Capítulo 49

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Scarlett

A manhã começou tranquila no castelo. Eu estava sentada na sala de estar, revisando alguns documentos importantes, quando ouvi risadas e passos rápidos ecoando pelo corredor. Meus irmãos gêmeos, Henri e Belial, haviam chegado. Nossos pais tinham partido em uma viagem diplomática e deixado a mim a responsabilidade de cuidar dos dois.

— Scarlett! — gritou Henri, o mais bonzinho dos dois, correndo em minha direção com um sorriso no rosto.

— Henri! — respondi, levantando-me para abraçá-lo. Belial veio logo atrás, com uma expressão de tédio e irritação.

— Oi, Scarlett. — disse Belial, mal levantando os olhos para me encarar.

— Oi, Belial. — respondi, tentando esconder a exasperação. — Como vocês estão?

— Estamos bem! — disse Henri animado. — Podemos brincar lá fora?

Antes que eu pudesse responder, Lui entrou na sala. Ele era o aprendiz de Dagon, nosso pai, e tinha sido designado para ajudar a cuidar dos gêmeos enquanto nossos pais estivessem fora. Havia uma tensão palpável entre nós, resultado de um breve envolvimento que tivemos no passado.

— Bom dia, Scarlett. — disse Lui, seus olhos azuis brilhando com uma mistura de profissionalismo e algo mais profundo.

— Bom dia, Lui. — respondi, tentando manter o tom neutro. — Acho que os gêmeos querem brincar lá fora.

Levei Henri e Belial para o jardim do castelo. Eles começaram a correr e brincar imediatamente, sua energia era contagiante. Fiquei observando, sentindo uma mistura de amor e exasperação. Era difícil manter o controle sobre aqueles dois.

— Scarlett, olha isso! — gritou Henri, segurando um balão de água.

— Henri, não... — comecei a dizer, mas era tarde demais. Ele lançou o balão, que explodiu aos meus pés, molhando minha saia.

— Henri! — exclamei, tentando não rir. Belial riu alto, se divertindo com a situação.

— Bem feito, Scarlett. — disse Belial com um sorriso travesso. Ele então pegou outro balão e o lançou diretamente em mim, acertando meu ombro.

— Belial, você vai se arrepender disso! — ameacei, rindo apesar de tudo.

Lui apareceu ao meu lado, sua presença firme trazendo um pouco de ordem ao caos.

— Meninos, acho que já se divertiram bastante com os balões de água. — disse ele, pegando um balão de água e levantando uma sobrancelha sugestivamente para mim.

— Lui, nem pense nisso. — avisei, mas não pude evitar um sorriso.

— Vamos lá, Scarlett, é só uma brincadeira. — respondeu ele, seu tom de voz mais leve.

Henri e Belial continuaram brincando, agora puxando os pelos da minha cauda demoníaca sempre que passavam correndo por mim.

— Aí! — exclamei, quando Belial puxou um pouco mais forte. — Isso dói, Belial!

— Desculpa, irmã. — disse ele, sem realmente parecer arrependido.

Enquanto os gêmeos corriam pelo jardim, Lui e eu trocamos olhares. Havia algo não resolvido entre nós, uma história que ambos tentávamos ignorar.

— Lui, podemos conversar? — perguntei, tentando encontrar um momento de privacidade.

— Claro, Scarlett. — respondeu ele, sua expressão se suavizando.

Nos afastamos um pouco das crianças, parando em um canto tranquilo do jardim.

— Eu... sinto muito pelo que aconteceu entre nós. — comecei, sem saber exatamente o que queria dizer.

— Não precisa se desculpar, Scarlett. — disse Lui, colocando uma mão reconfortante no meu ombro. — O que aconteceu foi no passado. Estamos aqui para cuidar dos gêmeos, e é isso que importa agora.

Assenti, sentindo uma estranha mistura de alívio e tristeza. Antes que pudéssemos continuar a conversa, Henri e Belial correram em nossa direção.

— Scarlett, Lui, venham brincar com a gente! — gritou Henri, puxando minha mão.

— Vamos, não podemos deixar as crianças sozinhas. — disse Lui, voltando a ser o profissional.

Passamos o resto do dia tentando manter os gêmeos sob controle. Eles se divertiram tacando balões de água em nós, puxando os pelos da minha cauda e provocando de todas as maneiras possíveis.

— Scarlett, você é muito lenta! — zombou Belial, correndo ao meu redor.

— Vou te pegar, Belial! — gritei, correndo atrás dele enquanto Lui ria.

Finalmente, conseguimos fazer com que eles se acalmassem um pouco e se sentassem para um lanche. Henri, sempre o mais doce, veio e se sentou ao meu lado, oferecendo um pedaço de bolo.

— Aqui, Scarlett. Você merece um pouco de descanso. — disse ele com um sorriso.

— Obrigada, Henri. — respondi, sentindo-me grata pelo seu gesto.

À medida que o dia chegava ao fim, consegui levar os gêmeos para dentro do castelo. Eles estavam exaustos, mas ainda cheios de energia. Finalmente, depois de muita insistência, consegui colocá-los na cama.

— Boa noite, Henri. Boa noite, Belial. — disse, beijando a testa de cada um.

— Boa noite, Scarlett. — respondeu Henri, já fechando os olhos.

— Boa noite, chata. — disse Belial com um sorriso travesso antes de se virar e dormir.

Suspirei aliviada e saí do quarto, encontrando Lui no corredor.

— Foi um dia e tanto, não é? — ele comentou, com um sorriso cansado.

— Com certeza. — respondi, sentindo o peso do cansaço. — Obrigada pela ajuda, Lui.

— Sempre estarei aqui para ajudar. — disse ele, sua expressão séria e sincera.

Meu Mestre, Meu ProblemaOnde histórias criam vida. Descubra agora