Quando Raphael me leva de volta à casa não trocamos muitas palavras.
Já são quase 18 horas mas ainda está claro pra ligar os faros do seu carro.
Ele evita falar sobre o resumo do dia e eu só consigo imaginar coisas fúteis.
Sem música. — É tão quieto aqui dentro.
Apenas nós, e os nossos pensamentos leves.
Há aquele silêncio constrangedor que por vezes deixamos pairar entre nós sem querer e faz-nos parecer completos estranhos.
Ele parece preocupado.
Talvez seja porque recebeu aquele olhar de desaprovação do pai e de seu mentor.
E eu demostro um pouco de decepção, pôs acreditava em 30% que hoje seria o dia em que ele contaria para a família que está a namorar um rapaz. — Melhor, que é gay.
Não foi desta, e não parece que falta muito para a contratação estar legalizada e ele ter de sair jogando em grandes campeonatos.
Tenho receio que ele minta para mim.
Não gosto de estar nesta situação de espera sem previsão de término.
Sou ansioso mesmo e idealizo tudo limpo.
Talvez essa seja a parte ruim de amar:
Ficar dependente e ser paciente em tudo.
Não que tudo isso seja um fardo.
Mas às vezes ou sempre, me sinto sufocado, como se estivesse cometendo um crime.
Mas não quero ser o tipo de pessoa que é como uma pedra no sapato.
Não quero parecer que estou a pressionar ele a fazer o que ele não quer.— Você gostou do almoço? Raphael olha pra mim ao perguntar-me.
— Sim, foi amistoso. Sorri após sair do carro. — Foi uma experiência ótima para o quê idealizei.
— Achei você quieto! Ele diz ao pegar a minha mão, carinhosamente.
— Agora ou todo o dia? Finjo não saber no que ele se refere.
— Após o almoço. Ele conta. — Há algo que te incomoda?
A sua falta de ousadia! É isso, Raphael.
— Não. Minto ao abanar à cabeça.
— Minha avó adorou você. Ele conta pra me animar.
— Ela mal conseguia me chamar pelo meu nome. Travo um gargalhar.
Detesto quando estou em um clima triste e sem querer acabo rindo e estragando tudo.
Gosto de uma sequência de drama.
— Ela chamou você de rapaz adorável de pele marrom.
— E de: amigo de Raphael. Reviro os olhos ao soltar um ruído.
— Ouvi, enumeras vezes. — Entenda, ela é uma velhinha.
— Eu sei... Caminho perto do jardim da casa. — Você quer entrar?
— Não, não desta vez. Ele ri ao ver o carro de minha mãe e de Elton no quintal.
— Você também deve um jantar à eles.
— Claro. Ele sorri tímido. — Eu prometo que assim que o convite chegar eu venho...
Balanço a cabeça.
E vejo ele olhando ao redor se certificando que não há pessoas andando na rua.
E falo, chamando atenção dele:
— Acho que não fui explícito.
— E não foste! Ele olha serrado pra mim.
— É um convite. Falo rindo.
E no mesmo instante o telefone dele vibra e faz um ruído, e sei que é uma mensagem.
Raphael abre a tela e lê o texto que vê.
Tento não espreitar o contexto.— Acho que hoje não vai dar... Ele diz meio desanimado.
— Era o Jake, na mensagem? Perguntei e logo me sinto esquisito, ( pela questão).
— Não. Ele põe o celular no bolso. — Era só o meu pai me chamando.
— Então, você irá? Falo mansamente, pôs eu quero ter ele em meus braços por uns minutos mais.
— Sim... Ele mordisca os lábios.E fico olhando pra ele.
Essa é parte em que ele me beijaria e se vai embora, com uma despedida digna de um namorado de verdade.
Como todas aquelas cenas clichês de filmes de romance, em que o casal se despede na porta de casa, de um deles, após sair de um jantar romântico à noite.
Quero fazê-lo acontecer hoje, aqui mesmo.
Raphael parece querer também.
Mas não o faz, pôs está perdido olhando para a rua e só especado em pé.— Porque tenho a impressão que estamos a ser observados? Raphael diz ao olhar o seu redor.
— Estamos na rua! Falo ao ver que não há se quer uma criança na ruela. — Acho que é só impressão sua...
— Gosto de acreditar que sim. — Que por um momento o mundo se esqueceu da nós e não há ninguém nos reparando.
— Porquê? Lambo os lábios ao me achegar perto dele.
— Assim podemos fazer o que queremos, sem julgamentos. Ele diz sussurrante e seus olhos brilham.
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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...