Capítulo 44🌈

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Quando Raphael me leva de volta à casa não trocamos muitas palavras.
Já são quase 18 horas mas ainda está claro pra ligar os faros do seu carro.
Ele evita falar sobre o resumo do dia e eu só consigo imaginar coisas fúteis.
Sem música. — É tão quieto aqui dentro.
Apenas nós, e os nossos pensamentos leves.
Há aquele silêncio constrangedor que por vezes deixamos pairar entre nós sem querer e faz-nos parecer completos estranhos.
Ele parece preocupado.
Talvez seja porque recebeu aquele olhar de desaprovação do pai e de seu mentor.
E eu demostro um pouco de decepção, pôs acreditava em 30% que hoje seria o dia em que ele contaria para a família que está a namorar um rapaz. — Melhor, que é gay.
Não foi desta, e não parece que falta muito para a contratação estar legalizada e ele ter de sair jogando em grandes campeonatos.
Tenho receio que ele minta para mim.
Não gosto de estar nesta situação de espera sem previsão de término.
Sou ansioso mesmo e idealizo tudo limpo.
Talvez essa seja a parte ruim de amar:
Ficar dependente e ser paciente em tudo.
Não que tudo isso seja um fardo.
Mas às vezes ou sempre, me sinto sufocado, como se estivesse cometendo um crime.
Mas não quero ser o tipo de pessoa que é como uma pedra no sapato.
Não quero parecer que estou a pressionar ele a fazer o que ele não quer.

— Você gostou do almoço? Raphael olha pra mim ao perguntar-me.
— Sim, foi amistoso. Sorri após sair do carro. — Foi uma experiência ótima para o quê idealizei.
— Achei você quieto! Ele diz ao pegar a minha mão, carinhosamente.
— Agora ou todo o dia? Finjo não saber no que ele se refere.
— Após o almoço. Ele conta. — Há algo que te incomoda?
A sua falta de ousadia! É isso, Raphael.
— Não. Minto ao abanar à cabeça.
— Minha avó adorou você. Ele conta pra me animar.
— Ela mal conseguia me chamar pelo meu nome. Travo um gargalhar.
Detesto quando estou em um clima triste e sem querer acabo rindo e estragando tudo.
Gosto de uma sequência de drama.
— Ela chamou você de rapaz adorável de pele marrom.
— E de: amigo de Raphael. Reviro os olhos ao soltar um ruído.
— Ouvi, enumeras vezes. — Entenda, ela é uma velhinha.
— Eu sei... Caminho perto do jardim da casa. — Você quer entrar?
— Não, não desta vez. Ele ri ao ver o carro de minha mãe e de Elton no quintal.
— Você também deve um jantar à eles.
— Claro. Ele sorri tímido. — Eu prometo que assim que o convite chegar eu venho...
Balanço a cabeça.
E vejo ele olhando ao redor se certificando que não há pessoas andando na rua.
E falo, chamando atenção dele:
— Acho que não fui explícito.
— E não foste! Ele olha serrado pra mim.
— É um convite. Falo rindo.
E no mesmo instante o telefone dele vibra e faz um ruído, e sei que é uma mensagem.
Raphael abre a tela e lê o texto que vê.
Tento não espreitar o contexto.

— Acho que hoje não vai dar... Ele diz meio desanimado.
— Era o Jake, na mensagem? Perguntei e logo me sinto esquisito, ( pela questão).
— Não. Ele põe o celular no bolso. — Era só o meu pai me chamando.
— Então, você irá? Falo mansamente, pôs eu quero ter ele em meus braços por uns minutos mais.
— Sim... Ele mordisca os lábios.

E fico olhando pra ele.
Essa é parte em que ele me beijaria e se vai embora, com uma despedida digna de um namorado de verdade.
Como todas aquelas cenas clichês de filmes de romance, em que o casal se despede na porta de casa, de um deles, após sair de um jantar romântico à noite.
Quero fazê-lo acontecer hoje, aqui mesmo.
Raphael parece querer também.
Mas não o faz, pôs está perdido olhando para a rua e só especado em pé.

— Porque tenho a impressão que estamos a ser observados? Raphael diz ao olhar o seu redor.
— Estamos na rua! Falo ao ver que não há se quer uma criança na ruela. — Acho que é só impressão sua...
— Gosto de acreditar que sim. — Que por um momento o mundo se esqueceu da nós e não há ninguém nos reparando.
— Porquê? Lambo os lábios ao me achegar perto dele.
— Assim podemos fazer o que queremos, sem julgamentos. Ele diz sussurrante e seus olhos brilham.

Se Eu Fosse VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora