Contrato Assinado

Minha primeira chance

Uma entrevista de emprego!
A minha primeira desde que tudo aconteceu. Achei que minha vida nunca mais voltaria ao normal, e agora eu estava sendo convidada para uma entrevista de emprego em uma das maiores fábricas de Brasília.

Não esperava que fosse ser chamada tão depressa, e algo me dizia que Carla tinha algo haver com isso.

Resolvi mandar uma mensagem pra Estella contando a novidade.

- O que eu vou vestir? - me dei conta de que não havia planejado isso, nem nada.

Frida me olhou como se me julgasse.

- Eu sei que a entrevista ainda é amanhã Frida, mas acho que é o momento pra pensar sobre isso, afinal é de manhã.

Meu celular vibrou, mensagem da Estella.

Eu avisei que era seu, vai lá e arrasa =)

Mesmo sabendo que o emprego ainda não é de fato meu, estou otimista, mas é um tipo de otimismo diferente, não apenas pela sensação de que vou consegui-lo , mas é como se isso fosse mudar totalmente minha vida.

Só espero estar certa.

Mal o dia amanheceu, e lá estava eu correndo de um lado para o outro no apartamento, tentando não esquecer de nada.
Tomei café as pressas, um hábito que preciso mudar com urgência, peguei minha bolsa e me despedi de Frida, seu olhar parecia me desejar boa sorte e agradeci mentalmente.

Dei uma última olhada para Miguel no porta retrato e saí.

Dessa vez não foi como na anterior, fui levada pra uma espécie de sala de espera, e como havia imaginado haviam outras candidatas, todas pareciam ter a mesma faixa de idade que eu, todas muito bonitas, o mais curioso foi não ver nenhum homem, o anúncio não especificava gênero, mas aparentemente nenhum havia sido chamado.

Naquele momento fiquei um pouco nervosa, talvez porque minhas "adversárias" também pareciam bem confiantes e qualificadas.

Só havia uma vaga, e eu só precisava de uma.
Eu nunca vou saber se não tentar, pensei.

Com toda a correria, acabei nem pesquisando nada sobre a empresa ou sobre a suposta dona. E estava realmente rezando para que isso não fosse pauta na entrevista.

Afinal quem poderia ser aquela mulher, dona de um verdadeiro império de chocolates? Deve ser alguma senhora daquelas cheias de não - me - toque e que adoram se mostrar melhor que os outros.
Pode soar preconceituoso mas na minha cabeça, 90% dos grandes empresários de Brasília são assim.

Uma a uma as candidatas foram sendo chamadas, e quando minha vez se aproximava eu senti que meu coração ia saltar pela boca, podia senti-lo pulsar na minha garganta.

- Micaella Dias Araújo!

Sou eu! É a minha vez.

Achei que não teria forças sequer pra levantar, mas respirei fundo e entrei.

E la estava ela, Carla, pronta pra me entrevistar segurando uma caneta e com uma pilha de folhas nas mãos.

- Ah, é você! Bem vinda querida, fique a vontade.

- Obrigada!

Me sentei diante dela, dessa vez ela parecia bem mais séria, totalmente profissional e nem um pouco disposta a facilitar pra quem quer que fosse.

A entrevista durou cerca de meia hora com uma infinidade de perguntas, para quais por sorte, eu tinha resposta.

E me senti muito bem, confiante, como se estivesse em casa.

Saí de lá com o coração bem mais calmo do que quando entrei, sentindo novamente a sensação de otimismo me invadir.

Carla me disse pra ficar atenta ao celular, que entraria em contato muito em breve. Quando estava saindo ouvi duas mulheres que provavelmente trabalhavam ali, comentando algo sobre a dona da fábrica.

- Eu ouvi dizer que ela chega de viagem amanhã.

- Eu já imaginava, ela vai querer conhecer a nova secretária!

Por um lado ouvir aquilo foi bom, confirmou minhas suspeitas de que de fato se tratava de uma mulher, mas por outro, fiquei apreensiva.
Ganhar esse emprego não adiantará nada se ela não gostar de mim ou se decidir me infernizar como nos filmes, e eu nem sequer faço ideia de quem é ela.

- Por favor não seja uma senhora malvada! - sussurrei pra mim mesma.

Agora me resta torcer por duas coisas, que eu seja a escolhida, e que ela seja tão doce e amável quanto a minha avó.