No jantar de hoje não sinto exatamente a fome que costumo sentir.
Não sei se tem haver com as emoções que estou sentindo nas últimas 48 horas ou se há alguma extra.
É tão esquisito sentir que minha vida está a um passo de se complicar drasticamente.
Mas certamente se intensificou após minha mãe anunciar que:— O Yago vem para ferido de ação de graças, neste sábado!
— Isso é sério? Me engasgo brutalmente.
Ela me encara perplexa.
— Sim, óbvio. — Nós nunca passamos um feriado sem ele. — É favorito de seu irmão.
— E será o primeiro com a família toda. Elton diz ao olhar pra minha mãe e pegar em sua barriga.
— Tem certeza, mãe? Olho fixamente para ela, cético sobre isto.
— Eu sei... seu irmão errou muito, porém, essa é melhor altura de unir a família. Ela rebate confiante.
— Só para tranquilizar, falei com o tenente chef da académica militar de lá e me disse que Yago está melhor.
Sério?
— ...Melhor a pegar pegar armar e acertar ao alvo, é isso? Reviro os olhos.
— Yago é um novo homem. — Seu caráter moldado chamou atenção do tenente e isso me alegrou bastante.
— Ele não vem para ficar, vem? Olho pra eles dois comendo.
— Talvez, Jonathan. Minha mãe responde e prossegue. — E se for?
— Aqui sempre a casa dele. — Tal como a sua Jonathan. Elton diz seriamente.
— Como assim? Yago é um... nem preciso terminar, não é? Falo balouçando os pés.
— Porque vocês não ultrapassam às vossas diferenças? Elton sugere gentilmente.
— Ele me detesta muito! Falo sério.
— Porque seria? Elton pergunta ao olhar pra mim.
— Porque seria mesmo? — Talvez porque eu seja gay e ele não tem me respeitado!
— Isso é verdade? Minha mãe me olha admirada.
— É sim. — Me desculpa, mas ele foi um irmão ruim nos últimos meses.
— O quê ele fez? Minha mãe pergunta à mim seriamente.
Me chantageou, me ofendeu, agrediu.
É uma série de coisas que irmãos bons não fazem aos seus irmãos.
Mas não consigo levar aqui raivosamente.
É como se o tempo levasse todo o ódio.— Nada. Minto após engolir um porção de arroz. — Nada tão relevante!
— Jonathan, eu quero lhe dizer algo mas espero que você entenda perfeitamente...
— Estou ouvido, Elton.
— Nem todos irão entender ou apoiar você pelo que é... — As pessoas são diferentes e aceitar isso é regra pra uma convivência de boas relações.
— Está me dizendo que terei que aceitar o preconceito de algumas pessoas?
— Não extremamente. — Entenda que até o indigente tem suas teorias e ideologias e não é fácil tirá-las da cabeça. — Ninguém nasceu globalizado... eu mesmo estou a me reformular por você, porque te adoro e sei que devo te respeitar, mas é processo que leva tempo e bastante esforço da pessoa.
— Mas Yago é meu irmão... Ele seria o 1ª a demonstrar afeição protetora por mim.
— Não é uma questão de laços de sangue, é sobre empatia e força de vontade. — Há pessoas de fora que irão te apoiar mais que a sua própria família.
— Isso é tão difícil de aceitar. — Eu não consigo me conformar.
— Esse é o problema da outra perspetiva!
— Acho que ele pode vir... Falo em os dentes.
— Ok, nós todos sabemos que ele é um homem cheios de birras, mas quando é que vamos dar uma nova chance à ele?
— Eh estou confiante. Elton assume. — Eu falo com ele sempre e tenho ótimas ideias...
— Espero estarem certo. Concluo dando uma garfada em meu bife.***
Saio pela manhã de quarta-feira e vou até a casa de Raphael.
Não penso exatamente no que estou a fazer e só consigo seguir o meu instinto.
Algo em mim pede para ir até lá, e há uma outra que me impede e diz que eu só estou cometendo um erro ridículo ao ir até a casa dele, quando faz dias que nós terminamos.
Mas quando estou no metro as palavras de minha mãe ecoam a minha mente.
Raphael está lidando com isso da pior das maneiras possíveis, que alguém na situação dele lidaria.
Ele é frágil, inseguro e um grande medroso.
E numa altura como esta eu devo e tenho que estar lá para ele.
Quando ele querer falar e nas pessoas não ouvirem a voz dele, eu estarei lá para ele, para gritar todas as suas palavras.
Quando ele estiver chorando debaixo do seu travesseiro e ninguém notar, quero ser eu a enxugar as suas lágrimas.
Quero estar ao lado dele e fazer tudo isso.
Ou simplesmente dizer que estou apoiando ele, mesmo que não estejamos mais juntos.
Mesmo que as coisas não voltem a ser tal como antes, em que nos amávamos tanto.
Quando estou na porta e toca a companhia sinto minhas pernas duras e minha voz fica meio rouca, quando me a percebo que eu posso ser atendido pela dona Dayana.
É óbvio que todos já sabem.
A família de Raphael deve me odiar.
Não da forma mais real da palavra "ódio", mas certamente não gostam tanto de mim, como um dia chegaram a gostar.
É difícil, para eles, olhar pra o tal cara que supostamente está desviando o filho deles à uma conduta boa e reputação impecável.
Quando à porta se abre, vejo que a só a empregada me atendendo.
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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...