Capítulo 84

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Asura

Hoje é o dia da minha coroação como rei do inferno. Após anos de treinamento e responsabilidades impostas por meu pai, Dantalion, finalmente assumirei o trono. Não há sentimentos de excitação ou orgulho dentro de mim; apenas a compreensão clara do dever que me foi atribuído.

Meu pai, Dantalion, estava de pé, imponente como sempre. Sempre mostrando autoridade e força. Mas havia algo diferente em seus olhos, uma suavidade que eu raramente via. Ele ergueu a voz, projetando-a para toda a sala.

— Hoje, eu, Dantalion, passo o trono do Inferno para meu filho, Asura. Por muitos anos, carreguei a responsabilidade de governar, mas agora é hora de passar esse fardo. — Ele fez uma pausa, seu olhar encontrando o meu. — Asura, sinto orgulho de quem você se tornou. Você é forte, inteligente e, acima de tudo, um líder nato.

Aquelas palavras me fazem sentir estranho. Meu pai não era de elogios fáceis, e ouvi-lo expressar orgulho era uma experiência rara.

Serena estava ao meu lado, segurando a mão de nosso filho, Vayron. Os olhos de Vayron brilhavam, refletindo a excitação e admiração que ele sentia. Ele parecia uma miniatura minha, com seus cabelos pretos ondulados e olhos azuis intensos. A maneira como ele me olhava me fez perceber que, um dia, ele também almejaria estar nesse mesmo lugar. Isso me trouxe uma sensação inesperada de orgulho e proteção.

Minha mãe, Sarah, se aproximou. Seu rosto irradiava uma mistura de alegria e emoção. Ela me abraçou com força, algo raro para ela.

— Meu filho, estou tão orgulhosa de você — sussurrou ela. — Ver você chegar até aqui é um sonho realizado para mim.

Aquele abraço, mais do que qualquer palavra, transmitiu o amor incondicional que ela sempre teve por mim.

Dantalion segurou a coroa que por tanto tempo simbolizou seu poder. Seus olhos estavam fixos nos meus, como se quisesse passar mais do que apenas um objeto físico.

— Ao colocar esta coroa em sua cabeça, Asura, saiba que está assumindo uma responsabilidade imensa. Mas também está recebendo a confiança de todo o Inferno. Lembre-se disso em cada decisão que tomar. — Ele colocou a coroa sobre minha cabeça com cuidado.

O peso da coroa era tangível, mas com ele veio uma sensação de propósito renovado. Virei-me para Serena e Vayron, e fiz um gesto para que se aproximassem. Serena estava deslumbrante em seu vestido, e Vayron, ao seu lado, parecia um pequeno príncipe que agora realmente era.

Sarah então se aproximou de Serena, retirou sua própria coroa de rainha e a colocou delicadamente na cabeça de Serena. Foi um gesto solene e cheio de significado. Sarah, em seguida, fez uma reverência a nós e se retirou para ficar ao lado de Dantalion.

— Agora, vocês são os líderes deste reino — disse Dantalion, sua voz firme. — Governem com força e sabedoria.

A sala explodiu em aplausos. Olhei para Serena, que sorria com orgulho, e depois para Vayron, cujos olhos brilhavam de excitação. Sabia que esse momento ficaria gravado em suas memórias para sempre.

Scarlett

Os últimos sete anos foram uma montanha-russa de desafios e vitórias. Conseguir mais dois níveis infernais foi uma conquista imensa, mas também um fardo que precisei aprender a carregar. Minha família, sempre preocupada, insistia em ajudar a administrar meus territórios, e eu, relutantemente, acabei aceitando. Mia, minha mãe, foi particularmente persuasiva por causa da minha saúde, meu pai não disse nada, mas estava bravo, por eu cada vez me esforçar mais.

