A suave luz do crepúsculo infernal filtrava-se pelas janelas do castelo, lançando sombras longas e sinuosas nos corredores de pedra. Asura caminhava com passos firmes e silenciosos, o som de suas botas ecoando suavemente contra o chão de mármore. O príncipe do inferno sempre fora uma figura de autoridade e distanciamento, mas nos últimos meses, algo em sua postura havia mudado.
Ele se dirigia ao quarto de Serena, onde sua esposa estava descansando após o nascimento de seu filho. Serena, sempre serena e graciosa, enfrentara a gravidez com uma força silenciosa, e agora estava se recuperando com o pequeno nos braços. Asura abriu a porta do quarto sem fazer barulho, encontrando Serena sentada na cama, amamentando o recém-nascido.
O bebê era pequeno e frágil, mas havia algo de intenso e poderoso em seus olhos, mesmo nessa idade. Os servos e conselheiros do castelo já sussurravam sobre o futuro do menino, especulando sobre suas possíveis habilidades e o papel que ele desempenharia no reino. Serena ergueu o olhar ao ver Asura entrar, um sorriso suave nos lábios.
— Ele acabou de dormir, — disse ela, sua voz suave e tranquila. — Está exausta, mas parece tão sereno.
Asura se aproximou, olhando para o rosto pequeno e adormecido do filho. Havia uma estranha sensação de conexão, uma sensação de responsabilidade que ele nunca imaginara sentir. Não era amor no sentido tradicional — ele sabia que seus sentimentos estavam em grande parte suprimidos pela poção —, mas havia um instinto profundo de proteger aquela pequena criatura. Ele sabia que o menino era uma extensão de sua linhagem, uma parte de si mesmo e de Serena.
— Ele é forte, — Asura murmurou, observando o bebê. — Mesmo agora, posso sentir a energia nele.
Serena assentiu, acariciando suavemente a cabeça do bebê.
— Ele é, — respondeu ela. — Nós decidimos um nome?
Asura pensou por um momento. Ele queria algo que simbolizasse força e poder, algo que se adequasse àquele que um dia poderia governar ao seu lado. Após alguns segundos, ele olhou para Serena e disse:
— Vayron.
Serena sorriu, aprovando a escolha. Era um nome curto, forte e carregado de significado. Um nome digno de um herdeiro do inferno.
— Vayron, — repetiu Serena suavemente, testando o nome em seus lábios. — É perfeito.
Asura sentiu uma onda de satisfação ao ouvir o nome. Era apropriado, uma escolha que refletia o futuro que ele esperava para o filho. Ele estendeu a mão, tocando suavemente o pequeno Vayron, sentindo a suavidade da pele do bebê. Pela primeira vez, ele se permitiu um momento de vulnerabilidade, permitindo que o momento se estabelecesse em sua mente. Havia uma vida ali, uma vida que ele ajudara a criar. E, por mais que suas emoções estivessem entorpecidas, ele sabia que protegeria Vayron com tudo o que tinha.
— Ele será forte, — disse Asura, mais para si mesmo do que para Serena. — Ele precisará ser, neste mundo.
Serena olhou para o marido, notando a mudança em sua voz. Havia uma nota de algo mais ali, algo que ela não ouvira antes. Talvez fosse o começo de um vínculo, uma conexão que Asura não sabia que era capaz de formar.
— Nós o protegeremos, — respondeu Serena, sua voz firme. — Nós seremos uma família, não importa o que aconteça.
Asura olhou para Serena, vendo a determinação nos olhos dela. Havia uma força em Serena que ele sempre admirara, uma força que o atraíra para ela desde o início. E agora, ao lado dela e de Vayron, ele sentia um novo senso de propósito. Não era apenas o dever que o movia, mas uma responsabilidade que ele nunca soubera que poderia assumir.
— Ele é o futuro, — disse Asura, seus olhos fixos no filho adormecido. — E eu farei o que for preciso para garantir que ele tenha o melhor que o inferno pode oferecer.
Enquanto a noite se instalava sobre o reino, Asura permaneceu ao lado de Serena, observando a pequena figura de Vayron em seus braços. Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, cheio de desafios e incertezas. Mas, naquele momento, tudo parecia valer a pena. Pela primeira vez, ele sentia que estava no caminho certo, que tinha algo pelo que lutar.
E, mesmo que não pudesse sentir amor da maneira que a maioria o faz, ele sabia que faria de tudo para proteger seu filho. Porque, no fundo, ele sabia que Vayron era o legado que ele deixaria para o mundo, a esperança de um futuro que ainda estava por vir.
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Meu Mestre, Meu Problema
RomanceScarlett Meu nome é Scarlett, sou uma demônia meio raposa, sou filha do demônio mais forte do inferno, mas ele é somente considerado o guardião do lugar, minha mãe me abandonou quando nasci, mas não quer dizer que não tenho uma referência materna, m...