Acordo na manhã do dia seguinte com 19 mensagens de Ranger, Sophie e Olívia.
A maioria das notificações são sinais iguais e emojis similares com contexto do tipo:
Aonde você está? Enviada à 10 horas por Sophie, através do Facebook.
Que estranho, porquê eu nem recordo-me se alguma vez eu fiz alguma solicitação de amizade pra Sophie.
Eu nunca faço, só recebo, e quando recebo, quase nunca aceito as solicitações.
Na verdade, eu quase nem uso está minha conta oficial nesta rede social, então é um pouco confuso ver a notificação de texto assim que abro o aplicativo azul e branco.
Rolo a tela e ignoro as mensagens dela e me pego lendo as de outros 2 remetentes.
Estamos indo embora, é o Rã! Vista à 3 segundos. Enviada à 9 horas atrás.
Raphael também sumiu da festa... que estranho. Concluiu ele depois de uns 30 minutos depois de mandar o 1ª texto.
Ranger é tão irritante quanto engraçado.Não consigo simplesmente me focar nos textos e respondê-los devidamente pôs não sei como explicar que saí com Raphael na noite de ontem.
Não consigo explicar pra Ranger.
Estou limitar expor tudo que estou vivendo com o Raphael. — Ainda mais agora que estamos em um clima estranhamente frio.
É impossível não me sentir mal depois da conversa de ontem na estação.
Sinto-me completamente condicionado a ficar "deste lado" porquê amo Raphael.
Mesmo que ficar no sigilo com ele me põe desconfortável e oprimido.
Não quero ser o segredo de ninguém.
Estamos em direcções opostas de emoções, Raphael está na fase em que receia tudo e quer se acovardar das maiores lutas da vida e espera a aprovação das pessoas.
Quer viver sua carreira, fingindo ser quem não é, manter as pessoas falsas por perto por medo de dizer o que sente e perder a admiração que está ganhando.
Ele está tentando ganhar o mundo e deixar sua personalidade morrer.
É difícil seguir ele quando estou indo para um sentido contrário ao dele.
Enquanto eu estou na fase mais humanista, feroz e militante de toda a minha vida,
em que eu desejo expor quem sou e minhas convicções, ideias e sentimentos para todo mundo.
Não me importaria se todos souberem que sou gay e que namoro o Raphael.
Não temo sair do armário para a sociedade e mesmo que tudo isso atraía odeio gratuito para mim e para quem está perto de mim.
É uma necessidade de vida.
Não consigo esconder quem sou por mais 1 mês, anos ou que se segue.
Estou sufocado, aflito e preso a tudo isso.
É um ciclo vicioso em que se você não dá um basta, o comodismo lhe aprisiona.
Raphael nunca irá sentir a necessidade de revelar para o seus pais que é gay porquê
está em jogo tudo quê conseguiu e tem na vida académica, profissional e social.
Ele tem uma imagem limpa.
Teme o preconceito, a rejeição e ódio que sabe que viverá sendo verdadeiro consigo.
É impossível ter o perfume das flores se não sujarmos as mãos com terra.
E para ele, relevar que é gay seria como por a sua reputação na lama.
Mas ele esqueceu de que antes de qualquer coisa ele está magoando-se e pondo em 2ª plano o que está vivendo comigo.
Como se nós não fôssemos donos de nossos sentimentos e estivemos brincando de amar pra um futuro destorcido.
Não gosto de ocultar as coisas verdadeiras.
Entenda, eu não quero deixar de esconder o meus sentimentos e minha personalidade.
Não porque eu preciso de me exibir todo pra a sociedade mas por causa da liberdade de expressão, porque necessito ser livre pra fazer e falar as coisas que acredito nas ruas, escola, nas festas e em qualquer lugar.***
Após à aula de literatura estou com Olívia, Ranger e Sophia no refeitório, conversando sobre as nossas última provas do ano letivo, o baile de finalistas e à possível defesa final.
E é estranho como eu ando meio desligado para tudo à volta do resumo do ano escolar.
O tema é uma realidade que nem devolvi e estou esperando ansiosamente por quando vou finalizar tudo o quê pretendo criar.
Olívia e Sophia estão rindo quando notam que não tinha idealizado ir a gala de final, e que não tenho alguém pra ir comigo.
Como se eu realmente me importasse tanto assim com a companhia de uma pessoa que iria dançar comigo em uma noite.
Já fui a milhões de festa sozinhos.
Mas agora que falamos nisso estou criando teorias de suposições de ir.
É óbvio que Raphael não aceitará ser meu acompanhante no baile dos finalistas e eu nem vou tentar cogitar essa ideia pra ele, uma vez que tudo que está se querendo por ele é manter as aparências e ficar no sigilo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Se Eu Fosse Você
RomansJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...