Capítulo 60🏳️‍🌈

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Mais tardar do dia, estou me vendo no espelho vestindo o terno.
E me acho puramente esbelto.
Estou absolutamente ansioso e um pouco tenso, parece que existem várias borboletas dentro do meu estômago, toda vez que eu vejo as horas se passarem.
Parece que eu nunca fui a uma festa, de tão empolgado que estou para lá chegar.
Eu sei o porquê de tanto frio na barriga. Será a minha primeira festa com o Raphael em público, como namorados.
E é evidente que isso tem um grande significado emocional para mim, e acredito que para ele também. Não é como um sonho de contos de fadas, mas, é algo que eu ansiava a bastante tempo.
Estamos correndo em direção a um lugar melhor agora.
Lutando juntos pelas coisas que acreditamos ser às certas, e não há outra forma de isso correr melhor para mim.
Raphael vem a minha busca daqui a pouco. Mas estou contando cada minuto para rapidamente chegar por lá.
Quando olho o telefone pela sexta vez, em um intervalo de 2 minutos, a porta do meu quarto se abre, e a voz da minha mãe invade o meu quarto, e a observo a entrar como se não o quisesse fazer.

— Você está bem? — Quer que eu ajude você com alguma coisa?
Ela pergunta acanhada.
E isso tudo por saber que eu ainda estou ligeiramente triste com tudo que sei sobre o meu pai.
— Não. — Estou bem, mãe.
— Oh, Jonathan! Ela se aproxima mais. — Estás bravo comigo?
— Como poderia estar? Eu não a culpo pela morte dele...
Falo meio cabisbaixo.
— Eu não queria deixar você neste estado. — Sempre pensei em falar numa altura certa, filho.
— E quando é altura certa? Olho para ela, e a vejo se aproximar de mim.
— Num dia em que você não tivesse a um ponto de desmoronar  de tristeza. Ela diz ao se sentar na minha cama.
Com aquele olhar penoso que  traduz algo como: Filho, me desculpe!
Era um direito meu saber, mãe. Por favor, não haja assim nunca mais, eu sei o que posso suportar.
— Me desculpa! Eu só...
— ...Achaste que era o melhor para mim... Mas não é. — As vezes, os pais acham que sabem mais sobre nós mesmos como filhos. — Mas, não é bem assim. — Ainda é sobre nós mesmos, é a nossa vida e este é o meu local de fala, entende?
— Eu percebo. — Eu fui tão boba por acreditar que estava fazer um favor a você.
— Eu só queria saber mais sobre quem me gerou. — E não estou tristonho, e cá estou, seguindo a minha vida, mãe. — Não faz isso novamente, por favor!
Te peço.
— Eu sei, eu sei... Vem cá!
Ela me pega pelo braço e antes mesmo que me ajeite, ela me abraça forte.
— Mãe? Falo entre seu ombro.
— O que foi?
— Você está me sufocando! Falo rindo, mas em aflição.
— Você está bravo comigo? Ela soluça ruidosamente.
— Eu não estou! Mãe... Falo, quase sem ar.
— Ok, eu te largo. — Mas não fica bravo comigo por isso... Sorry.
— Eu não estou, eu juro. — Já não é tão relevante assim.
Meu telefone vibra no bolso do meu Blaise branco.
— Sim, sim, mãe! Me desgrudo dela e ela me vê ficando tonto.
— Você está bem? Ela ri ao me ver meio sem fôlego.
— Eu poderia morrer... Falo ao pegar o meu telefone.
Tenho uma notificação nova.
— O que foi? Minha mãe me olha enquanto leio a mensagem do Raphael.
— Ele já chegou. — Preciso ir!
— Ah, já? Ela se levanta, assim que nota a minha pressa.
— Vem cá! Ela me pega pelo seu braço antes que eu vá abrir a porta assim que ouço tocar.
— O que é, mãe?
— Você mal fez direito a gravata!
Me aproximei dela e a observo enquanto desfaz aquilo que julguei ser uma gravata perfeita.
Mas aí, ela faz cuidadosamente um novo nó e vai modelando o estilo da nova gravata.
— Você sabe dançar? Minha mãe pergunta ao fazer o segundo nó.
— O quê? Não! — Eu não preciso saber para ir a uma festa.
— Obvio que precisa! — Já pensou se Raphael lhe pede para dançar?
— Isso é improvável.
— E porquê? Afinal são um casal como qualquer outro.
— Sim, mas... Somos dois rapazes e eu não faço ideia de como isso pode fluir bem para nós mesmos.
— Fluirá bem da mesma forma que fluiu quando vocês dois se envolveram.
O quê? NÃO!
Isso é de loucos. Minha mãe está mesmo insinuando ou afirmando o que acredito ter ouvido?
— Mãe, nós... Como? Travo ao falar após a expressão conhecida dela.
Ela certamente sabe.
Não é tão difícil imaginar isso.
É raciocínio rápido e provável.
— Eu já fui adolescente. — E sei perfeitamente que foi até aqui em casa que aconteceu.
— Mas... Mãe? Fico envergonhado.
— O quê foi? Achou que eu não sabia?
— Mas como isso foi possível?
— Vai negar? Ela me encara meio na dúvida.
— Não, mas... Como soube?
Falo, mas quase me escondendo daquele olhar mortífero quando acabo de confirmar.
— Eu sou sua mãe, Jonathan. — Eu sei quando você está ansioso, meio triste e feliz. — Além do mais, vocês não são tão bons a esconder emoções.
— É só isso mesmo? Falo meio na tentativa de saber mais.
— Não. — Encontrei um pacote aberto de preservativo no chão do seu quarto, duas horas depois de chegar de viagem. — Raphael estava consigo quando eu cheguei, então, não foi difícil pensar até aí.
— Ah, que vergonha! Me escondi entre as almofadas.
— Eu sei. — Por isso não falei para você naquele momento. — É um pouco constrangedor.
— Porque então está me falando isso agora?
— Achei que você quisesse ser o primeiro a saber das coisas que são do seu direito.
— Eu... Sei que não queria que eu fizesse isso cá em casa!
— Eu sabia que você me iria desobedecer. — Mas enfim... Eu já não ligo mais. —  Estás pronto?
— Mãe... Desculpe! Solto um riso envergonhado.
— Eu desculpo. — Pelo menos você se protegeu.
— Sim. — Ninguém quer ser pai na adolescência. Solto um riso alto.
Como se isso foi possível.
— Ok, apenas vá lá pra baixo. Minha mãe abana a cabeça ao me ver falar. — Que doido!

Se Eu Fosse VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora