Capítulo 54🏳️‍🌈

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Estou com o coração na mão, a minha respiração fica acelerada e sinto os poros abrindo rapidamente.
O estômago embrulha, os olhos piscam fortemente.
Raphael treme e engole seco várias vezes, ele certamente perde as forças de andar e se segura em mim, me deu a mão e apertou com garra, e no mesmo instante, o seu rosto fica rubi, a ponto de me assustar.
É um misto de emoções surgindo de forma tão rápida que começo a ter dificuldade em se mover, e falar, assim que vejo todas as outras na sala.
Assim que entramos, e nos deparamos, sei que as coisas não estão num clima bom e não há qualquer hipótese de conversar delicadamente, ainda mais com a presença dos pais do Raphael.
Mas não há como voltarmos e fingir que não estávamos aqui, já é muito tarde para arredar o pé.
Por isso, nos sentamos na sala juntos, de mãos dadas, a frente de todos eles.
Nossa linguagem corporal mostra as coisas mais corajosas que não dá para verbalizar agora.
É um momento crucial. E muito duro para ambos, mesmo que meus pais já saibam sobre mim e me apoiam, não dá pra fingir que eles não estão muito bravos e desapontados comigo.

— Raphael, Jonathan! Minha mãe fala meio perplexa. — Meu Deus! Ela dá um suspiro de alívio.
— Onde vocês estavam? — O que vos aconteceu? Elton pergunta se pondo em pé, com autoritarismo.
— Vocês têm noção de como nós todos ficamos? A mãe de Raphael fala. — Eu ia morrendo de susto.
— Eî, alguém me diz o que está mesmo acontecendo aqui! Pediu o pai de Raphael agitado.

E em poucos minutos o ambiente fica agitado e barulhento.
Todos falam ao mesmo tempo querendo entender mesmo como tudo aconteceu, e o que nos levou a fugir.
É um momento muito confuso porque não consigo notar se há preocupação ou raiva da parte deles.
A única coisa que noto é que Raphael está calado o momento todo, sem um esforço para se explicar ou tentar dar uma boa impressão para seus pais.
Ele está processando alguma coisa.
Raphael pensa demais.
E sei que ele vai falar alguma coisa a qualquer instante, porque nem eu sei o que dizer, a qual pergunta devo dar a resposta primeiro.
Parece um interrogatório policial, só que com várias pessoas brutas pondo o questionário oral desalinhado.
Me sufoco e me encolhi no sofá, ainda pegando na mão de Raphael, não vou largar, não consigo fazê-lo.
E é assim que consigo não tremer.
Ignoro todos os pais por um instante e
faço contato visual com o Raphael, ele me encara rapidamente, e acena, e me mostra que está ligeiramente tenso e um pouco nervoso com tudo.
Em apenas um olhar e mil informações foram passadas para mim.
É uma coisa só nossa, essa linguagem comunicativa incomum entre nós.

— Jonathan! Minha mãe grita ao se aproximar de mim. — Porque está se calando?
— Eu... Gaguejo. — Me desculpa! Falo meio cabisbaixo.
— Porque fez isso? — Porque saiu de casa sem avisar?
— Eu ia contar, não consegui... Minto para ela.

Mas minha mãe percebe a mentira.
Ela me conhece perfeitamente. E ela sempre sabe as minhas falácias.

— Não irias nada! Ela berra para mim, se gesticulando rápido.
— Se acalme, amor. Elton pede.
— Eu não quero estar calma! — Isso é tão problemático, não vens? 

— Me desculpa. — Eu ia te avisar, só que não deu...

— O que sempre digo? Ela grita comigo. — Eu odeio que me façam de boba, e não gosto que me escondem as coisas.
— Não foi por mal. Me contorço todo no sofá e estou quase chorando.
Tenho tanto medo.
— Nunca é por mal! Não é? — Eu tive que chamar a polícia ontem, eu andei em todas as casas de seus amigos e eu procurei por você feito louca. — Como pode ser tão inconsequente?

Não consigo argumentar.
Ela tem razão. Eu sabia do erro, mas não o evitei e o pior é que, não sei se mudaria tudo o que aconteceu.

— É, Jonathan... sua mãe tem razão, todos estávamos muito preocupados, e não foi legal. — Eu também fui um dia jovem e sei o que é se apaixonar e agir de modo inconsequente, mas não é por isso que vou passar a mão sobre a vossa cabeça.
— Eu sei que estou errado! Eu não quis vós chatear assim... Soluço.
— Não chore! Minha mãe pede. — Eu não esperava essa atitude de você.
— Ele não tem total culpa. — Fui eu quem o convidei a sair comigo. Raphael responde veloz, em minha defesa.
— O que está falando? Dona Dayana se assusta com a afirmação do seu filho.
— É isso mesmo! Eu quis sair de casa e chamei o Jonathan. — Ele não quis no princípio, mas eu o levei comigo e se há alguém que pode e merece ser tão criticado sou eu...
— Mas... — Ok, agora faz sentido. Elton diz nos olhando.
— Eu não quis causar danos a vocês e peço perdão se isso tudo provocou um problemão a todos. — Não foi a minha intenção principal.
— E qual era? — O que leva você agir assim? Elton pergunta ao Raphael.
— Vocês! Raphael responde e aponta para seus pais. — Ambos sabem do que estou falando.
— Raphael, olha como falas. O pai dele o repreende.
— O que é? Raphael levanta-se e larga a minha mão. — Vai me espancar de novo? Ele se põe frente a frente com seu pai.
— Ei, que isso? Minha mãe fala alto e se põe no meio.
— Ah, vamos embora agora, Raphael! A mãe dele pede, de modo arrogante.
E puxa o braço do Raphael.
Mas não tem muito sucesso, por que ele se solta e vai até perto de mim.

Se Eu Fosse VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora