Se Eu Fosse Você

Capítulo 31🌈

Quando o tempo lá fora começa a ficar ainda mais frio, somos obrigados a sair do saguão e entramos para o edifício.
Durante o momento em que descemos às escadas, somos uma dupla muda.
Não há troca de palavras, ou sussurros, como se estivéssemos com vergonha do que acabamos de fazer.
Mas eu sei que não.
Olho para ele, mas ele está olhando para o chão, e quando ele me enxerga estou à pular uns degraus, meio cansado.
Descemos degraus sincronizados, felizes, e frenéticos por mais coisas.
Mal consigo pensar em outra coisa a não ser:
Eu
Beijei
Raphael.
É à melhor coisa até agora.
Senti seus lábios untuosos, sua língua fria e rocei os meus dentes nos dele.
Seu hálito tem sabor a mentol e açúcar, o que é tão gostoso, quanto irresistível parar de apreciar aquela boca.
Beijamos por mais tempo que alguma vez achei que conseguiria aguentar.
Beijamos até nossos maxilares ficarem um tanto quanto dormentes.
E fizemos todos os tipos de beijos:
Dos molhados aos lentos, ao que há língua, a uns que só toca os lábios rapidamente e aqueles mais intensos que deixou o pênis da gente em pé, vezes sem conta.
Confesso que tive o melhor beijo da minha vida e que nenhum outro dado foi tão real e apaixonante como este, e pode até soar um pouco clichê, mas é a verdade.
Estou em pulgas pelo que se segue.
Fico ansioso só de pensar em transar com Raphael.
Ele certamente já deve ter feito sexo.
Será que ele transaria comigo depois do que acabamos de fazer?
Ele não é bobo. Deve saber que eu quero mais do que beijos e abraços, às escondidas no saguão ou no quarto de um de seus fies amigos.
Será que isso é o início de um possível namoro?
Sairemos alguma vez? Às escondidas?
Ou publicamente, se ele assim quiser.
Eu sei que estou indo rápido demais e que só faz uns 7 minutos desde que descemos, mas eu não estou querendo perder tempo.
Todo esse amor e sede de viver deixa o meu sangue fervendo nas veias.
Não consigo me segurar.
Raphael me gosta, tal como eu à ele.
Eu ouvi da boca dele e sei que vou lembrar suas palavras a semana toda, ecoando nos meus ouvidos, quando eu pensar nele.
Quando estamos a um andar de nossos quartos, sinto um aperto no coração.
Paro e pego em sua mão esquerda e fico a olhar para ele fixamente.
Ele solta um sorriso lindo mas não diz uma palavra se quer.
Mas sei que lê a minha mente.
Não quero ir dormir, não quero deixar ele ir embora.
Quero esquecer todos e ficar com ele até o sol nascer. Deliberadamente, apaixonados, falando do quanto isso é real.
Na verdade, tenho medo de acordar e dar por mim, que tudo não passou de um bom sonho.
Preciso me certificar que estamos mesmo aqui, vivendo o nosso momento.

— Raphael! Sussurro para ele.
— O quê foi? Ele se desperta sentando-se a um degrau da escada.
— Você parece tão quieto... Digo à ele, me achegando no seu lado direito.
— Sério? Ele se repara, incrédulo.
— Sim. Olho para ele. — Você está bem?
— Nunca estive melhor. Ele sorri. — Isso tudo parece surreal. Afirmou feliz.
— Eu sei. Pego em suas mãos. — Mas é real, repare...

Pego em uma das suas mãos e levo até o meu peito, em direção ao meu coração, que bate desordenadamente.
Mal consigo respirar devidamente por ele estar aqui presente.

— Você sente isso? Perguntei após pousar a sua mão em meu peito.
— Sinto. Ele ri. — É tão energético e forte.
— É por você! Sorrio de volta.
— Estamos mesmo vivendo isso? Ele me pergunta sem fé.
— Sim. Abraço ele. — Ganhei espaço.
— O quê? Ele sussurra em meu ouvido enquanto ainda abraço ele.
— É uma história longa. Me desapego dele assim que ele se levanta.
— Precisamos ir. Ele repara no relógio no seu pulso. — Já é tarde...
— Realmente. — Devem estar a procura de nós. Me levanto rápido.

Minhas palavras são de obediência mas por dentro sou um tigre selvagem incontrolável que explode de tanta ansiedade.
Quero pegar no primeiro táxi que aparecer e sair de Iowa até Joanesburgo com ele.
Sem preocupações, sem ninguém pra nós cobrar alguma coisa.
Sem os nossos amigos, ou responsabilidades escolares para prestar contas.