Alguém como Você

45 - O tempo

Já fazia seis dias desde o atentado e ninguém sabia nada sobre Ana.

Samantha continuava em liberdade, aguardando o julgamento, marcado para dali a alguns meses. Soubera através do detetive do desaparecimento de Ana Julia e esperava apenas o momento certo para atacar. Estava certa de que agora, não teria mais contratempos. O homem a quem desejava seria seu e apenas seu.

AJ estava prestes a receber alta, mesmo apresentado constante febre e desconforto. O que foi classificado pelo psiquiatra como "unicamente emocional". E ele mesmo admitia, não estava se sentido bem, apenas por que sentia falta de Ana Julia, nada mais. Gostaria de reagir de outro modo, mas era inevitável, a dor da saudade que sentia era enorme, tão grande que se tornava física. Andava bastante calado naqueles dias. Quase não sorria, mas estava suportando bem tudo aquilo.

Marcy tentava não enlouquecer! Tinha Lídia novamente trabalhando ao seu lado e assim dividiam-se entre as visitas ao hospital, a organização no apartamento e os compromissos profissionais. Acabaram sendo forçadas a levar Kevin, Brian e Howie a darem entrevistas; apenas pelo telefone a princípio, era tempo demais para ficarem calados e havia ainda o vazio que Ana deixara. Era impossível agir como se tudo estivesse bem. Tudo estava caótico ao redor deles!

Brian tentava não perder seu próprio ritmo. Ia ao hospital todos os dias, sempre na companhia da namorada. Passava no hotel, onde Leighanne havia se hospedado, para ficar um tempo com Baylee ou simplesmente levá-lo para passar a noite. E tentava não arruinar o relacionamento que acabara de iniciar, procurando dispensar o máximo de atenção possível a Christina. Ainda respondia as perguntas dos repórteres pelo telefone, sem esquecer nem um minuto que Ana não estava li com eles. Entre uma coisa e outra, procurava não abater-se e orava.

Kevin continuava na função de acompanhante de AJ. Todos concordavam que não era prudente deixá-lo sozinho nenhum minuto sequer! Kevin era sua companhia em todas as horas. Apenas quando Denise estava com ele, Kevin deixava o quarto, ficava algum tempo com Lídia. Não muito, pois ela também tinha muito com o que se ocupar. Assim como Brian, ele ainda dava entrevistas. Procurava manter-se forte, mas sempre que encontrava Anne e seus aflitos olhos, sentia como se seu coração se partisse. E como todos, não conseguia esquecer-se de Ana.

Howie acompanhava o ritmo das coisas. Fazia companhia a Aaron que parecia mais e mais inconformado com a situação. Visitava AJ e Nick todos os dias. Procurava auxiliar Marcy, mais para distrair a mente que por qualquer outro motivo. Ainda havia as entrevistas e uma preocupação constante: a ausência de Ana!

Lídia estaria a ponto de enlouquecer, não fosse Marcy forçá-la a voltar ao trabalho. Assim, ao menos, por uma parte do dia, esquecia-se de seu inferno pessoal. Kevin tentava animá-la, mas parecia impossível. Mesmo a preocupação com a saúde e recuperação de Nick, não superava seu maior desespero: o sumiço de Ana! Sentia-se desamparada sem a amiga.

Nick evoluía lentamente. Kilmer dissera que ele estava fazendo progresso e se continuasse assim, em alguns dias respiraria sozinho. Aos poucos iam diminuindo a medicação para que ele pudesse acordar. Ele permanecia estável, com leves alterações uma vez ou outra. E Anne permanecia ao lado dele, o tempo inteiro. Apenas ia para seu apartamento, uma vez ao dia, pela manhã, enquanto Aaron ou a mãe ficava com Nick. Era quando tomava seu banho, trocava de roupa comia alguma coisa e tentava dormir por duas ou três horas, no máximo. Para então voltar ao hospital. Sempre segurando a mão dele firme e confiantemente.

Os fãs permaneceram em seus postos. Nem um pouco cansados ou abatidos. Repetiam lindas orações e seguiam cantando. À noite, acendiam suas velas e murmuravam canções. Todos os dias, milhares de flores eram recolhidas em frente ao portão do hospital. Cartas de apoio, poesias. Eles eram incansáveis, fiéis e tinham fé!