No parque de estacionamento da escola quando todos os alunos já se dispersaram e foram pra suas actividades caseiras, eu vou até o encontro de Raphael, que me espera dentro do seu Tundra preto.
Sua expressão de chatice é nítida pôs o fiz esperar quase 30 minutos após despachar Olívia e Sophia na hora da saída e não me lembro se o respondi quando enviou as suas últimas mensagens.
Pedi que me encontrasse aqui fora pôs é o melhor lugar na escola pra podermos falar sem sermos vistos ou interrompidos.
Embora acredite que não falaremos aqui.
Preciso contar-lhe que o confirmei para a saída, no cinema, coletivamente, com os meus amigos.
- Achei que não virias mais... Raphael me diz ao me ver chegar.
- Me desculpe! Falo num uma cara de pena.
- Tudo bem... Ele baixa o vidro total da porta do condutor. - Acho que eu não consigo me aborrecer com você. Ele solta um sorriso tranquilizador.
Minha pele se arrepia toda.
E é impossível não sorrir para ele.
Raphael nunca perde o seu encanto e suas palavras sempre tem os mesmos efeitos eletrizante em mim.
- Estava arranjando um meio de vir até você, sem que ninguém soubesse. Falo pra ele quando ele baixa totalmente o vidro do carro.
- Acho que não foi uma tarefa fácil.
- Não exatamente. Falo em pé quando ele destranca o carro.
- Entre, Jonathan. Ele pede, abrindo a porta do pendura. - Deixe que eu leve você pra sua casa.
Dou a volta até o outro lado e me viro pra trás pra certificar que não está ninguém que conhecemos nos vendo.
Acho que namorar Raphael me fez ter um instinto alerta, do tipo que, me diz quão favorável é o momento para agirmos como namorados sem qualquer receios.
Não é uma sensação boa de facto.
Não gosto de fazer as coisas às escuras e ainda mais quando eu sei que não estou a cometer algum tipo de erro.
Porquê tenho que esperar 17 horas para ter que sair com meu namorado?
Tenho milhões de ideias mas não consigo incluir Raphael nelas, pôs o tempo todo estamos nos esconder dos olhares das pessoas a nossa volta.
Como levá-lo a uma feira de jogos?
Ou a um jantar romântico num destes restantes chiques do centro da cidade?
Sem que ele se sinta desconfortável por te receio de ser visto por alguém.
É desconfortável estar nesta situação.
Mesmo que eu entenda perfeitamente que Raphael está agindo com bastante prudência para não sermos flagrados na intimidade,
E consequentemente sofrer homofobia e críticas desconstrutivas.
- Jonathan, me desculpa por aquela hora, na turma, por não responder você a tempo. Ele liga o carro.
- Acho que nós os dois passamos por situações semelhantes hoje.
- É difícil ter privacidade quando têm os rapazes do time me olhando o tempo todo.
- O mesmo acontece comigo. - É tão literalmente chato. Falo pondo o cinto de segurança.
- Olívia? Ele deduz, ironicamente.
- Ela consegue ser pior que uma pulga, sempre insinuando e questionando. Conto e vejo Raphael quase tirar um riso.
- Eu acho ela meio inofensiva, tipo, eu nunca a vejo metida em fofocas.
- Geralmente ela não fala muito sobre a vida das outras pessoas. - Ela é legal.
- Porquê tenho a leve impressão que você foge dela o tempo todo? Ele curva um olhar, insinuativo.
- Acho que nem eu mesmo sei explicar se é só uma impressão mesmo... Suspiro.
- Vocês nunca? Ele trava ao entrar pra uma rua estreita. - ...Tiveram nada? Ele concluiu o raciocínio.
- Nem um beijo se quer. Reviro os olhos e travo um rir.
- Achas que ela poderia gostar de você?
- O quê? Não! Abanei a cabeça. - A Olívia é como uma irmãzinha fofa.
- Mas ela?
Ele pensa lentamente.
- Olívia está namorando Jaciel e ela não teria chance mesmo que ela fosse solteira e eu não acredito que ela possa gostar de mim.
- Acho que fico com ciúmes dela. Ele confessa, num tom burlesco.
- Porquê? Olho novamente pra ele.
- Por que ela passa mais tempo com você e certamente tem o melhor de você o tempo todo.
- Sou o mesmo com você, e para ser um pouco realista, gosto mais de ficar contigo. Falo e vejo as suas bochechas corar.
- Isso quer dizer que tenho 80% do seu afeto? Ele me perguntou, reduzindo a velocidade.
- 98%, para ser exato...
- E os restantes 2%? Ele me olha meio desejoso e vanglorioso.
- O quê foi? Dou um riso. - Você não pode ter meu coração por completo.
- Não quero ter concorrência. - O quê preciso fazer pra obter esse tais 2%?
- Sério? Desvio o olhar dele e fixo olhar no vidro lateral.
- Sim. Ele continua me olhando. - Eu não quero partilhar o seu amor com mais ninguém.
- Nem eu. Abro um riso.
-Malditos 2%. Ele grita ao fechar todos os vidros do carro. - Eu ainda vou ter a total percentagem de seu coração.
- Isso é uma promessa?
- É uma meta. Ele liga o ar condicionado e acelera um pouco.
- Precisaríamos de pisar em ovos. Falo e vejo como seu rosto se contrai.
- Não se podemos desvia-los. Ele diz sagaz.
- Na vida não há atalhos. Respiro fundo e espero que ele saiba o que quero dizer com tudo isso.
- Nunca acreditei que houvesse...
Raphael não parece se importar.
Ele não percebe as minhas parábolas.
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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...
