Capítulo 3

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Scarlett

Só me sento na poltrona da sala ainda com uma baita dor de cabeça por causa da noite passada, quando eu cheguei em casa meu pai estava, eu contei tudo para ele por estar completamente bêbada, ele vai falar tanto....

Dagon —deixa eu vê se eu entendi, aproveitou que eu saí para resolver os problemas do meu nível infernal para sair com as suas amigas que não são nem um pouco boas para você? Não pediu minha permissão, cadê sua responsabilidade, Scar?!— diz andando pelo cômodo bravo, eu não tenho voz então não adianta tentar explicar, não vai me ouvir, só ouve o que quer.

—eu sinto muito— falo de cabeça baixa, tentando me manter firme.

Dagon —cada vez mais eu me decepciono mais contigo.— só sinto ainda mais agonia com as palavras dele, eu tenho 19 anos, mas para ele tenho 10, eu quero crescer, mas ele não deixa, não precisaria fugir se ele deixasse eu sair.

Eu fiz tudo que ele achava bom para mim até os 17 anos para ele tentar confiar mais em mim, mas não adiantou, nada é bom o suficiente para ele ver que eu cresci, tô cansada disso.

Vejo minha mãe na porta ouvindo tudo, ela parece extremamente brava com ele, parece inclusive que quer bater nele pela forma que está apertando as mãos, mas tem alguma coisa a impedindo de entrar no assunto.

Talvez seja por causa de ontem, ela tentou me ajudar e os dois discutiram, papai disse que ela não é minha mãe de verdade e que não deveria se meter nisso, ela parou de falar com ele no mesmo momento e até agora não voltou a falar. Eu só consigo destruir tudo a minha volta com o que faço, tenho medo que eles briguem mais e ela vá embora.
(...)

Depois de ouvir o sermão de horas do meu pai só fui para o meu quarto  ficar olhando para o teto já que me proibiu de sair e colocou um servo para ficar me seguindo.

Me levanto ainda desanimada com tudo isso, com minha vida em si, acabo escutando uma discussão no quarto dos meus pais, sei que é isso pois levantaram a voz.

Coloco meu ouvido na porta mesmo vendo que Ariane esta a ver tudo.

Dagon —eu está com raiva pirralha.

Mia —sempre esta com raiva então, pois sempre diz que não sou mãe dela, ou insinua isso indiretamente, eu sei muito bem que ela não nasceu de mim, mas cuido dela desde os 3 anos. Eu tô cansada disso, você nunca me ouve, eu prefiro estar no meu nível infernal já que lá pelo menos sou ouvida.

Dagon —sempre a defende, mesmo ela estando errada.

Mia —então fazer o contrário do que você quer é estar errada né?!  Ela vai fazer 20 anos, por quanto tempo vai controlar o que ela deixa ou não de fazer? Eu desisto disso, você nunca me inclui nas suas decisões, nunca. Pensei que viveríamos em completa união quando me deu esse anel, mas nosso "casamento" é tão falso quando essa família feliz. Preciso de um tempo.

Dagon —por favor, espera Mia.

Mia —não me toque! Eu queria saber como seria se Eliza estivesse aqui, que desculpa iria dar para tirar meu direito de decidir sobre a vida dela.

Só corro para trás de uma parada já que parece que ela vai sair.

Escuto a porta sendo aberta, minha mãe sai primeiro e depois papai sai logo atrás dela.

Dagon —aonde vai?— pergunta segurando a mão dela.

Mia —para meu castelo, agora me solta antes que eu me irrite mais.— meu pai só faz o que ela diz sem pensar muito.

Dagon —fica pirralha, por favor.— vejo que ela só some sem nem olhar para ele.

Eu espero que mamãe volte, ela precisa voltar, quem mais vai ficar ao meu lado se ela decidir terminar tudo com meu pai, para quem vou poder contar meus segredos, eu não sei como lidar com meu pai sem ela aqui.

Eles não são casados na tradição infernal, não tem nenhum papel que comprove a união dos dois, se casaram em um pequeno jantar pessoal,  um voto somente entre os dois já que Mia não gosta de burocracias.

Ariane —não se preocupe, isso sempre acontece desde o início, Mia vai voltar e se não fizer isso seu pai vai atrás dela, eles se amam e não é tão fácil quebrar o laço que os uni, não sabem viver sem o outro.

—da forma que você falou parece que eles tem dependência emocional.— falo pois realmente parece.

Ariane —talvez eles tenham, mas são felizes juntos, o que dificulta tudo isso é seu pai que nega que precisa deixar a filhotinha dele sair do ninho, a preocupação que ele tem por você é maior que tudo.

—eu só quero saber quando isso vai passar, eu quero viver.

Ariane —ser filhinha do papai não deve ser tão ruim quando você faz parecer.— ela não sabe de nada.

—meu pai afogou o garoto que deu meu primeiro beijo, disse para todos os demônios do inferno que se tocarem em mim vão ser castrados logo depois do beijo, me proibiu de namorar até os 18 anos e quando fiz 18 ele aumentou para 20, quando eu fizer 20 vai aumentar para 30.— falo ficando deprimida só de lembrar.

Ainda bem que não contei sobre o Asura para meu pai, não sou tão retardada assim estando bêbada.

—eu devia ter nascido homem, duvido que seria tratada com tanta proteção, ele iria me deixar lutar e sair sozinha, seria o orgulho dele.— falo pois essa vida me cansa.

Ariane —é a primeira filha dele, é normal tanta proteção, ele leva tudo que acontece ao pé da letra por estar no inferno, não confia em nenhum demônio pois sabe que podem fazer algo com você, mesmo sendo parente ou melhor amigo.

Vou para o meu quarto já que estou de castigo, pelo lado bom minha mãe pode sempre tacar na cara dele que também é rainha e tem um castelo, que não precisa dele para nada. Eu quero tanto ser igual a ela quando crescer.

Meu Mestre, Meu ProblemaOnde histórias criam vida. Descubra agora