A continuidade do meu dia hoje é difícil de explicar detalhadamente.
Pôs nunca estive em uma situação tão triste e dolorosa em toda minha vida.
Fui embora logo que Raphael disse aquelas palavras chocantes para mim.
Na verdade, não sei o quê eu disse pra ele, ou se simplesmente fui embora chorando.
É complicado descrever a sensação de ver o seu coração se quebrar em mil pedaços, e, é assim que estou me a me sentir, estilhaçado por dentro.
Eu sempre achei que fosse forte o suficiente para aguentar qualquer coisa.
Desde o preconceito, rejeição, ou desapego, mas nunca tinha incluído términos na lista de coisas que supostamente supero fácil.
Já se fez 2 horas desde que já não sou mais o namorado de Raphael.
Ganhei o título indesejável de "ex".
Agora nem eu mais sei o que serei para ele daqui para frente.
Quando chego à casa, desvio à atenção de minha mãe que está na sala vendo televisão passo por ela sorrateiramente e vou logo e diretamente para meu quarto.
Não quero que ela me vê neste estado de tamanha melancolia e abatimento interno.
Minha caixa de mensagens está cheia, tem enumeras de Ranger, Sophia e Olívia mas se quer alguma de Raphael.
E isso me afunda cada vez mais na tristeza.
Parece que ainda não cai na real que tudo entre nós os dois acabou mesmo.
E eu que estava achando por minutos que ele iria reconsiderar sua atitude e pedir pra voltar e ficarmos juntos, contra o quê vier.
Mas não. Não é assim que está sendo.
A minha vida não é um conto romântico.
E cá entre nós, estava tudo muito perfeito, que estava óbvio que qualquer peça fora do lugar iria afectar drasticamente nós os dois.
Quando tento me ajeitar entre o edredom, ouço a porta do meu quarto tocar e logo, a maçaneta da porta enrosca, e pela voz doce e a sombra no corredor, sei que é só minha mãe tentando conversar;
Talvez sobre o feto de 3 semanas.— Não vás descer pra jantar? Ela diz assim que entra, acendendo a lâmpada.
— Mãe, por favor... apague a luz. Fujo à luz, entrando dentro dos lençóis. — E não estou com fome, obrigado!
— Fiz peixe ao forno e batatas cozidas! Ela anuncia ao se aproximar da cama.
Estou mesmo sem apetite.
Porque ela acha que comida vai me fazer mudar de ideia?
— De verdade, eu não quero. Falei ainda dentro dos lençóis. — Estou bem aqui, só me deixa descansar, mãe.
— O quê Jonathan? Ela me cutuca.
— Nada, não... Minha voz sai meio roca e abafada pelos tecidos de algodão do lençol.
— Como assim? Ela ri ao puxar o lençol ao me tirar do meu casulo. — Você mal desceu para comer hoje...
— Eu sei, só não estou... Escondo o meu rosto humedecido de lágrimas.
— Jonathan, o quê está acontecendo? Ela pergunta num tom de voz assustado.
Ela se achega a mim e senta-se na beira da cama, meio atenciosamente.
— Ah, mãe... não há nada! Soluço e tento me disfarçar a tristeza.
— Como nada? Você está chorando! Ela fala desesperada ao olhar pra o meu rosto.
— Talvez, mas já passou... Me sento na cama e enxugo as lágrimas.
— Isso não tem haver com seu pai? Tem?
Abano à cabeça em resposta.
E ela profundamente entende tudo.
Não é fácil mentir pra quem nos conhece a vida toda. Ainda mais pra uma mãe.
— O quê há? Alguém morreu? Me conta por favor, Jonathan.
— Ninguém, extremamente. Respondo estridente, contendo mais lágrimas.
E há um silêncio total.
Apenas ouço minha resposta fundo e meus dentes batendo um no outro.
— É o Raphael, não é? — É claro que é!E no mesmo instante olho pra ela e aí eu só confirmo com um falso sorriso penoso.
E aí, a mãe entende perfeitamente tudo.
Nunca tinha percebido o quão a voz dela é terapêutica.
E o quão o abraço dela é forte.
É um abraço de mãe ursa. Ela te puxa forte e te ajeita no seu colo, se encolhe e te beija a testa, e neste caso, a minha testa.
Caio em prantos e soluços fônicos.
E neste instante, a minha mãe me conforta com palavras do tipo:
"Está tudo bem, eu estou aqui, Jonathan".
"A vida é assim mesmo. Seja forte, por ti".
"Eu te amo muito, meu filho".
E percebo que não há outro consolo maior e melhor que de uma mãe verdadeira.
Há uma minimizada em meus sentimentos melancólicos e depressivos, por agora.
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Se Eu Fosse Você
RomansaJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...