Capítulo 25🌈

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Tenho uma cicatriz no antebraço esquerdo
que já tem uns 7 anos de existência, tudo porquê da última vez que minha mãe foi pra uma viagem e me deixou sozinho com o Yago em casa, que é a mesma coisa que estar literalmente sozinho em casa.
Minha mãe tinha uma reunião em Iowa, uma cidade vizinha de Joanesburgo, a uns
duzentos quilômetros de carro.
Lembro-me que ela ficou 5 dias seguidos lá e apenas ligava de noite pra saber se nós já tínhamos jantado.
Ela não fazia ideia que era um tédio me deixar ao relento com meu irmão que nem parava em casa.
No 5ª dia de ausência da matriarca, numa noite em que Yago havia saído com os seus amigos até à sala de jogos, eu fiquei sozinho em casa, com fome, frio e medo, pôs, logo que o relógio marcou 21:23 minutos a luz em casa havia sido cortada, e se eu bem me lembro nos tínhamos dívidas não pagas de conta de energia naquela altura.
Numa escuridão tremenda sai da sala e me desloquei até à cozinha a procura de uma vela ou candeeiro á gás para iluminar toda a casa, mas não havia achado por lá.
Forcei minha visão e subi as escadas, lento até ao sótão procurar uma lanterna de luz.
Subindo num banco velho de madeira para chegar até ao armário onde provavelmente deveria estar a lanterna, estiquei meus pés e tentei o máximo apalpar as coisas na nona gaveta que estava no alto.
Quando sinto que peguei a lanterna, perco novamente, como se as lanternas andassem do nada, insisti algumas vezes até pegar em algo que parecia ter a largura e altura da lanterna mas foi só eu puxar até perto de mim para me dar conta que era uma píton escurecida e venenosa, pronta para dar o seu bote, mas fui rápido demais em jogá-la no chão mas ainda assim não fui rápido o suficiente para saltar do banco em que eu pisava quando ele se partiu ainda com os meus pés nele assentes.
Quando ouvi o partir da primeira perna do banco me pendurei rapidamente ao armário que consequentemente ficou em tremeliques por causa do meu peso e veio cair por cima de mim brutalmente sem dar tempo de poder correr para outro lado.
Bati com a cabeça ao chão, me furei com um dos pregos do banco partidos e ainda vi minha vida por um fio quando mais de 67 toneladas de madeira caíram por cima de mim, do armário.
Lembro de ficar inconsciente até ser levado ao hospital e acordar no dia seguinte com o braço todo gessado e o maxilar dormente, e dois dedos sem movimentos e um dente partido. As primeiras pessoas que eu vi foi a minha mãe e Yago quando acordei após a internação no hospital.
A minha mãe estava agitada demais, vi que ela havia chorado pôs os seus olhos estavam bem vermelhos. Me beijou a testa por 2 horas e prometeu-me que jamais me deixaria só novamente, pôs ela receava que algo dê pior voltasse a me acontecer.
Mas acho que ela já perdeu esse medo ou está segura demais que nada poderá me acontecer.
Sei que tudo aconteceu num contexto um tanto quanto diferentes, agora jovem, não teria tanta dificuldade com uma situação do gênero, a qual vivi a 7 anos atrás.
Mas não posso negar que fico um pouco traumatizado com um cenário se repetindo num tempo totalmente distinto.
Tudo ainda é tão real quando fecho os meus olhos.

Pela manhã, acordo um pouco indisposto com uma enxaqueca terrível.
Tomei o meu cereal e o leite pelo pote, quando minha mãe não me vê e logo vou à área de lavagens de roupas, ajudar a minha mãe com as roupas de minha cama.
Mas acabo não ajudando muito pôs passei esmalte incolor nas unhas a uns minutos e não conseguiria ajudar-lá sem danificar a pintura das unhas das mãos.

