Mais tardar do dia, estou me vendo no espelho vestindo o terno.
E me acho puramente esbelto.
Estou absolutamente ansioso e um pouco tenso, parece que existem várias borboletas dentro do meu estômago, toda vez que eu vejo as horas se passarem.
Parece que eu nunca fui a uma festa, de tão empolgado que estou para lá chegar.
Eu sei o porquê de tanto frio na barriga. Será a minha primeira festa com o Raphael em público, como namorados.
E é evidente que isso tem um grande significado emocional para mim, e acredito que para ele também. Não é como um sonho de contos de fadas, mas, é algo que eu ansiava a bastante tempo.
Estamos correndo em direção a um lugar melhor agora.
Lutando juntos pelas coisas que acreditamos ser às certas, e não há outra forma de isso correr melhor para mim.
Raphael vem a minha busca daqui a pouco. Mas estou contando cada minuto para rapidamente chegar por lá.
Quando olho o telefone pela sexta vez, em um intervalo de 2 minutos, a porta do meu quarto se abre, e a voz da minha mãe invade o meu quarto, e a observo a entrar como se não o quisesse fazer.— Você está bem? — Quer que eu ajude você com alguma coisa?
Ela pergunta acanhada.
E isso tudo por saber que eu ainda estou ligeiramente triste com tudo que sei sobre o meu pai.
— Não. — Estou bem, mãe.
— Oh, Jonathan! Ela se aproxima mais. — Estás bravo comigo?
— Como poderia estar? Eu não a culpo pela morte dele...
Falo meio cabisbaixo.
— Eu não queria deixar você neste estado. — Sempre pensei em falar numa altura certa, filho.
— E quando é altura certa? Olho para ela, e a vejo se aproximar de mim.
— Num dia em que você não tivesse a um ponto de desmoronar de tristeza. Ela diz ao se sentar na minha cama.
Com aquele olhar penoso que traduz algo como: Filho, me desculpe!
— Era um direito meu saber, mãe. Por favor, não haja assim nunca mais, eu sei o que posso suportar.
— Me desculpa! Eu só...
— ...Achaste que era o melhor para mim... Mas não é. — As vezes, os pais acham que sabem mais sobre nós mesmos como filhos. — Mas, não é bem assim. — Ainda é sobre nós mesmos, é a nossa vida e este é o meu local de fala, entende?
— Eu percebo. — Eu fui tão boba por acreditar que estava fazer um favor a você.
— Eu só queria saber mais sobre quem me gerou. — E não estou tristonho, e cá estou, seguindo a minha vida, mãe. — Não faz isso novamente, por favor!
Te peço.
— Eu sei, eu sei... Vem cá!
Ela me pega pelo braço e antes mesmo que me ajeite, ela me abraça forte.
— Mãe? Falo entre seu ombro.
— O que foi?
— Você está me sufocando! Falo rindo, mas em aflição.
— Você está bravo comigo? Ela soluça ruidosamente.
— Eu não estou! Mãe... Falo, quase sem ar.
— Ok, eu te largo. — Mas não fica bravo comigo por isso... Sorry.
— Eu não estou, eu juro. — Já não é tão relevante assim.
Meu telefone vibra no bolso do meu Blaise branco.
— Sim, sim, mãe! Me desgrudo dela e ela me vê ficando tonto.
— Você está bem? Ela ri ao me ver meio sem fôlego.
— Eu poderia morrer... Falo ao pegar o meu telefone.
Tenho uma notificação nova.
— O que foi? Minha mãe me olha enquanto leio a mensagem do Raphael.
— Ele já chegou. — Preciso ir!
— Ah, já? Ela se levanta, assim que nota a minha pressa.
— Vem cá! Ela me pega pelo seu braço antes que eu vá abrir a porta assim que ouço tocar.
— O que é, mãe?
— Você mal fez direito a gravata!
Me aproximei dela e a observo enquanto desfaz aquilo que julguei ser uma gravata perfeita.
Mas aí, ela faz cuidadosamente um novo nó e vai modelando o estilo da nova gravata.
— Você sabe dançar? Minha mãe pergunta ao fazer o segundo nó.
— O quê? Não! — Eu não preciso saber para ir a uma festa.
— Obvio que precisa! — Já pensou se Raphael lhe pede para dançar?
— Isso é improvável.
— E porquê? Afinal são um casal como qualquer outro.
— Sim, mas... Somos dois rapazes e eu não faço ideia de como isso pode fluir bem para nós mesmos.
— Fluirá bem da mesma forma que fluiu quando vocês dois se envolveram.
O quê? NÃO!
Isso é de loucos. Minha mãe está mesmo insinuando ou afirmando o que acredito ter ouvido?
— Mãe, nós... Como? Travo ao falar após a expressão conhecida dela.
Ela certamente sabe.
Não é tão difícil imaginar isso.
É raciocínio rápido e provável.
— Eu já fui adolescente. — E sei perfeitamente que foi até aqui em casa que aconteceu.
— Mas... Mãe? Fico envergonhado.
— O quê foi? Achou que eu não sabia?
— Mas como isso foi possível?
— Vai negar? Ela me encara meio na dúvida.
— Não, mas... Como soube?
Falo, mas quase me escondendo daquele olhar mortífero quando acabo de confirmar.
— Eu sou sua mãe, Jonathan. — Eu sei quando você está ansioso, meio triste e feliz. — Além do mais, vocês não são tão bons a esconder emoções.
— É só isso mesmo? Falo meio na tentativa de saber mais.
— Não. — Encontrei um pacote aberto de preservativo no chão do seu quarto, duas horas depois de chegar de viagem. — Raphael estava consigo quando eu cheguei, então, não foi difícil pensar até aí.
— Ah, que vergonha! Me escondi entre as almofadas.
— Eu sei. — Por isso não falei para você naquele momento. — É um pouco constrangedor.
— Porque então está me falando isso agora?
— Achei que você quisesse ser o primeiro a saber das coisas que são do seu direito.
— Eu... Sei que não queria que eu fizesse isso cá em casa!
— Eu sabia que você me iria desobedecer. — Mas enfim... Eu já não ligo mais. — Estás pronto?
— Mãe... Desculpe! Solto um riso envergonhado.
— Eu desculpo. — Pelo menos você se protegeu.
— Sim. — Ninguém quer ser pai na adolescência. Solto um riso alto.
Como se isso foi possível.
— Ok, apenas vá lá pra baixo. Minha mãe abana a cabeça ao me ver falar. — Que doido!
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Se Eu Fosse Você
RomanceJonathan é um adolescente não assumidamente Queer, que vive na cidade de Jonesborgo, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo apôs se apaixonar por seu colega do ensino médio, Raphael, que aparentemente é heterossexual e isso afeta bastante a relaç...