Minha mãe deixou uma lista gigantesca de afazeres que nem um pergaminho destes de história de deuses gregos.
Lista de tarefas diárias:
1. Dar banho na Lanna.
2. Aparar a relva do jardim.
3. Limpar os vidros da sala.
4. Separar as roupas de cor das brancas.
5. Pagar as contas de internet e comprar ração pra à Lanna ( sem gorduras).
Fico me preocupando pôs sozinho, fazendo cálculos por onde devo começar a fazer a arrumação pela manhã, fica difícil fazer mais de quinze tarefas pesadas em 6 horas sem grandes ajudas.
Quando a Maya chega em casa, eu já estou fazendo metade do trabalho diário.
Ela só cuida da limpeza dos banheiros e da arrumação das louças, por hoje.
Ainda de pijama arco-íris, vou até ao meu quarto fazendo nada, tipo, nada mesmo.
Com um donut de chocolate e um sumo de maracujá, vou até a minha escrivaninha e sento na minha cadeira giratória.
Tenho um monte de lição de casa pra fazer e um bloco de notas cheios com anotações de futuros cursos a seguir na universidade.
Mas acabo escolhendo não tocar em nada.
Fico olhando para o teto pensando em tudo que poderia viver com Raphael, se eu tivesse mais sorte com o amor.
Preciso mais uma vez alimentar meus puros desejos por eles.
Luto intensamente para resistir à tentação de ir vigiar as redes sociais dele, pela quinta vez só nesta semana.
A quem estou querendo enganar?
Eu gosto dele e tudo que diz respeito à ele move com todos os meus sentimentos.
Quando olho suas redes sociais, no Twitter, de eleição, vejo que fez uns tantos post's de
carácter pessoais, não tão revelador.
Uns ele só assume que está ansioso pra ir a Iowa, pra jogar por Well School, apurar a equipe nas finais inter-colegiais.
Brinca com o facto de sentir medo de não conseguir encestar se quer uma bola, como se fosse possível.
E logo, em seguida, anuncia que estará em directo numa live, com toda a equipe de basquetebol, ainda hoje.
Conto as horas até 15:30 quando se faltam uns 11 minutos para a live começar lá no perfil do Instagram do clube da escola.— Jonathan! Maya bate à porta do meu quarto. — Posso entrar?
— Sim, alguma coisa? Olho para ela e olho em seguida para o ecrã do telefone.
— É suposto à vossa cadela comer ratos?
— Não... Olho fixo para o ecrã, esperando a live começar. Faltam 2 minutos.
— É que eu encontrei à Lanna, comendo dois filhotes de rato no jardim. Afirma ela meio preocupada.
— O quê? Viro a cadeira e me levanto às pressas. — Sério mesmo? Tremelico.
— Sim. — O quê vamos fazer? Fala tensa naquele sotaque argentino, engraçado.
— Bem, ela já comeu mesmo... então, é só esperar ela vomitar, não?
Faltam 30 segundos, pra live.
— Como? — Precisamos ir para o veterinário, agora! — Eu vou ligar para a sua mãe. Ela procura o telefone dela em seu avental branco.
— Ela viajou, esqueceu? — O número dela não funciona lá, na Grécia, acho eu.
— Eu tenho receio. Mordisca o lábio inferior numa agonia.
— É mesmo necessário ir ao veterinário? Perguntei, me sentando, e a live inicia.
— Devemos sim, Jonathan!
— O que ela comeu mesmo? Perguntei.
Olho para tela e vejo Efraim abrindo a live.
— Ratos selvagens. Ela responde alto.
— É preocupante. Suspiro.
— Os ratos são venenos? Ela ri, lerda para mim, buscando apoio.
— Não sei. Não à enxergo.
— Eu acho, não é? — Eu vou a procura dela e já volto, ok? Maya me olha mas eu não consigo dar a devida atenção pra ela.Ouço à porta bater, quando o Efraim está a falar juntamente com uns seis colegas e não vejo Raphael entre eles ainda.
