Scarlett suspirou enquanto se dirigia à casa de seus pais. Havia recebido uma ligação urgente de seus irmãos, Henri e Belial, pedindo ajuda com a mãe, Mia, que aparentemente estava mais irritada do que o habitual. Ela sabia que, com a aproximação de eventos importantes no inferno, Mia poderia estar sobrecarregada, mas uma parte de Scarlett suspeitava que a irritação da mãe era mais uma consequência das ações de seus próprios irmãos.
Ao chegar, Scarlett encontrou a casa envolta em uma atmosfera tensa. O som de vozes elevadas ecoava pelo corredor, e ela não pôde deixar de revirar os olhos ao ouvir a voz de Belial reclamando de algo.
Ela entrou na sala de estar e encontrou Mia, Dagon, Henri e Belial. Mia estava no centro da sala, com as mãos na cintura, parecendo exasperada. Henri estava sentado em um sofá, aparentemente alheio à tensão, enquanto Belial gesticulava exageradamente, claramente no meio de mais uma de suas habituais tiradas.
— Ah, finalmente! — exclamou Belial ao vê-la. — A princesa decidiu descer do seu trono para nos agraciar com sua presença.
Scarlett deu-lhe um olhar frio e forçou um sorriso.
— Bom ver você também, Belial. Como sempre, sua falta de charme é impressionante, — respondeu ela, aproximando-se de Mia. — O que está acontecendo aqui?
Mia suspirou, esfregando as têmporas.
— Esses dois, — ela gesticulou para Henri e Belial, — estão me enlouquecendo com suas constantes discussões e reclamações. Belial está especialmente insuportável hoje.
Henri levantou os olhos, dando de ombros.
— Eu só estava dizendo que talvez ele pudesse ajudar um pouco mais, em vez de só criticar o tempo todo, — disse ele calmamente.
Belial bufou, cruzando os braços.
— Claro, porque você é um exemplo brilhante de trabalho árduo, Henri. Pelo menos eu tenho opiniões, ao contrário de alguns, — retrucou, lançando um olhar desdenhoso ao irmão.
Scarlett respirou fundo, tentando manter a calma. Havia uma razão para ela evitar encontros familiares com frequência. As constantes brigas e a atitude superior de Belial eram difíceis de suportar.
— Podemos parar com isso? — disse ela, tentando mediar a situação. — Mãe, eu vim aqui para ajudar. O que posso fazer para aliviar um pouco a sua carga?
Mia olhou para Scarlett com gratidão.
— Eu só queria um pouco de paz, sinceramente. Mas se você puder me ajudar com alguns dos preparativos para o evento de amanhã, seria ótimo, — disse ela, parecendo mais aliviada com a presença da filha.
Dagon, que até então estivera em silêncio, finalmente se pronunciou.
— Vocês dois precisam aprender a se controlar, — disse ele, olhando para Belial e Henri. — É desgastante para todos, especialmente para sua mãe.
Belial rolou os olhos, mas ficou em silêncio, claramente pouco inclinado a continuar a discussão com o pai presente. Henri simplesmente assentiu, voltando a se concentrar em um livro que estava lendo.
Scarlett se aproximou de Mia e colocou uma mão em seu ombro.
— Não se preocupe, mãe. Vamos resolver tudo, — disse ela suavemente.
Mia sorriu, parecendo mais tranquila.
— Obrigada, querida. Eu realmente aprecio isso, — respondeu ela.
Enquanto Scarlett ajudava Mia a organizar os detalhes para o evento, notou que Belial continuava a observá-la com um olhar crítico. Ela tentou ignorá-lo, mas sabia que ele estava apenas esperando uma oportunidade para começar mais uma de suas provocações.
— Então, Scarlett, ouvi dizer que você tem andado bastante ocupada com seus "negócios", — disse Belial, enfatizando a última palavra com um tom de desdém. — Deve ser difícil para você, tentando se comportar como uma líder, quando sabemos que seu verdadeiro talento é... bem, menos formal.
Scarlett respirou fundo, sentindo a raiva começar a borbulhar, mas se forçou a manter a compostura.
— Sim, Belial, eu estou ocupada com os negócios do meu reino. Algo que você talvez não entenda, já que parece estar mais interessado em criticar os outros do que em realizar algo por conta própria, — respondeu ela, mantendo a voz controlada.
Henri, observando a troca, levantou uma sobrancelha, mas não interveio. Dagon, por outro lado, lançou um olhar de advertência para Belial.
— Chega, Belial. Você sabe que Scarlett tem feito um excelente trabalho, mesmo que você não concorde com seu estilo, — disse Dagon, com uma voz firme.
Belial bufou, mas não disse mais nada. Scarlett lançou um olhar agradecido para o pai e voltou sua atenção para Mia, que parecia cansada com toda a situação.
— Sério, mãe, você não deveria se preocupar tanto. Eu e Henri podemos ajudar com os preparativos. E tenho certeza de que, se Belial parar de ser um chato por cinco minutos, ele também pode ser útil, — disse Scarlett, tentando aliviar a tensão com um sorriso.
Mia riu levemente, balançando a cabeça.
— Eu espero que sim. Talvez todos nós possamos trabalhar juntos para uma vez, — disse ela, olhando para os filhos com um olhar esperançoso.
Scarlett continuou a ajudar com os preparativos, tentando não deixar que as constantes provocações de Belial a afetassem. Embora ele sempre tivesse sido difícil de lidar, ela sabia que, no fundo, ele apenas queria atenção e reconhecimento. Ainda assim, era cansativo lidar com sua atitude constantemente crítica e conservadora.
Após algum tempo, Henri se levantou e se aproximou de Scarlett.
— Ei, posso ajudar com algo mais? — perguntou ele, tentando oferecer alguma ajuda.
Scarlett sorriu para ele, apreciando o gesto.
— Claro, Henri. Vamos terminar de arrumar isso aqui, — disse ela, indicando uma pilha de documentos e listas de tarefas.
Enquanto trabalhavam, Scarlett não pôde deixar de pensar na situação de sua família. Apesar das constantes brigas e desentendimentos, ela sabia que todos se preocupavam uns com os outros, mesmo que nem sempre fosse evidente. E, apesar de tudo, ela amava sua família, incluindo o difícil Belial.
Depois de algum tempo, tudo estava finalmente pronto para o evento do dia seguinte. Mia parecia mais relaxada, e até Belial havia contribuído de alguma forma, mesmo que resmungando o tempo todo. Scarlett olhou para sua família e sentiu uma mistura de emoções. Apesar de todas as diferenças e conflitos, havia uma ligação forte entre eles, algo que ela sempre valorizaria.
— Bom trabalho, todos, — disse Dagon, olhando para os filhos com um olhar de aprovação. — Agora, vamos todos descansar. Amanhã será um dia longo.
Com um aceno de cabeça, todos começaram a se dispersar. Scarlett se aproximou de Mia e lhe deu um abraço.
— Você vai ficar bem, mãe. Nós vamos lidar com isso juntos, — disse ela suavemente.
Mia sorriu, abraçando a filha de volta.
— Eu sei, querida. Obrigada por estar aqui, — respondeu ela, com gratidão evidente em sua voz.
Scarlett se afastou, sentindo uma estranha sensação de paz. Apesar dos desafios e das constantes tensões, havia algo reconfortante em estar com sua família. E, independentemente do que acontecesse, ela sabia que sempre estaria lá para eles, assim como eles estariam lá para ela.
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Meu Mestre, Meu Problema
RomansScarlett Meu nome é Scarlett, sou uma demônia meio raposa, sou filha do demônio mais forte do inferno, mas ele é somente considerado o guardião do lugar, minha mãe me abandonou quando nasci, mas não quer dizer que não tenho uma referência materna, m...