Quando se passou cerca de uma hora, ainda no hospital, sem grandes noticias, começo a desenvolver em mim ataques de ansiedade, ando de um lado para o outro, minhas mãos ficam suadas incontrolavelmente, e os meus olhos estão encharcados de lágrimas, quando percebo que o tempo esta passando e até então, não recebi nenhuma informação. É angustiante demais esperar por boas novas, espera em si já não é bom, agora imagina o quanto é difícil quando se tem expectativas durante a espera que podem a vir ser quebradas? Estamos todos na expectativa de ouvir boas noticias do estado clínico de Raphael toda vez que aquela porta da sala de cuidados intensivos se abre. Queria ser um insecto marca 2 horas da manhã, começo a dormecer no colo da minha mãe quando ela mesma, me acorda. Elton trás cafés para todos, mas eu nego tomar. A preocupação me deixa sem vontade de fazer nada agora.
— Jonathan, filho, eu e o Elton estamos indo embora. - acho que você também devesse vir connosco.
— Eu não vou ir em casa, não posso deixar o Raphael sozinho aqui.
— Ele não esta sozinho. — A mãe dele esta aqui para cuidar dele quando ele acordar.
— Eu não consigo sair daqui. Falo com a expressão mais dolorosa.
— Mas você parece tão cansado, precisa dormir, tomar um banho e comer qualquer coisa.
— E se ele precisar de mim? E se acontecer alguma coisa enquanto eu não estiver por perto?
— Isso não é uma responsabilidade sua, não se turbe pelas coisas infelizes que já estão feitas, filho. — Ele tem os melhores médicos, no melhor hospital da cidade... só nos resta esperar por qualquer coisa.
— Achas que ele pode se safar deste susto?
— Acho que tudo é possível. Mas que nem mesmo os cirurgiões podem dizer algo concreto sobre a recuperação dele do hospital.
— Estou com tanto medo, mãe. — Eu posso perder...
— EÍ, não se sinta assim, não é culpa sua. — Seja positivista, energias boas atraem coisas boas. Ela me abraça fortemente.
— Esta bem, eu estou tentando! Falo em meios as lágrimas.
— Não se perturba mais a mente, Jonathan. — Raphael estará melhor amanhã. Diz a dona Dayana ao ver meu estado.
— Quero realmente acreditar nisso. Falo em resposta.
— Eu sei que o medo as vezes nos impede de pensar além, mas, esteja firme nas melhoras dele, meu filho é um rapaz forte. — Vá com seus pais para casa, amanhã será melhor.
Quando ela fala, é como se estivesse anunciando o futuro, e imediatamente eu me acalmo, e enxugo as minhas lágrimas. Aperto forte as mãos da Sra. Dayana, e vejo o quanto está tremendo de tão assustada que está, e não é para menos, a um passo de perder o seu filho. As vezes quem mais nos consola é quem mais sofre por dentro, em silencio. Ela precisa ser forte nestas alturas, e parece estar sendo, mas a expressão facial é sofrida, e isso me doí por dentro. Não sou o culpado de nada, mas há um grande peso de responsabilidade sobre minha cabeça agora. E queria dizer a ela, Dayana, que sinto imenso, e que, se eu pudesse trocar de lugar com o seu filho, Raphael, eu o faria, sem pensar duas vezes. Mas as coisas não se resolvem com o meu querer simplesmente. O adormecer é um acto de total dificuldade para mim, hoje, assim que chego no meu quarto e me deito na minha cama, de barriga para cima e olhar para o teto, fico pensando no quão a vida pode acabar em apenas um segundo e que podemos perder as pessoas que mais amamos, sem ter uma oportunidade de falar e viver as melhores coisas de uma vida. E repentinamente a imagem da Olivia me vem a cabeça. E de como ela era a minha melhor amiga, e não só, agora também penso, no quanto ela foi crucial para que Raphael não morresse naquele parque de estacionamento, a algumas horas atrás. Eu nem pude agradecer a ela. Pego no meu telefone, e mando uma mensagem para a OLIVIA.
Sei que estamos brigados, mas não pude deixar de reconhecer o quanto foste boa para mim e especialmente para o Raphael. Obrigado! Envio através do meu telefone. E fico ansiosamente a espera que ela veja e me responda. Minha sequência de espera é interrompida quando ela responde: Não precisa agradecer. Ela envia 6 minutos depois. E quando eu leio, não consigo me sentir bem, realmente sinto que tentamos atravessar um murro invisível, que nos impede de reatar a amizade. E é até estranho esta sensação de esquisitice que sinto ao falar com ela, acho que acabei mesmo de perceber que um elo se quebrou entre nós. Porque, verdadeiramente é estranho como alguém que até então era a sua pessoa favorita, e de repente, num dia, ela some, já não é mais nada sua. — Em que lugar da minha vida ela se encaixa agora? Estou meio assustado com este dinâmica de vida, em que um dia você tem tudo, e no outro não tem mais nada.
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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...