Todos estão vestindo um uniforme verde e branco novo, sentados em cadeiras altas.
Já somos mais de 12 mil pessoas assistindo à live e há um riacho de mensagens que já estão à ser enviadas.
Algumas apoiam o clube, outros elogiam os uniformes novos dos rapazes e há quem até pede pra tirar uma fotografia com Efraim.
Não fazia ideia que um time minúsculo de basquetebol de Well School fosse popular e aclamado pelo público.
Nos primeiros 5 minutos eles só riem e se mexem demasiado, como se eles nunca tivessem feito uma live pra o público.
Todos meios desajeitado, até Jaciel parece uma criança aparecendo pela primeira vez na televisão. Já Malagueta não para de rir e cutucar o colega de time a sua esquerda.
Efraim fala sobre o jogo de amanhã e que como sempre, será o capitão da equipe e fará de tudo para levar o clube a vitória, no dia de amanhã.
Segundo o capitão, estão reservados dois autocarros particulares para levarem todos os jogadores e a equipe técnica do clube e algumas pessoas que queiram ir apoiar presencialmente a equipe lá em Iowa.
Ela até sugere que vão apenas garotas para depois, fazer acontecer no final do jogo.
Quando alguns de dois rapazes fogem da live, vejo Raphael entrar finalmente, saindo do lado esquerdo, do que suponho ser o balneário masculino do ginásio, na escola.
Ele não parece nem um pouco intimidado e envergonhado por ser visto por quase 15 mil pessoas em toda cidade.
Raphael na live não perdeu seu encanto, mesmo eu preferindo a imagem dele física do que a virtual embaçada.
Com uma camiseta preta, gola V, e calção curto de treino verde com listas brancas.
Estou apreciando partes de seu corpo sem me sentir apreensivo em ser flagrado por alguém, já que estou sozinho, no quarto.
Tantas veias, músculos e pele, muita pele exposta e vejo que ele é bastante peludo.
Raphael rouba a cena só pra ele mais uma vez, já que começa a surgir um monte de comentários durante a live pedindo que o Raphael fale alguma coisa também, mesmo que for o que todo mundo já sabe.
Que haverá jogo amanhã em Iowa.
A maioria dos comentários são de garotas que algumas reconheço rápido pelo arroba.
Sinto uma ardência de ciúmes no peito pôs não sou corajoso o suficiente para escrever algo semelhante ao que todas as garotas escrevem nos comentários.
Raphael tira a camiseta!! Assim diz um dos comentários na live, que é escrito por uma garota, não estranha, acho que já vi este arroba antes. @Sophie_Alvez12.
É a Sophia, a britânica nerd, da escola.
Não sei se ela é inofensiva, já que surgiu uns rumores, de que ela gosta muitíssimo de atrair os rapazes em casos de estatística.
Tipo, ela chama os rapazes para resolver um caso matemático e depois juntos, começam a ter um caso amoroso, sexual, sei lá o quê...
Ver apenas comentários femininos deixa-me um quanto inseguro, uma vez que a orientação sexual do Raphael ainda é uma incógnita para mim, mesmo ele parecendo um rapaz heterossexual padrão.
Até porquê o conceito torpe de que gays só vestem rosa e roupas unissex e que odeiam desportos é ridículo e ultrapassado.
Algum tempo atrás era muito rotulado as características físicas e comportamentais de pessoais homossexuais. Mas hoje, não.
E me admira tanto que em pleno século 21, da geração globalizada, ainda ouvir caras dizendo que gays estão tentando ser como as mulheres, que só é realmente gay quem coloca maquiagem, anda de pulso curvado e canta e dança as músicas de Lady Gaga.
Tenho até agonia de gente retrógrada, não destas que acredita que à terra é plana mas destas que acha que pode rotular as pessoas com base no preconceito e achismos.
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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...