De volta a estaca zero

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Eu estava tomando a terceira ou quarta xícara de café, enquanto Marlene guardava algumas louças, foi então que ouvi o barulho do carro de Sérgio sendo estacionado, saltei da cadeira imediatamente e corri até a porta de entrada, para esperar por ele de braços cruzados e garantir que ele só entraria se eu deixasse e que isso ia depender da sua explicação

Assim que abriu a porta, ele me encarou e teve a audácia de sorrir, caminhou até mim e quando iria me beijar eu desviei o rosto bem a tempo, o repelindo com a mão.

- Onde você passou a noite Sérgio? - confrontei.

- Amor, eu posso explicar - disse.

- Ah eu espero que você possa, porque se não me falha a memória você disse que teve um imprevisto no trabalho e até aí tudo bem, só que quando eu cheguei do evento, aquele que você não pôde ir e eu tive que chamar a Micaella pra me acompanhar e esse não era o trabalho dela se lembra? Enfim, quando cheguei você não estava em casa,  e eu me deitei nesse maldito sofá te esperando e dormi aqui e tudo isso pra que? Pra ser acordada pela Marlene hoje de manhã e descobrir que você não dormiu em casa, então sim Sérgio, eu espero que você NO MÍNIMO, tenha a decência de me dizer onde passou a droga da noite.

- Primeiramente, me desculpe por arruinar sua noite... - lamentou.

- Você não arruinou, minha noite foi ótima APESAR de você - intimidei.

- nesse caso, agradeça a Micaella por te te feito companhia, diga a ela que depois mando uma recompensa pela generosidade.

- Não precisa se preocupar com isso, ela já foi recompensada - disse sendo discreta e acho que ele se convenceu que eu havia a recompensado em dinheiro - mas não fuja do assunto, vou perguntar só mais uma vez, onde você passou a noite?

Marlene passou por nós discretamente tentando não atrapalhar a conversa e acenou pra mim pra se despedir, acenei em agradecimento e me voltei a ele esperando uma resposta.

- Então, como eu te disse eu tive um imprevisto com um cliente fora do escritório, acontece que ele se envolveu em uma confusão e acabou sendo preso, como advogado eu tive que ir até lá cuidar da defesa dele, passei a noite na delegacia negociando a liberdade dele mas eles não queriam chegar a um acordo e ele acabou passando a noite na prisão, só agora pela manhã chegamos a um acordo e o delegado decidiu liberá-lo, eu não consegui explicar tudo pelo telefone porque estava correndo, e com tudo que aconteceu durante a madrugada não consegui pegar no celular pra te avisar, desculpe por te deixar preocupada.

Fazia sentido? Sim, mas mesmo assim eu sentia que tinha algo mal contado naquela história, talvez porque eu queria acreditar que aquilo não fosse verdade só pra me aliviar da culpa de estar o traindo, ou talvez de fato ele estivesse mentindo, o fato é que eu não tinha nenhum argumento válido pra acusar e diante da sua defesa, não havia outra saída a não ser acreditar.

- Não me importo que durma n trabalho, ou que desmarque compromissos, mas tente pelo ao menos mandar uma mensagem dizendo que está bem, sabe o quanto sou traumatizada com isso.

- Eu sei, você tem toda razão - concordou - não vai se repetir.

- Eu pensei que tivesse dormindo com alguma cliente - plantei a indireta.

- Não seja maluca - ele riu - eu nunca faria isso, sou um bom profissional e além disso, sabe que você é a única mulher na minha vida - me beijou e finalmente entrou.

Ele poderia estar fingindo, ele é um advogado e advogados mentem o tempo todo; ou talvez eu estivesse mesmo paranoica.

- Onde vai? - perguntei enquanto ele subia as escadas.

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