Tenho um sonho lindo em que estou num oásis, vestido feito querubim e meu corpo brilha como ouro puro.
A natureza se contrai ao me ver passar e os animais rastejantes fogem de perto de mim.
Estou andando por um caminho lamacento mas meus pés não sujam.
Avisto um veado, não, uma ovelha. Não sei ao certo que animal é esse, seus chifres não estão visíveis pôs sua face reluz.
Mas quando me aproximo, ele ganha asas e sai voando, e isso faz meu coração quebrar e logo acordo sem perceber nada.
Me reviro na cama sobre os lençóis e sinto meu braço doer, muito, meu corpo dói.
Abro lentamente os olhos sobre a superfície e noto que não estou na minha cama, nem no meu quarto, tão pouco na minha casa.
Estou num quarto quê provavelmente seja para hóspedes sem muitos luxos.
Estou sem camisa e apenas com minhas calças jeans e meias confortáveis.
Vejo algumas molduras na parede e fotos de família, olho atento para a banca perto da cabeceira e tem um copo de água e uns tantos de antibióticos.
Olho para a janela e analiso o exterior e vejo carros e um jardim verdejante.
definitivamente não estou em minha casa.
Demoro um tempo pra encaixar as coisas.
Aí lembro-me que Raphael esteve comigo ontem, ele me salvou e trouxe-me pra sua casa.
Estava tão fraco ontem à noite depois do incidente que devo ter dormido muito, já que quase me esquecia de como vim parar aqui. Quando tento me levantar a porta se abre e Raphael entra com um tabuleiro de comida.— Sem esforço. — Mantém-se deitado.
— Eu acho que já estou bem. Digo para ele, convencido.
— Acredito que não. Ele me ajuda sentar.
— Aí, meu braço dói um pouco!
— Posso ver? Pergunta ele pousando o tabuleiro na banca de madeira.
— Acho quê sim. Digo timidamente.Seus braços pegam em meu ombro direito e sinto um breve arrepio confortavelmente tenso.
Apalpando delicadamente meu braço todo vejo ele me observar minuciosamente e isso me deixa tímido, excitado e envergonhado.
Meu corpo se descontrai a cada toque dele e me pergunto se ele pode sentir o mesmo. A medida que suas mãos vão descendo, o vejo respirar fundo, estamos tão perto um do outro que poderíamos nos beijar sem esforço algum.
Só de pensar que os lábios finos e rosados dele já tocaram os meus, fico loucamente inquieto, mesmo que o esse beijo tenha sido tecnicamente necessário para me salvar.
Foi tão rápido e sem emoção.
Não há vestígios de dor quando suas mãos me tocam. E agora ele faz um tipo de massagem e me pego excitado fisicamente.— Doí? Pergunta ele me largando quando nota meu físico se estreitar.
— Já não tanto. — Obrigado.
— Não tem que agradecer. Ele me olha tão próximo que fico sem jeito de o encarar.
— Você me ajudou. — Achei que morreria naquela piscina e que...
— Eí, já passou. — Por favor, esqueça o quê aconteceu ontem.
— É, felizmente. — Muito obrigado, eu não sei como agradecer.
— Não agradeça, de verdade. — Qualquer pessoa salvaria você se pudesse.
— Não! Digo. — Ninguém me salvou antes de você chegar. — Não há mais tanta gente se arriscando por outras pessoas.
— Sim, mas... Ele fica sem graça.
— Podias ter fugido dos disparos, salvado sua pele e sem olhar pra trás. — Mas você não o fez e isso é... tão raro.
— Talvez mais ninguém tivesse te notado gritar.
— É provável. Digo me cobrindo.
— Agora, por favor, come alguma coisa.
— O quê você preparou? Pergunto vendo o tabuleiro colorido.
— Sopa de legumes. Diz ele olhando pra o prato.
— Parece-me apetitoso. Falo pegando na colher. — Muito obrigado.
— Na verdade, não fui eu quem preparou a sopa... Raphael confessa.
Ele solta um riso pegando o tabuleiro.— E quem foi? Pergunto recebendo o tabuleiro das mãos dele.
— Minha mãe. — Foi ela quem nos ajudou quando chegamos à noite.
— Eu quase não lembrava mais. Forço as minhas memórias de ontem.
— Sim, você estava tão frágil que deixou-me preocupado.
Oh meu Deus! Raphael se preocupa comigo, talvez um pouco, mas ele se importa.
— Foi tudo tão surreal e assustador.
— Sim, foi muito confuso. — Eu não sei o quê houve por lá.
— Lembro-me de ver policiais e disparos.
— Sim provavelmente teve uma briga entre garotos lá. Diz ele se ajeitando ao meu lado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...