Pela manhã de uma quinta feira, saio às pressas em direção a casa da Olívia.
Estou movido por uma força de ir até ela e agradecer por tudo.
É como uma despedida.
Não deveria ir, eu sei. Mas não sei fingir demência.
Ela ajudou o Raphael.
Na verdade, não sei exatamente o que estou tentando fazer agora.
Não sei se estou indo agradecer ou me despedir dela.
Meu coração está a mil por horas.
E desde a noite de ontem, em que eu conversei com a minha mãe, eu não paro de estar inquieto.
As palavras dela ainda ecoam a minha mente.
"Perdoar não é esquecer a dor, mas sim, seguir em frente, independentemente do quão difícil seja para si". E minha mãe chega a ter total razão.
Eu jamais vou esquecer o que eu sei sobre o mal feito pela Olívia, mas ainda assim, há um jeito de seguir em frente com tudo e tentar novamente.
Talvez esteja iludido.
Mas é tudo que acredito agora.
Bato a porta da casa pela por umas duas vezes até a Olívia vir e abrir a porta para mim.
E minha expressão facial naquele momento muda totalmente.
A uma dificuldade em manter a mesma postura recta e fria que eu tenho tido com ele nestes últimos meses.— Oi. Olívia diz meio antipática.
— Olá, Olívia!
— Então? Vai querer entrar? Ela se afasta da porta, deixando um espaço para eu entrar em sua casa.
— Sim. Falo e vou entrando.E neste instante tenho um reação tão forte, que começo a me conter para não chorar.
Não sei ao certo explicar o que há comigo. Talvez seja saudades dela, ou dos melhores momentos que já compartilhamos juntos nesta casa.
Eu realmente estou tentando me segurar para não desabafar.
Quando entro até a sala de estar vejo que o Ranger também cá está.
E isso me deixa visualmente feliz e sei que de imediato o clima entre nós estará menos tenso.
Não cá estou para mover as coisas feias do passado. Tão pouco, criar novas brigas, até porque, não há o que brigar mais entre eu e a Olívia.— Ranger? Falei assim que o vejo melhor.
— Jonathan, vem para cá! Ele pede ao se aconchegar no sofá ao lado de muita tralha e caixas seladas.
— O que há? Perguntei ao ver a condição desarrumada da casa.
— Eu vou me mudar na segunda. Olívia se expressa ao passar por mim.
E eu nem sei o porquê há esse leve tom de tédio na voz dela.
Não estamos bem, eu percebo, mas acho que ela tão fria hoje.— Isso é verdade? Me pego meio surpreso. Eu já sabia tecnicamente.
— Sim, Jonathan! Eu vou viajar.
Ela se senta perto do Ranger no tapete.
— Que bom. Falo e minha voz soa meio tristonha. — Eu acho que já sabia, só não sabia que seria tão cedo assim.
— É sim, mas eu ainda tenho uns dias. Ela diz com o rosto baixo e logo percebo que está nitidamente envergonhada.
É isso! Olívia se envergonha por eu me revelar manso com ela.
Ela realmente não contava que eu estaria aqui.
— Nós ainda vamos ao baile. Ranger diz animado.
— Ah, que legal. Abro um sorriso forçado.
Não sei agir naturalmente com a Olívia ao meu lado.
Uma peça crucial se quebrou, e já não é mesma coisa entre nós.
— Você vai ao baile? Ranger me questiona.
— Não sei... — Acho que não.
— Raphael não quer? Ranger me questiona novamente. E vejo a cara da Olívia atenta para ouvir a minha resposta.
— Não é isso. — Ele está melhorando do acidente e tem uma questão a se ver com algumas pessoas da família dele.
— Não percebi muito, mas não é importante... Ranger diz rindo.
— É sim! Falo pensativo.
— Se senta. Olívia pede.
— Obrigado. Obedeço e me sento no sofá perto do Ranger, no chão.
— Você nós ajuda a empacotar as coisas da Olívia nas caixas?
— Sim, claro. Digo animado.
— São só coisas velhas que quero me desfazer delas e não mais ver.
— Vás doar? Olho para ela.
— Sim. Ela não me encara.
— Olha isso! Ranger diz ao achar um retrato velho.
— O que é? Olívia pergunta.
— Vêem! Ranger entrega a mim.
É um retrato nosso de uns anos.
Eu, Ranger e Olívia.
Na feira de ciência, do primeiro ano do médio.
Eu realmente já havia me esquecido deste dia e de como eu fiquei nesta fotografia.
Todos de batas brancas, óculos do tamanho de uma bola de tênis, ao lado de um vulcão em erupção.
Eu parecia um gnomo de tão feio, magro e pequeno que estava.
Mas eu lembro de estar feliz.
Não há muitas lembranças de mim e meus amigos em fotos.
Os nossos melhores momentos estão guardados na memória de cada um de nós.
Eu queria reviver este momento.
Deu uma nostalgia só de ver.

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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...