Sarah pov
Eu sempre vou aquela rua quando preciso pensar e ter um tempo só pra mim, ela não é nada movimentada. E pelo que eu saiba, não tem ninguém que eu conheça que mora naquele bairro. Eu fico sentada na calçada chorando pensando em tudo que já aconteceu e anda acontecendo em minha vida. Parace que o caos sempre encontra um jeito de fazer parte de mim e eu estou cansada disso. Sei que pode parecer besteira, mas só eu sei o que se passa dentro de mim. Só eu sei o que realmente me dói.
Lembro da minha infância, eu era uma criança feliz, saltitante, acreditava que o mundo era um conto de fadas. Eu aproveitei muito essa fase e foi da melhor forma possível. Mas aí eu entrei na adolescência e tudo mudou, a minha vida virou de ponta cabeça e eu nunca consegui trazê-la de volta ao normal.
Eu queria poder confiar em meus irmãos, em meus amigos, em minha mãe e contar tudo que dói dentro de mim. Eu amo minha família, amo Thais, ela é como uma irmã pra mim. Mas eu já fui tão machucada por pessoas que tenho medo de ser ferida novamente, e o pior, eu tenho medo de ferir as pessoas que estão ao meu lado. Tenho medo que a minha história os decepcione e eles decidam ir, e ir pra sempre.
Eu me decepciono comigo todas as vezes que me olho ao espelho, vejo em meu reflexo um fracasso. E se eu mesma me olho assim, o que as pessoas achariam de mim caso eu contasse tudo que está guardado aqui comigo? Eu não quero ficar sozinha de novo, eu não quero machucar ninguém, então pela minha segurança e também das pessoas que eu amo, eu escolho todos os dias carregar esse fardo somente para mim.
Aqui ainda sentada na calçada, ouço que tem um carro vindo em alta velocidade, mas ao chegar perto de mim, ele diminui e ali eu tenho a certeza que não sairia viva daqui hoje. Correr? Não, essa pessoa estará me fazendo um favor.
Mas ouço uma voz que reconheço muito bem, é Juliette. O que ela faz aqui?
...
Entro em casa pensando em tudo que aconteceu depois que Juliette me encontrou naquela rua, ela não me deixou sozinha e fez questão de me trazer em casa. O que vai me prejudicar um pouquinho para ir a faculdade amanhã, terei que chamar um uber. Mas ao pensar em todas as palavras que ela me disse, meu coração se acalmou e uma luz se acendeu dentro de mim, acho que é a famosa esperança.
Juliette me passa uma segurança louca, eu sinto a mesma coisa com Thais, sinto que posso confiar. Porém, com ela as coisas são mais... intensas?!
Essa mulher tem me gerado um misto de sentimentos, algo dentro de mim acende toda vez que a vejo ou que seu nome vem a minha cabeça. Ela tem conquistado um lugar na minha vida com tão pouco tempo de convivência. Mas não posso me dar ao luxo de acreditar que com ela as coisas serão diferentes. E mais uma vez, meu medo é me machucar e a machucar também. Ela e nem ninguém merece ser frustradas com a minha vida fracassada.
Resolvo parar de pensar nessas coisas e ir tomar uma banho e durante o mesmo decido por não ir a faculdade amanhã. Meu dia e a minha madrugada foram intensos, acho que um dia não irá fazer mal.
Termino meu banho, coloco meu pijama e deito em minha cama. Pego meu celular e vejo que já são 05h da manhã, como o tempo voa. Aproveito e desativo meus despertadores. Fecho meus olhos e durmo.
...
Acordo 13h da tarde, geralmente eu não acordo tão tarde assim, mas meu corpo precisa relaxar. Levanto da cama, tomo um banho e decido que vou a praia. O dia tá bem bonito, vou aproveitar e almoçar por lá mesmo.
