Estou ajudando a minha mãe a preparar o grande almoço de hoje.
É feriado de ação de graças. E nesta época, a casa fica perfeitamente linda e abarrotada com comidas, incluindo as refeições habituais e os aperitivos de dar água na boca.
É claro que este ano será tudo melhor.
A decoração, o ambiente familiar, comidas e todas outras coisas que complementam este dia tão amado pela minha mãe.
Faz umas duas horas que Elton foi a busca do Yago, e já lá se vão tempo demais.
Confesso que estou um pouco ansioso para ver meu irmão novamente.
Não sei exatamente o porque.
Mas está relacionado com o quê Elton disse à respeito do novo caráter do Yago;
E sobre dar uma segunda chance à ele.
Não estou esperando uma mudança total, mas sei que ele está se reformulando, já que é impossível que um homem volte o mesmo depois de uma temporada no exército militar.
Algumas horas mais tarde, ouço a buzina do carro de Elton.
- Chegamos! Elton diz após entrar em casa.
- Oh, que bom. Minha mãe diz feliz ao ver-los chegar. - Esperei tanto por vocês!
- Que cheirinho gostoso. Elton diz ao ir directo na cozinha.
- É do Macarrão. Minha mãe anuncia ao terminar colocar a mesa.
- E cade o Yago? Perguntei a ver as malas na porta de casa.
- Estou aqui, Jonathan. - Cheguei. Fala ao entrar na sala.
- Ah, meu filho! Minha mãe diz ao ir até o Yago. - Tive tantas saudades suas...
- Eu também. Ele responde e dá um riso sincero.
- Estou tão emocionado. Ela diz depois de abraçar o meu irmão.
- Só não vai chorar. Ele gargalha alto.
- Não é pra tanto! Falo alto sentado na sala. - Seja bem-vindo, Yago.
- Obrigado, Jonathan. Ele acena rápido pra mim, sorridente.
Ele não era simpático.
Yago está muito diferente, fisicamente.
Ele tem mais musculação, brilho e pudor.
Mas a melhor coisa que essa temporada na academia militar trouxe pra ele foi o corte de cabelo.
Detestava odiosamente aquele cabelo tosco e tingido de uma fusão de platinado e ruivo
- Agora sim podemos servir o almoço. Elton fala depois de falar as mãos.
- Ah, se sentem logo. Minha mãe pede a Yago também.
- Eu adoro Macarrão. Yago se senta na mesa, com todos nós.
- Confesso que estou emocionado! Elton diz ao se servir maçarão.
- Eí, amor! Minha mãe bate na mão do Elton. - Não coma ainda, ore primeiro!
- Isso é sério? Elton olha para nós tão perdidamente.
- Acho que não! Dou uma gargalhada.
- Estejam a vontade. - Ninguém aqui parece saber orar mesmo... Yago comenta.
- Jesus, por favor... perdoe está família! Minha mãe diz com os olhos semi-fechados e mãos entrelaçadas.
Ninguém aqui realmente sabe orar.
Tenho uma família muito descrente.
- Amém, mamãe! Falo soltando um riso.
***
Faz uma semana que Raphael não vem a escola e tudo por cá parece meio calmo demais. Ninguém parece mais afetado comigo ou com outros assuntos relacionados a minha orientação sexual. Esse é o tipo de consequência de um tumulto colegial sem grande relevancia.
Mas quando eu saio da aula de ginástica com a Olívia e Sophie um grupo de garotos estão falando alguma coisa relacionado a mim, colegas como: (Orlando, Jaciel e Will), eles apontaram para mim umas 3 vezes já, e riem, e não é dificil imaginar qual é a tematica daquela conversa. É obvio que ainda vou gerar algumas fofocas pelo Colégio. Mas porquê hoje?
- Que rapazes ridículos, você quer que eu fale com eles? Olívia diz ao reparar a situação.
- Não é preciso! - Isso logo passará.
- Era para ter passado a uns 2 dias. Olívia analisa.
- O que há? Perguntei a ela.
- Finalmente o blog foi derrubado. - Houve várias denuncias e baniram o ninho do mal...
- Só não baniram o preconceito na mente de certas pessoas. Falo andando até ao parque de estacionamento.
- Acho isso meio impossível. Sophie diz despercebida.
- Ele foi sarcástico, amiga! Olivia diz revirando os olhos.
Ando até a entrada do parque, com as meninas e ainda com o grupinho dos rapazes vindo atrás, quando vejo o carro do Raphael estancionado e ele abrindo a porta bagagem. E no momento tenho um choque, algo semelhante a um susto só que mais intenso e sensivel.
Parece algo tão pouco real que começo a duvidar da minha capacidade mental.
Acho que todos a volta percebem a sua presença e fixam o olhar penetrante nele.
E quando ele me ve de longe, se mantém imóvel até ao vento.
E é como se só existesse nós neste local e sumisse toda gente.
Preciso ouvir ele, tocar nele e dar o meu apoio incondicional. E mesmo que tudo esteja ruim pra nós os dois não posso ficar indiferente a tudo o que ele está passando emocionalmente com sua família, amigos e consigo mesmo.
Não receio o que todos vão achar de nós os dois falando feito casal aqui, publicamente.
Ando até ele rapidamente e noto que ele está meio tenso demais.
Quando chego perto dele percebo que não tenho ideia do que falar neste exato momento.
Nada de aperto de mãos, sorrisos ou beijos.
Apenas olhares frios e almas afectadas.
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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...
