Capítulo 24🌈

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E Raphael lê:
"Seus olhos são da cor do pôr-do-sol,
E os seus lábios frescos como mentol...
Já seu corpo, reluz feito um farol."
Mas logo vem à parte nova que desconheço e que ele acrescentou:
" Quando estamos juntos meus medos somem
e a cada dia me torno num melhor homem...
E ao seu lado meus sentimentos nunca morrem."
Aplaudo de alegria soltando o mais lindo e verdadeiro sorriso que posso oferecer.
Suas bochechas enrubescem demostrando sua timidez após declamar algo tão perfeito e profundo, que obviamente reflete a sua verdade dentro do seu coração.
Quero acreditar que fui sua inspiração pra ter escrito algo apaixonadamente lindo.
Mas seria de todo bobo da minha parte por achar que Raphael, aparentemente hetero, tolerante até certo ponto, iria me descrever.
Ainda que ele seja gay não sei poderia, à ele, despertar um interesse amoroso.

— Você gostou? Ele pergunta-me após de aplaudir a si.
— Sim. Respondi emocionado. — É uma obra poética.
— Não exagera. Ele ri sem graça.
— Foi profundo, intenso e poderoso. Falo em meios procurando palavras certas.
— Concordo. — Realmente é profundo.
— Tens tantos medos assim? Olho pra ele fixamente para ver a verdade escondida.
— Alguns, das quais não importam agora.
— Se quer saber... eu também tenho alguns medos. Sussurro para ele, secretamente.
— Sério? Ele parece atento. — Fale!
— Ficar sozinho. — Tenho pavor de estar sem alguém. Falo friamente.
— Você nunca estará sozinho. Ele trava em um segundo. — Você tem a sua família.
Ele não entendeu o real sentido.
O verdadeiro significado do sem ninguém.
— Sim, verdade. — Mas...
Penso no quão vulnerável estarei se o esclarecer as coisas. Então, desisti rápido.
— ...Mas o quê? Ele espera atento que eu termine o raciocínio.
— Deixe para lá. Falo olhando para o céu que escurece em estrelas.

Não está escuro por cá.
O saguão é cheio de luzes fluorescentes.
— Entendo. Ele coça o queixo, numa aura meio decepcionado.
— Para quem foi o poema? Perguntei sem rodeios.
— O quê escrevi? Ele parece perceber bem o quê perguntei.
— Sim. Confirmo.
— Pra alguém, mas deixa pra lá. Ele fuça o rosto para o chão.

Ele hesita em segundos e usa a mesma ou minha tática de fugir do assunto.
Ó usual "deixa pra lá" nunca foi tão tedioso de ouvir como agora, na voz do Raphael.
Quero mais, devo saber quem é a pessoa que o faz ser um melhor homem todos os dias quando estão perto e que deixá-o sem qualquer medo. Deve ser alguém especial, de fato.

— Raphael, você está gostando de alguém?

Ele rapidamente levanta o rosto do chão e olha para mim meio incrédulo.
Talvez eu não devesse ser tão impetuoso e atrevido, uma vez que é óbvio que ele não quer falar sobre este assunto.
Não vou mais cavar fundo sobre isso.
Talvez porquê não quero parecer invasivo ou talvez, porque tenho medo de me iludir e acabar me decepcionando por não ser eu a quem ele está certamente gostando.
Quando ele mexe no bolso, sei que não irá responder à minha pergunta.
Vasculhando em seu bolso esquerdo ele tira um papel pequeno. Penso rapidamente que aí poderia estar o nome de quem ele gosta, que escreveu aí o nome da pessoa que o faz ser um homem melhor todos os dias para não esquecer nunca dos seus sentimentos.
Talvez seja uma mulher ou um homem, eu realmente não acredito em mim mesmo.
Pode não ser nada disso.
Odeio estar numa situação tão vulnerável.

— Quando saíste da minha casa, naquele dia, você deixou cair isso, quando sacudiu a sua mochila... Ele para vendo meu rosto.
Não pode ser! Raphael viu, leu e sabe.
Ele encontrou o meu papel, com meu poema.
Estou literalmente em choque, acho que eu vou dar um ataque cardíaco se adrenalina subir absurdamente.
Mas como não subir? Em uma situação destas, não pode me entender, não é?
Era tudo que eu não precisava por agora.
Mas coisas por se dizer.
Se eu fosse você, beijaria homens. Ele sabe, tenho certeza que sabe sobre mim.

Se Eu Fosse VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora