Reações Imediatas

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Estava finalmente de volta em casa - não literalmente em minha casa já que minha mãe praticamente me obrigou a passar um dia com ela e Estella - mas era bom e reconfortante estar de volta ao lugar onde pertencia, perto de tudo que sempre conheci, e mais perto de Marta.

Mandei apenas uma mensagem pra ela pra avisar que havia chegado bem, não quis procurá-la naquele dia porque sabia bem que ela precisava de tempo pra se resolver com sua familia, com a mídia, e que devia estar cheia de problemas pra resolver, problemas esses que eu indiretamente ajudei a causar.

Passar aquele dia sendo mimada por minha mãe e Estella seria bom pra mim, porque eu sabia que teria dias difíceis a enfrentar pela frente, o primeiro deles era a notícia de que eu iria trabalhar de casa ao menos por um mês, organizaria a agenda, planilhas, tudo por home office, ao menos até que esquecessem um pouco tudo o que houve, era uma forma de Marta garantir a minha segurança, então aceitei sem questionar.

Mas ainda tinha aquele dia livre pra mim então aproveitei pra fazer algo que costumava fazer todos os mês e que ainda não havia tido tempo naquele; ir até o cemitério levar flores pra Miguel.

Eu sempre levava uma rosa vermelha à ele, todos os meses, e aproveitava pra ficar ali conversando com ele, como se ele pudesse me ouvir, gostava de acreditar que podia.

O cemitério era próxima a casa da minha mãe, e Estella me acompanhou, embora ela nunca ficasse muito tempo, sabia que eu gostava de conversar a sós com Miguel e então ficava dando voltas pelo cemitério, olhando os outros túmulos e cantando alguma canção que segundo ela era um "carinho pra suas almas".

Depositei a flor no vaso ao lado das que a minha ex sogra havia deixado lá, elas começavam a amarelar agora, mais ainda estavam bonitas.

- Oi, desculpa o sumiço.. Eu tive dias agitados, você deve saber, ou não... Não sei como as coisas funcionam aí, enfim, só passei pra dizer oi e pra saber que eu ainda me lembro de você, todo dia.

Acariciei sua foto e uma breve lágrima rolou meu rosto.

- Eu sei que iria dizer pra não chorar, me desculpa por isso é só... É que tudo soava mais simples quando você estava aqui ainda, eu tenho ficado tão perdida...Eu conheci alguém e ela é a pessoa mais incrível desse mundo, e eu só estou dizendo isso pra você porque sei que você me apoiaria a seguir em frente, só que é tudo tão complicado as vezes, entende?

Acendi uma vela colocando pra queimar na "capelinha" e fiquei encarando o fogo a consumir lentamente.

- Eu preciso de ajuda, um sinal, qualquer coisa que me mostre que não estou me precipitando, que estou no caminho certo... Só quero saber se vale a pena todo esse sacrifício, não que eu duvide dos meus sentimentos, eu só não quero acabar machucada mais uma vez, não quero ter que sentir dor como senti quando perdi você e se eu tenho esse direito... gostaria que esse sinal partisse de você!

Desviei o olhar da vela por um breve momento quando uma borboleta amarela veio me rodiar, pairando ao redor das flores e pousando sobre a flor que havia deixado ali há pouco.

Uma borboleta amarela.

E amarelo era sua cor favorita.

- Isso definitivamente é um sinal - sussurrei pra mim mesma - obrigada!

...

Recebi a mensagem de Micaella com um alívio por ela estar de volta em segurança, e em nome dessa segurança resolvi deixá-la trabalhando de casa até as coisas se acalmarem.

Já tinha falado com meus pais, meu advogado estava cuidando dos trâmites pra recorrer a decisão, e Vitória estava cuidando de investigar a vida do juiz, Micaella estava com a mãe, ou seja,quase tudo estava sob controle dentro do possível, mas ainda faltavam duas coisas importantes pra resolver, e que precisavam ser feitas com urgência.

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