Caminhando ao abismo

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TW: ESSE CAPÍTULO PODE CONTER GATILHOS PARA PESSOAS QUE SOFREM COM CRISES DE ANSIEDADE

Com toda a correria na vida de Marta, o processo de guarda, a divisão dos bens, quase não sobrava tempo para que ela cuidasse dos assuntos da fábrica, o que acabava ficando sob responsabilidade de Carla e minha também.

Estávamos sobrecarregadas e exaustas, eram ligações, reuniões, centenas de perguntas, visitas, gente entrando e saindo. Tudo isso somado ao fato de que eu estava constantemente preocupada com Marta, e com medo de que alguém descobrisse sobre nós e ela acabasse por perder a guarda de Samuel; o resultado disso? uma crise horrível que nunca imaginei passar.

Era cerca de 10 da manhã quando tudo começou, estava muito cansada por ter trabalhado até tarde no dia anterior, tive uma péssima noite de sono, Marta sempre me dizia que eu poderia tirar algumas horas pra descansar, que Carla e eu podíamos nos revezar nas responsabilidades para que conseguíssemos descansar mas, era trabalho demais e além do mais, nós duas queríamos fazer tudo pra que ela não tivesse que se preocupar com mais alguma coisa.

Enfim, voltando ao episódio, estava organizando a planilha de gastos da semana quando comecei a sentir algumas palpitações, de início ignorei até que foram aumentando gradativamente, tentei não me atentar a isso afinal eu nunca tive nenhum problema cardíaco, ou será que tinha?

Tentei espantar aquele pensamento mas tudo que consegui foi piorar as coisas, uma sensação de sufocamento começou a surgir, como se meus pulmões estivessem parando de funcionar, era quase como se estivesse presa em uma camara de gás.

Fechei os olhos e tentei recuperar o fôlego, mas já não conseguia mais manter meus pensamentos em nada além dos sintomas que pareciam crescer

"Eu estou tendo um infarto?" pensei, "mal súbito talvez?" e então cometi o pior dos erros que alguém nessa situação pode cometer, peguei meu celular e entrei no Google buscando por sintomas de infarto... Foi o suficiente pra me tirar do controle total, em segundos minhas mãos começaram a suar frio, um arrepio gelado começou a correr minha espinha, tremores tomaram conta dos meus membros, uma sensação de desmaio, olhos lacrimejando que terminaram em um choro desesperado que só aumentou a falta de ar e os batimentos acelerados.

Não conseguia me mexer, precisava de água, precisava ir embora, precisava de um médico... E não conseguia verbalizar nada.

Pra minha sorte Carla passou por ali e me viu chorando, assustada, sem ar.

- Micaella? O que aconteceu? Você está bem?

- Eu... - tentei juntar fôlego pra responder - acho que estou morrendo..

- Aí meu Deus o que aconteceu? - ela correu pra me acudir - o que está sentindo?

- Meu coração... Meu ar... Eu preciso de um médico.

- Ei, olhe pra mim - ela disse - tudo bem vamos levar você, vai ficar tudo bem - ela segurou em minhas mãos - Anderson!

Ela gritou por um dos seguranças que imediatamente veio até nós.

- Sim!

- Por favor, você pode levar Micaella ao médico? Ela não está se sentindo bem e eu não posso sair agora, alguém precisa cuidar disso aqui.

- Claro, vamos lá - ele me segurou me ajudando a me levantar.

- Micaella querida, tem alguém que eu possa ligar pra ir ao seu encontro?

- Estella... - foi tudo que consegui dizer enquanto entregava o celular nas mãos dela.

Em alguns minutos ela estava atrás de nós falando ao telefone.

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