Capítulo 22

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Scarlett

Só saio do meu quarto apressada ao ouvir das empregadas que minha mãe está tanto a luz. Eu tô preocupada e animada ao mesmo tempo.

Logo logo meu irmãozinho vai nascer, estou louca para poder segurar ele.

Fico sentada na sala de espera, meu pai já chegou e foi correndo para o lado da minha mãe,  queria entrar para dar apoio a ela, mas as médicas só deixam o marido. Pelo menos sei que ela está em boas mãos.

Ariane —animada para conhecer seu novo irmão né?— pergunta me olhando,  ela é a governanta do castelo do meu pai, isso significa que manda nas empregadas, minha mãe gosta muito dela, pois conviveram muito tempo juntas quando veio para o inferno, viraram amigas.

—sim, eu quero muito que tudo de certo, quero que minha mãe possa segurar seu filho,  sei o quanto ela sofreu sem a filha aqui com ela, talvez se sinta verdadeiramente completa agora— ela sempre diz que sou o suficiente,  mas os olhos dela não mentem, sente muita falta da Eliza,  muita mesmo.

Sei que esse bebê não  vai substituir ela, mas dará mais alegria a essa casa, sei disso. Espero que ele não seja um irmão ciumento igual o papai,  pois não  vou aguentar ser duplamente  protegida.

Sou tirada de meus pensamentos quando ouço o choro forte de um bebê, mas logo depois escuto outro.

Só  abro um sorriso ao pensar na possibilidade de ser gêmeos,  quero muito entrar para ver, mas preciso que me deixem entrar.

Maria —Scar, pode entrar para ver seus irmãos.— diz normalmente da porta.

Só  me levando animada e entro na sala, vejo Mia com um sorriso no rosto segurando um menino de cabelos castanhos e olhos da mesma cor, meu pai está no lado dela segurando  um menino de olhos castanhos e cabelo preto.

Eles parecem felizes, meu pai está com uma expressão de felicidade quase surreal,  não está com um grande sorriso no rosto,  mas os olhos dele brilham de felicidade ao ver os filhos. Eu sei que não deveria estar pensando nisso, mas me pergunto se ele me olhou assim quando nasci, se ficou feliz mesmo quando descobriu que eu era uma menina.

Eu meio que me sinto uma intrusa aqui, eles estão felizes juntos,  não quero atrapalhar,  eles nem me notaram, pois estão  muito fixados nos novos membros da família.

Só  me viro para sair, mas quando chego na porta ela se fecha, não preciso ser adivinha, foi meu pai que fez isso.

Dagon —nem pense em sair, eu não sei o que está pensando Scar, mas sinto que parece um pouco triste, vem cá,  segura um pouco seus irmãos,  eles vão precisar da irmã mais velha.— meu pai está me olhando de forma calma e compreensiva.

Só concordo com a cabeça,  me aproximo deles e Mia estende as mãos para me dar seu filho de cabelos castanhos. Seguro meu irmão com cuidado que para de chorar quando olha para meus olhos verdes.

Mia —você tem vocação para ser mãe, ele gostou de  você.— diz enquanto me olha ninando ele.

—você acha?— pergunto com um sorriso  meio sem jeito.

Mia —acho que você vai ter uma família linda no futuro.— diz com um sorriso alegre, mas cansado, provavelmente pelo parto.

Dagon —ela não precisa de outra família,  já  tem a nossa, é o suficiente não é Scar?— acho que ele tem medo de me perder, tanto para algum futuro pretendente quando para a possibilidade de eu morrer no parte, pois raposas são  muito sensíveis e delicadas para passar por alguém cirurgia ou ferimento.

—eu vou pegar um ar.— falo entregando meu irmão para Mia, logo depois saio da sala apressada.

Vou para o jardim onde acabo encontrando Arlan, o terceiro pilar do inferno,  o terceiro mais forte depois do meu pai e  do Dantalion.

Arlan —parece um pouco nervosa, não esta feliz pelo nascimento dos seus irmãos ou é ciúme?— pergunta normalmente olhando para mim.

Não tem porque mentir para alguém que vê  o futuro, além disso, não  sinto necessidade disso, quero desabafar e conversar.

—um pouco de ciúme, mas estou feliz sim, acho que é normal sentir isso.— pois vou me sentir muito mal se não for.

Arlan —é normal sim, mas saiba que seu pai nunca sairá do seu pé, você é a primeira filha dele, é a que ele mais vai proteger por medo de algo acontecer,  não quer cometer erros como pai.— talvez esse medo dele de cometer erros que vai acabar fazendo  ele cometer.

—ele nunca vai aceitar ninguém que eu namorar não é?— pergunto pois sei que pode me responder.

Arlan —ele vai desde que sinta que você vai estar bem, que poderá confiar no seu parceiro.— me pergunto quanto tempo isso demorará.

—e imagino que esse parceiro não deverá querer ter filhos também. — digo em um tom sarcástico.

Arlan —você quer ter filhos Scar?— essa pergunta foi repentina e estranha.

—eu não sei.— talvez eu quisesse, mas o medo de morrer no parto é maior.

Talvez meu pai tenha razão em querer que eu fique sozinha,  eu tenho minha família,  não acho que precise de mais alguém, mas ainda assim me sinto incompleta,  é muito estranho esse sentimento.

Arlan —seu pai só quer que seu futuro genro sempre coloque sua vida em primeiro lugar. Não precisa ficar pensando em ficar solteira para resto da vida. Você nasceu sem asas, mas ainda assim é uma passarinha que precisará sair do ninho para seguir sua vida.  As coisas funcionam assim.— ele tem razão, eu preciso seguir minha vida em algum momento, só ainda não sei como ou com quem.

—parece ser tão sábio, mas ao mesmo tempo não. — falo e ele me olha com a sobrancelha levantada sem entender.

Arlan —por que eu não pareço ser sábio?— diz curioso para saber o motivo.

—não é velho, parece novo, e não tem família.— digo normalmente  é ele fica me olhando.

Arlan —eu tenho quase a idade do seu pai.— diz normalmente e eu só rio.

—isso deveria ser um elogio e não uma ofensa.— digo brincando.

Arlan —acho melhor eu ir,  Dagon vai estar muito ocupado cuidando dos filhos para resolver os problemas dos níveis infernais. — diz se virando.

—que problema?— pergunto curiosa.

Arlan —o oitavo nível está sem rei,  preciso acalmar a população infernal e matar os monstros.— diz normalmente e algo passa na minha cabeça.

—eu posso ajudar? Quero me tornar rainha do lugar.— pergunto animada,  vejo que ele fica me olhando por um tempo em silêncio,  provavelmente está pensando no que meu pai acha disso.

Arlan —por mim tudo bem, mas é melhor seu pai não saber que eu ajudei você. — diz me olhando sério.

Só faço um sinal de zíper na boca, como se estivesse a fechando.

—minha boca é um túmulo, vamos?— pergunto e ele só se vira e caminha, acho que foi um sim.

Meu Mestre, Meu ProblemaOnde histórias criam vida. Descubra agora