— Que horas é o voo? Pergunto na área de lavandaria da casa, pela manhã.
— 14:30 minutos. - Estou tão ansiosa.
— Porquê eu só estou sabendo sobre essa viagem em menos de 15 horas? Falo meio tristonho e revoltado.
— Elton me avisou de última da hora, os bilhetes de passagens foram uma oferta dos seus padrinhos de casamento.
— Que ótimo. Repuxo os lábios. — Eu acho isso tudo muito rápido demais.
— Eu também achei... Ela cochicha como se Elton estivesse em casa e ouviria.
— Mãe, você precisa mesmo ir? Cutuco ela com aqueles olhinhos encharcado de umas lágrimas, que ela não vê.
— Óbvio que sim. — O que você tem? Ela me encara meia turbada.
— Nada não. — Só que... Falo um pouco Titubeante.
— Não queres que eu vá?
— Eu quero. - Por favor, só não demore tanto. Suplico fônico.
— São só uma semana. Ela retira a fronha da máquina de lavar.
— Lembra do que aconteceu da última que saíste de casa? Fujo olhar para ela.
— O quê está insinuando? — Que foi culpa minha? - Por ter sido ferido?
— Não. —  Só quero lhe lembrar.
— Saiba que nunca esqueci. — Foi um dos piores dias de minha vida. Ele ergue o rosto para cima e suspira fundo.
— Posso imaginar.
— Não vamos lembrar disso. — Você já não é o Jonathan de 12 anos. — Eu sei que você é a pessoa mais ajuizada que conheço.
— Eu ficarei bem. — Prometo que vou ficar bem longe dos armários! Gargalho.
— E eu já paguei as contas de luz. Ela me olha e juntos rimos até a nossas laringes ficarem dormentes.
— Quero que se divirta imenso. — E que não se preocupe comigo enquanto estiver por lá. Digo não convencido.
— Sério? Ela me olha arqueando as suas sobrancelhas.
— Mais ou menos. Sorrio sem graça. — Promete que vai ligar duas vezes por dia?
— Ligarei seis vezes se for necessário. Ela se enche de emoção.
— Que bom. — Essa casa é tão grande para mim que já começa a me incomodar.
— E nestas horas que sinto saudades do seu irmão, Yago. Confessa pensativa.
— Ele nunca foi uma ótima companhia.
— Mas ao menos ele sabia separar as peças de roupas por cores e sabia cozinhar.
— Que afronta! — Eu estou aprendendo a fazer arroz de ervilhas e frango. Sorrio e vejo o ar de preocupação da minha mãe.
— Tens falado com ele? Perguntei como se não me importasse tanto.
— Sim, mas poucas vezes. Ele inspira e balbucia algumas palavras para Jesus.
— Bem, pelo menos posso trazer Ranger para casa? Sugiro indeciso.
— Acho que sim. — Desde que não deitem fogo à casa e não se peguem as escondidas.
— Mãe! —Não diga isso. — Ranger é um irmão. Reviro os olhos pra ela.
— Ah, me esqueci. — Você gosta é do... qual é mesmo o nome? Ela ri, pensando.
— Pare com isso. — Que vergonha!
— Rafamel? Diz ela desligando a máquina de lavar, ainda rindo um pouco.
— Raphael. Corrijo-a. - E ele não é nada meu... — Ainda. Mordisco os lábios.
— Esse é o espírito. — Mas por favor...
— O quê mãe? Falo meio aborrecido.
— Não traga ele para casa se for para fazer aquelas coisas. Adverte.
— Eu não vou fazer isso. — Sem chances de algo assim acontecer. Repuxo o nariz, por partes tímido.
— Ainda bem. — Pôs eu saberei se algo do tipo acontecer. Ela solta um riso soberbo e sai andando até à cozinha.
— O que quis dizer? Sigo-a. — Tem me expiado cá em casa?
— Não. — Nem preciso. Ela retira os corpos da mesa e põe na pia da louça pra lavar.

Se Eu Fosse VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora