Estou com o coração na mão, a minha respiração fica acelerada e sinto os poros abrindo rapidamente.
O estômago embrulha, os olhos piscam fortemente.
Raphael treme e engole seco várias vezes, ele certamente perde as forças de andar e se segura em mim, me deu a mão e apertou com garra, e no mesmo instante, o seu rosto fica rubi, a ponto de me assustar.
É um misto de emoções surgindo de forma tão rápida que começo a ter dificuldade em se mover, e falar, assim que vejo todas as outras na sala.
Assim que entramos, e nos deparamos, sei que as coisas não estão num clima bom e não há qualquer hipótese de conversar delicadamente, ainda mais com a presença dos pais do Raphael.
Mas não há como voltarmos e fingir que não estávamos aqui, já é muito tarde para arredar o pé.
Por isso, nos sentamos na sala juntos, de mãos dadas, a frente de todos eles.
Nossa linguagem corporal mostra as coisas mais corajosas que não dá para verbalizar agora.
É um momento crucial. E muito duro para ambos, mesmo que meus pais já saibam sobre mim e me apoiam, não dá pra fingir que eles não estão muito bravos e desapontados comigo.— Raphael, Jonathan! Minha mãe fala meio perplexa. — Meu Deus! Ela dá um suspiro de alívio.
— Onde vocês estavam? — O que vos aconteceu? Elton pergunta se pondo em pé, com autoritarismo.
— Vocês têm noção de como nós todos ficamos? A mãe de Raphael fala. — Eu ia morrendo de susto.
— Eî, alguém me diz o que está mesmo acontecendo aqui! Pediu o pai de Raphael agitado.E em poucos minutos o ambiente fica agitado e barulhento.
Todos falam ao mesmo tempo querendo entender mesmo como tudo aconteceu, e o que nos levou a fugir.
É um momento muito confuso porque não consigo notar se há preocupação ou raiva da parte deles.
A única coisa que noto é que Raphael está calado o momento todo, sem um esforço para se explicar ou tentar dar uma boa impressão para seus pais.
Ele está processando alguma coisa.
Raphael pensa demais.
E sei que ele vai falar alguma coisa a qualquer instante, porque nem eu sei o que dizer, a qual pergunta devo dar a resposta primeiro.
Parece um interrogatório policial, só que com várias pessoas brutas pondo o questionário oral desalinhado.
Me sufoco e me encolhi no sofá, ainda pegando na mão de Raphael, não vou largar, não consigo fazê-lo.
E é assim que consigo não tremer.
Ignoro todos os pais por um instante e
faço contato visual com o Raphael, ele me encara rapidamente, e acena, e me mostra que está ligeiramente tenso e um pouco nervoso com tudo.
Em apenas um olhar e mil informações foram passadas para mim.
É uma coisa só nossa, essa linguagem comunicativa incomum entre nós.— Jonathan! Minha mãe grita ao se aproximar de mim. — Porque está se calando?
— Eu... Gaguejo. — Me desculpa! Falo meio cabisbaixo.
— Porque fez isso? — Porque saiu de casa sem avisar?
— Eu ia contar, não consegui... Minto para ela.Mas minha mãe percebe a mentira.
Ela me conhece perfeitamente. E ela sempre sabe as minhas falácias.— Não irias nada! Ela berra para mim, se gesticulando rápido.
— Se acalme, amor. Elton pede.
— Eu não quero estar calma! — Isso é tão problemático, não vens?— Me desculpa. — Eu ia te avisar, só que não deu...
— O que sempre digo? Ela grita comigo. — Eu odeio que me façam de boba, e não gosto que me escondem as coisas.
— Não foi por mal. Me contorço todo no sofá e estou quase chorando.
Tenho tanto medo.
— Nunca é por mal! Não é? — Eu tive que chamar a polícia ontem, eu andei em todas as casas de seus amigos e eu procurei por você feito louca. — Como pode ser tão inconsequente?Não consigo argumentar.
Ela tem razão. Eu sabia do erro, mas não o evitei e o pior é que, não sei se mudaria tudo o que aconteceu.— É, Jonathan... sua mãe tem razão, todos estávamos muito preocupados, e não foi legal. — Eu também fui um dia jovem e sei o que é se apaixonar e agir de modo inconsequente, mas não é por isso que vou passar a mão sobre a vossa cabeça.
— Eu sei que estou errado! Eu não quis vós chatear assim... Soluço.
— Não chore! Minha mãe pede. — Eu não esperava essa atitude de você.
— Ele não tem total culpa. — Fui eu quem o convidei a sair comigo. Raphael responde veloz, em minha defesa.
— O que está falando? Dona Dayana se assusta com a afirmação do seu filho.
— É isso mesmo! Eu quis sair de casa e chamei o Jonathan. — Ele não quis no princípio, mas eu o levei comigo e se há alguém que pode e merece ser tão criticado sou eu...
— Mas... — Ok, agora faz sentido. Elton diz nos olhando.
— Eu não quis causar danos a vocês e peço perdão se isso tudo provocou um problemão a todos. — Não foi a minha intenção principal.
— E qual era? — O que leva você agir assim? Elton pergunta ao Raphael.
— Vocês! Raphael responde e aponta para seus pais. — Ambos sabem do que estou falando.
— Raphael, olha como falas. O pai dele o repreende.
— O que é? Raphael levanta-se e larga a minha mão. — Vai me espancar de novo? Ele se põe frente a frente com seu pai.
— Ei, que isso? Minha mãe fala alto e se põe no meio.
— Ah, vamos embora agora, Raphael! A mãe dele pede, de modo arrogante.
E puxa o braço do Raphael.
Mas não tem muito sucesso, por que ele se solta e vai até perto de mim.
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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...