Coloco um biquíni, shorts jeans, uma regata branca e coloco meus óculos escuro no cabelo. Pego uma bolsa e coloco dinheiro, cartão, protetor solar e também a chave do meu carro. Chamo um uber enquanto estou no elevador para ir buscar meu carro.
Chego na tal rua, pago o simpático motorista e vou em direção ao meu carro. Entro, ligo o rádio e dou partida pra praia cantarolando as músicas que tocam.
Estou em Ipanema, um pouquinho longe de casa, mas um ambiente tão lindo e gostoso de estar.
Eu já disse que sou extremamente apaixonada por praia? Gosto de ver os cabelos naturais, os rostos desprovidos de maquiagem e os corpos com liberdade de ser quem são. A vibe da praia é tudo pra mim.
Sento em uma das mesas do quiosque, sou atendida por uma simpática mulher. Faço meu pedido e vejo uma pessoa muito conhecida por mim vindo ao meu encontro.
Bil: Oi princesa - sorrio com o jeito carinhoso que ele se refere a mim, Bil e Arthur sempre me trataram muito bem - Está esperando alguém?
Sarah: Oi Bil! Não estou esperando ninguém, quer me acompanhar no almoço? - ele assente, senta comigo e faz seu pedido - vindo a praia sozinho? Cadê sua penca de amigos?
Bil: Não quiseram vir hoje, então decidi vir sozinho mesmo, bom que penso um pouco na vida. Na verdade, esse era o plano até te encontrar.
Sarah: Desculpa frustrar seus planos, senhor Arcrebiano - rimos - como você está?
Bil: Estou preocupado Sa. Só consigo pensar no que nosso pai fez e o quanto mamãe irá ficar triste com essa situação toda. Sabemos bem o quanto ela se sentia rejeitada naquele relacionamento, imagina quando souber?
Sarah: Também não paro de pensar nisso. Mamãe estava começando a ser feliz de novo e se reconstruir sozinha - eu aliso suas mãos que estão por cima da mesa entrelaçadas - precisamos estar lá por ela por mais que isso também esteja doendo em nós. Pra ela, eu, você e o Arthur, somos sua força.
Bil: Sempre certa, Sarinha. E você, como tá?
Sarah: Estou bem cansada, mas bem. Hoje não fui a faculdade por não ter conseguido dormir a noite, estava muito preocupada com essa história toda - o que não deixa de ser verdade, mas omito o resto das coisas que também aconteceram. - então resolvi vir à praia pra relaxar.
Bil: Sei que as coisas estão complicadas, mas não abra mão jamais de uma boa noite de sono e nem fique faltando as aulas. Seu futuro depende de você - eita fase que me aterroriza - vai dar tudo certo, nós estamos juntos!
Sarah: Sempre, Bil!
Logo a moça chega com nossos pedidos e está tudo maravilhoso. Tenho a impressão que tudo fica mais gostoso na praia.
Depois de almoçarmos, fomos sentar um pouco na areia, demos alguns mergulhos, Bil tirou algumas fotos minhas e teve que ir embora.
Eu fico mais um pouco na praia e vejo que está anoitecendo, então vou pra minha casa.
Entro em casa e vou direto para o banho tirar essa areia do corpo e lavar meu cabelo que já estava podre, com a água da praia só piorou.
Sento no sofá da sala com a toalha na cabeça, respondo algumas mensagens, inclusive de Thais, Gil e Pocah perguntando se eu estava bem e o motivo de ter faltado hoje. Apenas disse que perdi a hora. Depois de muito pensar, finalmente escolho uma foto e resolvo postar no meu Instagram...
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Talvez eu solte mais um capítulo hoje ainda não sei kkkk até o próximo ♥️
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Por você
RandomSarah Andrade, uma mulher de 21 anos que cursa Odontologia. Aparentemente uma pessoa normal e feliz, mas somente ela sabe seus medos, seus traumas e as suas inseguranças... O que será que aconteceu com Sarah? Qual o motivo de tanto medo e tanta desc...