o outro lado da história

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Como se fosse planejado os dias passaram voando, a reunião de Marta com o tal empresário foi muito produtiva, e ficou acertado que viajariamos no dia seguinte.

Enquanto arrumava as malas, não conseguia pensar em nada além do esforço que eu teria de fazer pra passar horas naquele voo sem surtar ao lado dela, minha única vontade era mergulhar naquela mala e desaparecer.

Quando tudo estava finalmente pronto fui me encontrar com Marta na porta da fábrica, de lá iríamos pegar o voo e, se tudo desse certo, em cerca de três ou quatro horas estaríamos em Salvador.

Estella me encheu de mil e um conselhos e sermões antes de eu sair, ela queria ter certeza de que eu não faria nada que colocasse em risco meu emprego. Deixei Frida sobre a responsabilidade dela até retornar, eu nunca havia ficado longe da minha gata por mais de um dia.

Quando o motorista do aplicativo parou na porta da fábrica, logo que saltei do carro após ele me ajudar com a mala, tive um princípio de ataque cardíaco ao ver Marta vindo em minha direção, ela parecia mais bonita a cada segundo que caminhava, o blazer preto sobre blusa branca de manga comprida a deixava com um ar de executiva milionária, e a calça também preta valorizava suas curvas, não fosse pelo tênis de passeio, poderia jurar que ela estava indo à uma reunião importante de negócios.

- Bom dia Micaella! Está animada?

- Bom dia - sorri nervosa - bastante, é a primeira vez que faço uma viagem assim.

- Espero que goste da experiência, vamos? Quero chegar o mais cedo o possível.

Assenti e entramos em outro carro, esse dirigido por um senhor que aparentemente era o novo motorista particular da família, desde o incidente com Samuel perdido na fábrica eu nunca mais vi o antigo.

Fomos em silêncio boa parte do trajeto, ela estava concetrada no celular, respondendo centenas de mensagens, com áudios e áudios.

- Já estamos quase chegando, você tem medo de altura? - ela questionou.

- Não, pelo ao menos não até hoje - sorri.

- Já voou antes, ou é sua primeira vez?

- É a primeira vez, mas não estou com medo, um pouco de ansiedade eu diria.

- Fique tranquila, é totalmente seguro, e você se acostuma logo nos primeiros minutos.

Assenti tentando evitar olhar muito pra ela, e torcendo para que ela não percebesse, a verdade é que não era voar que me apavorava, era voar ao lado dela.

Descemos no aeroporto, e então caminhamos para o outro lado, até chegarmos à uma área reservada, onde haviam apenas três jatos particulares.

Minha expressão era de pura confusão até ela comprimentar o que julguei ser o piloto de um deles.

- Como vai, tudo certo? Podemos embarcar? - ele questionou.

- Tudo pronto, mas antes quero que conheça minha secretária Micaella, ela vai me acompanhar, Micaella esse é o Alan, meu piloto de confiança há anos, nossa família só viaja com ele desde que ele passou a trabalhar com jatinhos.

- É um prazer conhecê-la, eu garanto que será uma viagem segura - ele disse me cumprimentando.

- o prazer é meu - foi tudo que consegui responder porque ainda estava incrédula olhando para o jatinho diante de nós.

Estella costuma dizer que, se queremos saber quanto de dinheiro uma pessoa tem basta olhar suas joias ou sua casa. Bem, eu nunca havia visto a casa de Marta, e ela também não costumava usar joias, mesmo assim sabia que ela tinha muito dinheiro devido a fábrica e aos carros, mas nunca tive noção do quanto até ver aquele jatinho diante de nós, só ali percebi que ela tinha muito, muito dinheiro.

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