E quando eu voltar? -ele sorriu.
– Ana, você escolheu assim! Agora deve agir de acordo! Quando você voltar vai ter que sentar e conversar com ele, explicar como as coisas aconteceram. Você sabe... – ela suspirou.
Mas não conseguiria cortar bruscamente aquela ligação. Sabia que deveria se afastar. Sempre soubera. Era o que queria desde que voltara. Sempre soubera que as coisas ficariam complicadas. Agora ficava mais difícil. Se tivessem se separado lá, mesmo que tivessem brigado... Agora tudo ficava muito mais difícil.
Levou alguns dias para tomar a decisão que precisava. Nesses dias procurou não ligar para o namorado. Mas não deixou de fazê-lo, mesmo que ficasse menos tempo com ele ao telefone. Sempre muito vaga e distante. Quase uma semana pensando somente naquilo e no que seria certo a fazer. Numa manhã, enfim decidida, logo depois de tomar seu café da manhã, Ana ligou para Lídia.
Lídia ainda dormia quando o telefone tocou. Com a diferença de horários, o dia recém estava amanhecendo para ela. Justamente por ser tão cedo, antes mesmo de apanhar o telefone, soube quem era. Sentiu o coração disparar. Apanhou o telefone com as mãos trêmulas.
– Ana?
– Acordei você?
– Sim. Mas não há problema. Aconteceu alguma coisa?
– Não, quero dizer, nem sei por que liguei. – Lídia franziu a testa.
– Ana? Está tudo bem?
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Alguém como Você
FanficCONCLUÍDO Você acredita em amor à primeira vista? Amor eterno? Grandes sacrifícios por amor? Acredita no destino? Quando Ana Julia deixou o seu país, fugindo de um mundo que não a compreendia e não a aceitava, também não acreditava em nada disso. Ma...