Capítulo 54

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Scarlett

Hoje, Asura desceu até meu nível infernal para pegar os impostos para o castelo de Dantalion. Assim que entrei no escritório, a atmosfera estava pesada. Ele estava lá, com a expressão fechada, e ao me ver, apenas acenou levemente. Algo estava diferente. Seus olhos, normalmente tão expressivos e intensos, estavam frios e vazios, como se uma névoa de indiferença os tivesse coberto. Sua voz soava distante, como se cada palavra estivesse envolta em gelo.

“Como você está?” perguntei, tentando quebrar o silêncio constrangedor que se instalou entre nós.

“Cumprindo obrigações,” respondeu ele, a resposta seca ecoando na sala.

Uma onda de preocupação me invadiu. Ele parecia ter bloqueado todos os sentimentos para não sofrer mais, e a frieza nas suas palavras me deixava inquieta. Precisava ignorar isso e continuar a conversa.

“E seu casamento? Está tudo bem?” lancei a pergunta, desejando ouvir algo mais caloroso, mas a resposta foi tão gelada quanto antes.

“Sim,” ele disse simplesmente, sem se aprofundar. O tom monótono dele me fez sentir um nó no estômago.

“Você sabe que pode contar com a minha mãe, Mia, para qualquer coisa, certo? Ela sempre se preocupa com você,” tentei, na esperança de trazer um pouco de calor àquela interação.

“Obrigado, mas não é necessário,” ele respondeu, desviando o olhar. A indiferença dele estava me atingindo como um golpe, e a frustração começou a se misturar com a preocupação.

“Eu me preocupo com você também, Asura,” disse, sentindo que precisava expressar isso de alguma forma. “Se precisar de ajuda ou de alguém para conversar, estou aqui.”

Ele hesitou por um momento, mas a máscara de gelo não se quebrou. Senti uma necessidade crescente de estabelecer uma conexão, algo que nos tirasse daquele espaço frio e distante. Então, tomei coragem e toquei sua mão suavemente. “Se precisar de qualquer coisa, estarei aqui. Como sua serva destinada, nunca conseguiria recusar ajudá-lo.”

Naquele instante, algo mudou. Um brilho vermelho surgiu em seus olhos, como se o toque tivesse despertado um instinto profundo dentro dele. A tensão entre nós cresceu, e, de repente, ele se inclinou para me beijar. O desejo era intenso, como uma chama que não conseguia ser contida. O toque, a conexão tudo isso era irresistível.

Nos perdemos em um momento de paixão, o mundo ao nosso redor desaparecendo em uma névoa de sentimentos não expressos. Mas assim que tudo terminou, Asura se afastou, colocando suas roupas na minha frente sem dizer uma palavra. A indiferença que ele demonstrava agora era como um balde de água fria, e ele se retirou rapidamente, sem olhar para trás.

“Você não vai dizer nada?” eu perguntei, a voz trêmula, uma mistura de confusão e desespero.

Ele parou por um instante, mas não se virou. “Não há nada a dizer,” foi a resposta fria que cortou o ar como uma lâmina.

Senti um peso esmagador no coração. A indiferença dele me machucou, e a culpa começou a crescer dentro de mim, como uma sombra que se estendia por toda a minha alma. Ele era casado, e eu tinha cruzado uma linha imperdoável. Passei a noite me culpando por aquele momento, me perguntando se conseguiria lidar com as consequências do que fizemos.

Naquela noite, enquanto olhava pela janela, a lua cheia iluminava o céu, refletindo meu estado de espírito confuso. O que poderia acontecer agora? Asura estava tão distante, e eu me sentia presa em um ciclo de desejo e remorso. Recordei seu toque, a forma como ele havia se aproximado de mim, e a intensidade do beijo que compartilhamos. Mas a indiferença que se seguiu foi um lembrete doloroso da realidade.

Cada segundo parecia uma eternidade, e eu não sabia como lidar com essa nova dinâmica. Será que poderia continuar a ser sua serva, sabendo que havia cruzado uma linha? As perguntas ecoavam na minha mente, e a única resposta que encontrei foi a solidão que preenchia o vazio.

Meu Mestre, Meu ProblemaOnde histórias criam vida. Descubra agora