Minha reputação no Inferno cresceu exponencialmente. As fofocas e boatos de outrora, que me rotulavam de imprudente e promíscua, foram lentamente sendo substituídos por histórias de minha competência e visão. Eu me tornei uma das lordys mais importantes e ricas do Inferno, e isso não veio sem um preço. As responsabilidades eram esmagadoras, mas eu estava determinada a mostrar que uma mulher poderia ser forte e independente, governando com inteligência e graça.

Hoje, ao caminhar por um de meus castelos, refletia sobre como minha vida havia mudado. As muralhas altas, decoradas com bandeiras que representavam meus reinos, eram um lembrete constante de tudo que conquistei. As saudações respeitosas dos guardas e servos reforçavam meu status e importância.

Ainda assim, não pude evitar uma sensação de vazio. O poder que conquistei, embora satisfatório, não preenchia completamente as lacunas deixadas por escolhas difíceis. Pensei em Arlan e no que poderia ter sido. Ele havia sido uma figura importante, e o que eu fizera com nosso relacionamento ainda me pesava.

Enquanto caminhava pelos corredores, cruzei com Mia. Ela estava supervisionando alguns dos servos, assegurando-se de que tudo estava em ordem. Sua expressão suave se iluminou ao me ver.

— Scarlett, como está se sentindo hoje? — perguntou ela, um brilho de preocupação em seus olhos.

Sorri para ela, tentando aliviar suas preocupações.

— Estou bem, mãe. Apenas mais um dia atarefado — respondi, tentando parecer despreocupada.

Mia suspirou, balançando a cabeça levemente.

— Sei que você gosta de se manter ocupada, mas precisa se cuidar. Lembre-se do que o médico disse. Você está se esforçando demais.

Revirei os olhos, mas com um sorriso.

— Eu sei, eu sei. Prometo que estou tentando. Mas é difícil parar quando há tanto a fazer.

Ela me olhou com ternura, mas também com a firmeza de uma mãe preocupada.

— Scarlett, eu entendo seu desejo de governar e proteger seus reinos, mas sua saúde é mais importante. O poder não vale nada se você não estiver aqui para aproveitá-lo.

Antes que eu pudesse responder, senti uma presença familiar. Dagon, meu pai, descia as escadas. Sua expressão era séria, como sempre. Ele se aproximou de nós, cruzando os braços.

—Scarlett, eu não quero entrar nesse assunto para me irritar de novo, então só peço que se case, o tempo está passando e você está aí encalhada— as palavras de meu pai foram tão de repente que me deixaram sem palavras.

—carneiro, isso foi meio que desnecessário— minha mãe parece estar sem saber o que falar também.

—antes que abra a boca para falar que tem todo tempo do mundo, você não tem, não se esforçando dessa forma, e eu já tentei de tudo para você desistir e voltar para casa, mas ainda assim se nega, parece que arrumou outros níveis de rebeldia até— ele está extremamente irritado.

—você fala como se arrumar um marido fosse algo fácil, conhecer pessoas é  trabalhoso, ainda mais um que vá me tratar como eu mereça— digo e ele respira fundo.

—sei, e você deixou alguém assim ir embora, o homem que de desonrou deveria casar contigo, mas você não quis ele— meu pai ainda pensa que é verdade que Arlan foi meu primeiro homem.

—não foi ele que me desonrou, só falou aquilo para tentar amenizar a situação na época, ele não tem nenhuma responsabilidade enquanto a mim, além disso, a culpa de vocês terem se afastado é completamente minha,  agora deixe ele viver a vida dele longe de mim, se não voltou é porquê não sente saudades, além disso, ele vê o futuro, se não está aqui é porque não existe um— minha mãe ficou totalmente em silêncio ao ouvir minhas palavras.

—somos nos que decidimos nosso futuro, Scarlett— minha mãe está seria.

—vou para meu quarto descansar um pouco— falo forçando um sorriso e me afastando deles rapidamente pela fraqueza momentânea.

Talvez eu realmente deva me casar, pois é a única forma de eu manter tudo que eu tenho e não arriscar acabar morrendo de exaustão.

Meu Mestre, Meu ProblemaOnde histórias criam vida. Descubra agora