Um passo mais perto

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Precisei de tempo pra assimilar o que Marta tinha acabado de dizer, meu coração começou a bater descompassado enquanto tentava inutilmente segurar as lágrimas.

- Você... o que? - eu disse tentando me convencer de que não estava sonhando

- Eu te amo Micaella... E você ouviu direito, eu preciso que você saiba disso
agora, porque se algo acontecer e se... se não pudermos mais ficar juntas, quero que saiba que eu amei você de verdade, e que isso foi real pra mim.

- Não diga isso - pedi - não quero imaginar um cenário onde nunca mais possa ficar com você...também é real pra mim, é uma das coisas mais verdadeiras e reais que já senti...

- Eu juro que vou fazer tudo que eu puder pra voltar pra você! - ela segurou minhas mãos.

- E eu juro que vou esperar você, e eu vou lutar muito por nós, o tempo todo, demore o tempo que demorar porque... porque eu também te amo Marta... mais do que achei que seria capaz.

Ela sorriu.

- Nenhuma palavra é capaz de expressar o quanto fico feliz em ouvir isso, queria que fosse em uma situação melhor, mas... não se preocupe, nós vamos encontrar um jeito.

- Sim, nós vamos - eu concordei.

Ela adormeceu, ainda colada a mim, e no dia seguinte se despediu com lágrimas nos olhos, e com uma imensa vontade de ficar, e eu também não queria deixá-la ir...mas eu precisava.

Me sentei no sofá, encarando o teto pensando sobre minha total incapacidade de realizar o que estava acontecendo, tudo ia bem demais, era de se esperar que a vida iria puxar meu tapete.

Mas nem tudo estava perdido, eu ainda era sua secretária e tecnicamente sua amiga, eu poderia continuar a vendo, mesmo que não pudesse tocá-la, só não sei se isso era um alívio ou uma tortura.

...

Deixar Micaella naquela manhã foi como deixar uma parte de mim pra trás, extremamente dolorido e difícil, mas necessário, pelo ao menos até as coisas se ajeitarem, não queria colocá-la no meio disso, e nem arriscar perder a guarda de Samuel.

Quando voltei finalmente pra minha casa, Sérgio já tinha saído, provavelmente havia ido de vez pra casa da outra, melhor assim.

Assim que entrei Henrique e Samuel estavam me esperando, prontos pra ir pra escola, Henrique estava sentado com os fones de ouvido e nem me viu entrar já Samuel veio correndo me abraçar, e como eu precisava daquele abraço.

Desabei, mesmo tentando me fazer de forte, era quase impossível diante dos últimos acontecimentos.

- Mamãe, porque você tá chorando? - ele perguntou.

- Por nada meu amor, eu só sentia falta de vocês - eu disse beijando sua bochecha.

- Eu também mamãe, mas eu não chorei, eu sou um menino grande - ele disse e eu sorri.

- Tem razão, você é meu rapazinho - beijei seu rosto novamente - vamos pra escola? mamãe vai levar vocês hoje.

- Pra onde o papai foi? - ele perguntou.

Suspirei.

- O papai foi resolver umas coisas do trabalho, porque não me esperam no carro hein? só vou me trocar e já vamos pode ser? - ele concordou.

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