o aroma da esperança

203 22 4
                                    


- Posso entrar? - ele perguntou sorrindo tímido.

- Mas é claro, claro que pode meu amor, essa casa é sua - eu disse o puxando pra dentro - Eu tô muito feliz de te ver, como vai? tá tudo bem?

- Tá, tá sim é que... Eu precisava falar com você, sobre o Samuel.

- Ah ele estava aqui, se tivesse chegado um pouco antes teria visto ele - expliquei - mas o que você queria falar?

- Tem alguma coisa errada acontecendo lá na casa do Sérgio, ele tinha me dito que eu podia visitar meu irmão quando eu quisesse mas, eu fui lá no começo da semana e ele me disse que o Samuel não tava em casa.

- E você acha que ele estava? - perguntei.

- Eu não sei, mas você sabe, o Samuel nunca saia sem você ou o pai dele - observou - e o mais estranho é que eu tentei ligar no outro dia pra falar com ele e o Sérgio atendeu e disse que ele não estava lá denovo, mas eu ouvi a voz dele no fundo.

- Tem certeza que era a voz dele?

- ERA a voz do Samuel! Eu conheço a voz do meu irmão - disse convicto - eu disse pra ele que tava ouvindo a voz dele e ele desligou, e depois disso nunca mais me atendeu, e eu não consigo ver meu irmão, como ele tá?

- Olha Henrique, eu não vou mentir, também estou muito preocupada com o seu irmão, ele está magro, e hoje enquanto o trocava eu notei um arranhão nas costas dele que... eu nem quero pensar nisso - falei engasgada - eu falei com a conselheira e com meu advogado sobre isso mas, sem provas e sem Samuel acusar alguém, não há nada que eles possam fazer por enquanto.

- Agora eu entendo você ter se divorciado, Sérgio é um monstro - ele disse - meu tio conversou muito comigo, ele disse que você não estava bem por causa de tudo que esse homem fez, e falou sobre uma tal divida dos pais dele que ele esperava que você pagasse.. eu sinto muito.

- É, não está sendo nada fácil, mas eu sinceramente não me importaria em dar todo o dinheiro do mundo se pudesse ter seu irmão de volta - falei - eu não consigo parar de pensar nele lá, com aquela desconhecida.

- Eu sei, nem eu - falou - eu li sua entrevista naquela revista - contou.

- Você leu? - perguntei surpresa - e o que  achou?

- Você foi sincera, e eu me orgulho disso - falou - e me desculpe pela forma que te tratei, e por abandonar você, a senhora já passou por muita coisa... E, eu entendo que você goste da Micaella, e tá tudo bem pra mim, eu vou me acostumar.

- Fala sério? - eu não podia acreditar.

- Sim - ele assentiu - e se você aceitar, eu quero voltar a morar aqui.

- É claro que eu aceito, meu amor nada me faria mais feliz - eu sorri e o abracei - eu sinto tanto sua falta, essa casa é tão vazia sem você e seu irmão, e eu desculpo você, aliás... me desculpe pela forma que as coisas aconteceram, muita coisa fugiu do meu controle mas, eu prometo que agora vai ser diferente, e eu vou trazer seu irmão de volta.

- Tudo bem, pode contar comigo mãe - ele disse.

- Senti tanta falta de ouvir você me chamando assim - eu sorri.

- Você é uma ótima mãe, desculpa por não reconhecer isso as vezes.

- Eu fico muito feliz em ouvir isso, eu te amo muito meu filho.

- Também te amo mãe.

Aquela era a primeira grande vitória que tive desde que toda aquela guerra começou, ter meu filho de volta nos meus braços me deu forças e esperança pra lutar pelo meu outro filho.
As coisas podiam estar difíceis ainda mas não estavam perdidas, e definitivamente eu já tinha tido dias piores, e agora estavam no passado.
O sentimento de que eu ia vencer agora soava mais como certeza, e era o melhor sentimento que uma mãe pode sentir.

Contrato AssinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora