Capítulo 44

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Scarlett

Desde que Arlan e eu nos entregamos à tentação, a dinâmica entre nós mudou. Nossas noites se tornaram um misto de trabalho árduo e momentos de paixão, enquanto tentávamos equilibrar nossas responsabilidades com nossos desejos.

Estamos no salão de reuniões, revisando um plano de infraestrutura para o reino. Arlan está concentrado nos documentos, mas posso ver a tensão em seus olhos. Apesar de estarmos cumprindo nossos deveres, a atração entre nós é inegável.

"Scarlett, este relatório precisa ser revisado antes da próxima reunião com os conselheiros," ele diz, entregando-me um pergaminho. Nossos dedos se tocam, e sinto um arrepio subir pela minha espinha.

"Claro, Arlan," respondo, tentando manter a compostura. Mas meus olhos traem meus sentimentos, lingerando nos dele por um momento a mais.

As noites se tornam um refúgio para nós. Quando o castelo está quieto, encontramos conforto um no outro. Mas sei que Arlan luta com isso. Seu respeito por Dagon é profundo, e ele se culpa por ceder ao desejo.

Numa dessas noites, estamos deitados juntos, o calor de nossos corpos dissipando as dúvidas temporariamente. "Arlan," sussurro, traçando um dedo pelo contorno de seu rosto. "Estou feliz que estejas aqui comigo."

Ele suspira, segurando minha mão. "Scarlett, não podemos continuar assim. Isso está errado, e você sabe disso."

"Mas eu preciso de você," respondo, a voz cheia de emoção. "Você é o único que realmente me entende, que está ao meu lado."

Arlan não responde, mas sinto o conflito dentro dele. Ele se afasta lentamente, seu olhar cheio de tristeza. "Temos que ser fortes. Pelo reino e por nós mesmos."

Nos dias seguintes, Dagon percebe a tensão entre nós. Sua desconfiança cresce, e sei que é apenas uma questão de tempo antes que ele descubra a verdade. E ele descobre, mais rápido do que esperávamos.

Estou no trono, revisando documentos, quando Dagon entra furioso no salão. "Scarlett, preciso falar com você. Agora."

Meu coração acelera, e sei que ele descobriu. "O que houve, pai?"

"Você sabe muito bem o que aconteceu," ele diz, a voz carregada de raiva e decepção. "Arlan. Você e ele. Como puderam?"

Tento manter a calma, mas as palavras de Dagon me atingem como um golpe. "Pai, eu..."

"Silêncio!" ele interrompe. "Eu confiava em você, Scarlett. E você me traiu."

Arlan entra no salão, o rosto pálido. "Dagon, eu posso explicar."

Dagon o encara com uma fúria gelada. "Não há explicações, Arlan. Você era meu amigo, meu conselheiro. E agora isso."

Arlan abaixa a cabeça, a culpa evidente. "Sinto muito, Dagon. Eu não deveria ter... permitido isso."

Dagon balança a cabeça, visivelmente desgostoso. "Você não é mais bem-vindo aqui, Arlan. Vai embora."

Antes que Arlan pudesse responder, Dagon avança e o atinge com um soco forte no rosto. Arlan cambaleia para trás, segurando a mandíbula, a dor e a surpresa estampadas em seu rosto.

"Isso é pelo que você fez, seu traidor," rosna Dagon, sua voz cheia de mágoa. "Eu te considerava um irmão, Arlan. Como pôde?"

Arlan recupera o equilíbrio e olha para Dagon, a dor no olhar refletindo mais do que apenas o golpe físico. "Dagon, eu sei que errei. Mas meus sentimentos por Scarlett são verdadeiros."

Dagon ergue a mão novamente, mas eu me interponho entre eles. "Pai, por favor! Isso não resolve nada. Nós precisamos conversar, não brigar."

Os dias se passam, e a situação no castelo torna-se cada vez mais tensa. Apesar de Arlan e eu termos decidido manter a distância, nossos sentimentos são difíceis de ignorar. Tento me concentrar nas minhas responsabilidades como governante, mas a presença de Arlan sempre paira em minha mente.

