minha única incerteza

494 49 35
                                    


- VOCÊ O QUE?? - Estella berrou ao telefone tão alto que sua voz ecoou no banheiro aonde estava escondida a quase meia hora.

- Isso mesmo que você entendeu...O que eu faço agora Estella? Eu não sei com que cara vou encarar ela depois disso, ela vai me demitir, eu tenho certeza!

- Você só pode ter ficado maluca!!! Qual a parte do "não coloque tudo a perder" não ficou clara pra você?

- Eu sei! Não me faz sentir mais idiota do que já tô me sentindo.

- E o que vai fazer agora?

- Eu não sei, estou na esperança que você saiba por isso estamos conversando, ou acha que estou nessa ligação só pra ouvir seu sermão?

- Seria o mínimo, e agradeça por não poder atravessar esse celular porque se pudesse, você já estaria sem ao menos três dentes.

- ME AJUDA!! - implorei.

- Não há muito o que fazer agora, acho que a melhor opção é encará-la e esperar pelo pior, o que não é nada comparado à burrice que você já cometeu.

- Eu me odeio - praguejei - estava tudo indo tão bem, porque eu sou assim?

- Não tenho a resposta à essa pergunta, mas se descobrir por favor me explique.

- Não está ajudando sabia?

- Você se colocou nessa situação, você é quem deve se retirar!!

- Tem razão - suspirei por fim - me deseje sorte.

- Boa sorte, espero que sobreviva para que eu possa te matar com minhas próprias mãos.

- Eu também espero!

Quando desliguei, minhas mãos estavam trêmulas, o suor gelado descendo pelo meu rosto, enquanto eu tomava coragem para abrir a porta.

Suspirei e fechei os olhos, saindo lentamente do banheiro como se estivesse prestes à encarar um monstro.

Lá estava ela, parada a poucos passos da porta, conversando com Carla, quando pousou seus olhos sobre mim senti vontade de voltar pra dentro do banheiro e só sair de lá em 50 anos, mas minhas pernas estavam bambas demais para fazê-lo.

Ela permaneceu me olhando com um olhar indecifrável e eu tomei coragem pra caminhar em direção a ela, mesmo sentindo o sangue se esvair do meu corpo, e tenho certeza que se olhasse em um espelho, estaria tão branca quanto um vampiro da saga crepúsculo.

Ela parou a conversa e se dirigiu à mim.

- Micaella! Até que enfim te encontrei, pensei que tivesse sido sequestrada - ela riu.

- Ah..Me desculpe eu... Achei melhor voltar na frente, pra adiantar o trabalho.

- Tudo bem, só fiquei preocupada poderia ter me avisado.

- Lamento, não vai se repetir - falei já esperando pelo discurso de demissão, mas ele não veio.

- Não se preocupe, já que está aqui, quero que ligue para meu dermatologista e diga a ele para remarcar a consulta para daqui há 15 dias.

- Tudo bem, vou fazer isso agora mesmo, precisa de mais alguma coisa?

- Só isso querida, obrigada pela atenção.

E a conversa se encerrou ali, enquanto caminhava de volta a minha mesa, meu coração era uma mistura de alívio e palpitação, ela não me dispensou, nem sequer mencionou o ocorrido, mas o que isso queria dizer? se é que queria dizer alguma coisa.

Me sentei e tentei me concentrar novamente em meu trabalho, embora fosse quase impossível, haja vista todos os últimos acontecimentos.

Ao menos o pior já havia passado, minha atitude mesmo sendo totalmente anti profissional, não me condenou dessa vez, pra minha sorte.

Contrato AssinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora