Algumas suspeitas

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Contar a Estella tudo que havia acontecido naquele dia foi uma missão quase impossível, principalmente porque ela não parava quieta, andando de um lado a outro totalmente eufórica, e gesticulando sem parar.

- Vocês são tipo o casal do ano, sério! Muito perfeitas, shippo muito, precisamos de um nome pra esse shipp Micarta? Mirta? Martaella? Poxa que difícil... podemos pensar nisso depois.

- Não pira Estella! O fato dela ter admitido gostar de mim não muda que continua sendo complicado, ainda temos obstáculos.

- Eu sei, mas vamos pensar pelo lado positivo, você já sabe que é recíproco, isso é um grande avanço, né? Não acredito que nós finalmente estamos sendo exaltadas depois de tanta humilhação!

- Nós duas? Do que você tá falando? - franzi a sobrancelha quando ela segurou um sorriso - Estella Dias Araújo, tem alguma coisa que esqueceu de me contar?

- Eu... Meio que...o Renato e eu... A GENTE SE BEIJOU - gritou soltando afundando o rosto na almofada enquanto caia no sofá.

- É SÉRIO? - me permiti surtar também -  Mas como isso? Me conta tudoo!

- Foi na sala dele na R2 eventos, ele me chamou pra saber se  a mamãe e eu aceitavamos fazer o bolo e os doces pra festa de 15 anos que eles vão organizar na próxima semana, e ficamos conversando, e eu estava falando sobre como admirava ele e acabou rolando... Foi recíproco, mas até agora não consegui digerir, foi tão... Incrível, eu esperei tanto por isso!

- Eu sei, tô muito feliz por você, finalmente!! Mas e depois? Como ficou? O que aconteceu?

- Nada, quer dizer... A gente ficou se encarando mas o telefone dele tocou, parece que era um dos funcionários queriam saber algo sobre como eles iam decorar o evento de inauguração de uma loja hoje, e eu aproveitei pra sair de fininho.

- É bem a sua cara - nós rimos - mas e a amizade de vocês? Não te preocupa como vai ficar de agora em diante.

- Claro que sim, mas estou tentando não pensar nisso porque quero curtir o momento, achei que isso nunca fosse acontecer, depois de tantos anos gostando dele, acho que mereço uma comemoração.

- Claro, tem toda razão, estou feliz por você, de verdade, e isso merece uma cerveja, por minha conta!

- Agora sim! Você tá falando minha língua, nós somos merecedoras disso querida, e eu tenho certeza que você e Marta vão achar um caminho pra vocês! Tô torcendo por isso.

- E eu também, por você e pelo Renato, agora entendo o motivo de tanta alegria - sorri.

Compramos algumas cervejas e pelo ao menos durante aquele momento, conseguimos não nos preocupar com o futuro, com o que aconteceria depois, apenas aproveitamos o fato de que tínhamos conseguido algo, algo grande e significativo pra nós, e isso era muito visto tudo o que passamos, nós merecíamos isso. E foi fantástico.

...

Cheguei em casa naquele dia, sentindo que tinha tirado um peso de meus ombros, mesmo apavorada pelos meus sentimentos, eu sabia que havia feito a coisa certa, não é possível ter paz escondendo seus sentimentos por tanto tempo.

Assim que entrei em casa, foi como um banho de água fria sobre mim, ao encontrar Sergio parado com os braços cruzados me encarando de cima a baixo.

- Onde você estava até essa hora? Que eu saiba o horário de funcionamento da fábrica é até as 18, já olhou no relógio?

- Bem, pelo ao menos eu não dormi fora de casa - estreitei os olhos - tive um dia cheio Sérgio, se me der licença, vou tomar um banho e descansar.

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