*******

Um dia, Arlan aparece no meu gabinete com uma expressão séria. "Scarlett, precisamos conversar," diz ele, sua voz carregada de preocupação.

"Claro, Arlan. O que houve?" pergunto, levantando-me da mesa.

"Eu tomei uma decisão," ele começa, evitando olhar diretamente para mim. "Vou pedir sua mão em casamento a Dagon."

Meu coração dispara. "O quê? Arlan, você não precisa fazer isso."

"Eu preciso," ele insiste. "Dagon acha que fui eu quem tirou sua virtude. É a única maneira de reparar isso e manter a honra de todos."

Sinto um nó na garganta, mas concordo em acompanhá-lo até a sala do trono, onde meu pai está, Dagon nos observa com um olhar penetrante, claramente esperando uma explicação.

"Dagon" começa Arlan "Peço a mão de Scarlett em casamento. Sei que errei e quero fazer o certo."

Dagon fica em silêncio por um momento, observando-nos. "Se acha que isso vai reparar o erro, Arlan, então aceito sua proposta, mas minha confiança não sei se conseguirá de volta, eu confiei em você, deixei minha família em suas mãos e você desonra minha filha."

Meu pai fala como se eu tivesse uns 15 anos, como se não soubesse o que estou fazendo.

Eu quero dizer que Arlan não me desonrou, mas se eu fizer isso vai sobrar para o Lui, meu pai não vai parar até saber quem foi para matar. Eu não tenho problema nenhum em falar, mas vou ter que tomar o maior cuidado para ele não descobrir.

O alívio é breve, pois antes que eu possa me conter, as palavras saem da minha boca. "Não."

Um silêncio esmagador toma conta da sala. Dagon me olha com surpresa e raiva. "O que disse, Scarlett?"

"Eu disse que não," repito, minha voz firme. "Não quero me casar agora. Gosto de Arlan, quero ficar com ele, mas não quero um marido."

A expressão de Dagon muda para fúria. "Você está ficando libidinosa, Scarlett. Agindo como uma... como uma..."

"Puta?" completo, minha voz fria. "É isso que você quer dizer, pai?"

Arlan intervém, levantando-se. "Irmão, não fale assim com ela. Scarlett é uma líder forte e independente. Ela tem o direito de escolher seu próprio caminho."

Dagon o encara com uma fúria ardente. "Você não tem o direito de interferir. Esta é uma questão de família."

A raiva em mim cresce, e minha paciência se esgota. "Chega! Os dois, fora daqui! Agora!"

Ambos me olham surpresos, mas minha determinação não vacila. "Vocês ouviram. Saiam."

Dagon, com o rosto vermelho de raiva, se vira e sai da sala, sem uma palavra. Arlan hesita, mas depois de um momento, também se retira.

Eu permaneço ali, sozinha, sentindo a tensão e a tristeza se acumularem. Depois de alguns momentos, deixo a sala e me retiro para meu quarto, fechando a porta atrás de mim. As lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, e eu me deixo cair na cama, tentando processar tudo o que aconteceu.

Sinto um peso enorme em meus ombros. A responsabilidade de governar, os sentimentos por Arlan, a decepção de meu pai – tudo parece esmagador. Mas, ao mesmo tempo, sei que estou fazendo o que é certo para mim.

Deitada na cama, olho para o teto e respiro fundo. Este é um momento decisivo para mim. Preciso ser forte, tanto para o reino quanto para mim mesma. E, apesar de toda a dor, sei que estou no caminho certo.

Não vou me deixar ser definida pelas expectativas dos outros. Vou governar com sabedoria e força, e vou fazer isso da minha maneira. E, acima de tudo, vou ser fiel a mim mesma.

Tem tanta coisa para acontecer nessa história que só Deus na causa, vou ver como colocar os acontecimentos sem ir rápido demais.

Vou tentar postar o máximo possível antes do credito acabar

Meu Mestre, Meu ProblemaOnde histórias criam vida. Descubra agora