Guerra fria

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Logo que amanheceu Estella veio me acordar, os raios de sol invadiam a janela do quarto, me levantei e após me trocar a acompanhei até a mesa onde a mãe de Renato, dona Laura colocava o café.

Renato e o pai levantaram cedo e foram pra cidade comprar algumas coisas que faltavam, então tomamos café com a doce e divertida companhia de sua mãe, ela era incrível, era quase impossível não sorrir com ela.

Tinha um tom grave na voz, aparentemente causado pelo cigarro, e conversava em tom alto, um astral incrível para uma manhã de domingo.

Tomamos café em clima descontraído, e logo que terminamos dona Laura sugeriu que fossemos tomar sol na varanda.

- O dia tá bonito demais pra vocês ficarem aqui olhando pra minha cara de velha cansada - falou.

- Você está muito bem dona Laura - Estella comentou - não acho que está velha, de verdade.

- Gentileza sua meu bem - ela sorriu - vamos lá, na idade de vocês eu tava no auge de aproveitar a juventude.

Nós sorrimos e então pedimos licença.
Ela tinha razão sobre o dia, então Estella e eu nos sentamos enquanto sentíamos o sol nos abraçar,era acolhedor.

- Como se sente? - ela quis saber.

- Melhor mas... Ainda acho que não deveria estar aqui, não vejo a hora de voltar.

- Porque? Não está gostando daqui? Os pais de Renato são um amor, e olha esse lugar.

- Não, não é isso, o lugar é perfeito, e eles são incríveis. É só que, Marta precisa de mim, não é justo deixar ela sozinha em uma situação que eu também participei, eu também sou em parte responsável por isso, e ela tá lá enfrentando tudo sozinha.

- Eu entendo, mas ela só queria te poupar. Entende que isso poderia te afetar em níveis maiores do que o nosso comtrole? Isso sem falar que, ela se sente mais segura se tiver a certeza que ninguém vai te fazer nenhum mal?

- É, eu entendo e só por isso aceitei, mas quem me garante que ninguém vai fazer mal à ela?

Estella assentiu em silêncio.

- Ainda bem que amanhã estamos de volta, preciso saber como ela está, pelo ao menos ficar do lado dela até isso passar.

- Então, sobre isso, não acha que é melhor ficar mais uns dois ou três dias? Você sabe? Só pra garantir que não vai haver nenhum transtorno, pra vocês duas.

- Nem pensar, olha eu agradeço demais por Renato ter nos deixado vir pra cá, e pela hospitalidade mas, eu preciso voltar, preciso ver a Marta, a Frida... Preciso encarar tudo de frente, me esconder só vai adiar isso.

- Você é quem sabe. - ela disse - vou avisar Vitória que voltamos amanhã, ela disse que precisa falar comigo, mas prefere me explicar pessoalmente.

- Espero que não seja outra encrenca - falei - Bem, se quiser pode ficar mais tempo, não precisa ir por minha causa.

- Tá maluca? Só estamos aqui por causa de você.

- É mas, eu tenho certeza que eles não se importariam se você quisesse ficar mais... Especialmente o Renato - dei uma cotovelada nela.

- Ei...pode parar - ela riu - não, eu preciso voltar, tenho que ajudar nossa mãe na confeitaria e além do mais, tô curiosa pra saber o que Vitória tanto precisa falar.

- E como vocês estão? Você e Renato, como se sente com tudo isso.

- Estamos bem, de um jeito que eu sempre sonhei eu acho - ela sorriu - mas, eu ainda sinto... Não sei talvez seja coisa da minha cabeça.

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