Capítulo 28

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Sarah pov

Queria tanto conseguir expressar para Juliette o que se passa dentro de mim, as dores e os traumas que eu carrego que tanto me machucam. Mas a gente nem se conhece tanto assim, e por mais que eu confie nela, não me sinto segura para contar isso. Eu me sinto muito culpada ainda, sinto que serei julgada por ela e por todos que estão à minha volta. Fora que Juliette pode o conhecer por também trabalhar na delegacia, e provavelmente ela acreditaria naquele homem. Não dá, eu não consigo acreditar que como mulher e ainda sem provas, alguém acreditaria em mim.

Vejo tantos casos na mídia onde mulheres são estupradas todos os dias e NADA acontece, mesmo que as mesmas tenham provas. E isso acontece por pessoas que tem autoridade, dinheiro, fama, respeito na sociedade. Às mulheres são abusadas todos os dias por pessoas que deveriam as proteger, o que foi meu caso também. Como eu posso contar algo que aconteceu comigo se a justiça não faz nada por ninguém. A justiça desse país é podre!

Sarah: Juliette, existem muitas coisas dentro de mim que eu nunca contei a ninguém. E eu ainda não me sinto a vontade para falar sobre esses assuntos, ainda é muito delicado pra mim - ela me abraça forte e enche meu rosto com beijinhos

Juliette: Eu tô aqui e respeito totalmente seu tempo, tá bom?

Sarah: Você não cansa de ser tão perfeita assim?

Juliette: Sou assim só com você, princesa - esse "princesa" faz as borboletas voarem desesperadamente em meu estômago - Vamos comer essa pizza?

Sarah: Pizza é a melhor saída para todos os problemas!

Juliette: Sou obrigada a concordar com você - ela me entrega um pedaço da grande pizza e pega outro pra si - como estão as coisas em sua casa?

Sarah: Eu sinceramente não sei, mal falei com a minha mãe e meus irmãos essa semana. A correria está me impedindo.

Juliette: Seu pai?

Sarah: Ainda estou com muita raiva da atitude dele, aquilo mudou minha Vida também.

Juliette: Mas você já conheceu sua irmã? - ela fala como se estivesse jogando um verde pra colher maduro e eu a olho desconfiada arqueando um sobrancelha. - O que foi?

Sarah: O que você sabe que eu não sei?

Juliette: Eu não tenho direito de falar nada, acho melhor você conversar com seus irmãos.

Sarah: Não vai me dizer que...

Juliette: Ham? Não! Sarah, eu não sou sua irmã - ela começa a rir e se engasga com a pizza o que me faz gargalhar também. Lhe ofereço uma garrafa com água e ela respira parando de tossir - Deus me livre ser sua irmã

Sarah: Seria tão ruim ser minha irmã?

Juliette: Óbvio, prefiro mil vezes poder beijar sua boca.

Sarah: Faz sentido - rimos - acho que irei mandar mensagem para meus irmãos, quero saber o que você sabe sobre a minha vida.

Juliette: Sou delegada, tenho certas informações privilegiadas.

Sarah: Convencida - eu bato em seu braço e ela solta um "aí" - eu te machuquei? Desculpa! - aliso a região onde eu bati e ela começa a rir

Juliette: Você não é tão forte fisicamente assim.

Sarah: Bobona

Juliette: Bobona que está doida pra beijar essa princesa

Sarah: E a princesa acha que você está perdendo tempo falando o que queria fazer ao invés de estar fazendo - uou, por essa nem eu esperava

Juliette me puxa mostrando claramente que perder tempo é uma coisa que não faz parte de sua vida, colando meus lábios aos seus em um beijo caloroso e cheio de carinho. Esse beijo é viciante demais, mesmo que ela tenha sido a única pessoa que eu beijei na vida, está sendo incrível!

Juliette: A princesa ainda acha que a bobona perde tempo? - eu nego com a cabeça - muito bem

Sarah: Já está bem tarde, amanhã você trabalha?

Juliette: Sim, mas só entro as 16h

Sarah: Melhor você ir descansar, não?

Juliette: Dispensando minha companhia?

Sarah: Nunca, só não quero que fique cansada para trabalhar.

Juliette: Não vou ficar. Eu estava pensando em assistir o nascer do sol, o que acha?

Sarah: Perfeito! Mas ainda falta muito pro sol nascer

Juliette: Ainda temos pizza.

Sarah: Quero ouvir música - pego meu celular e coloco uma música. Começo a cantar junto, vejo Juliette levantar e me estender a mão

Juliette: Vamos dançar? - eu sorrio, seguro em sua mão me levantando e começando a dançar com o som baixo da música que saia do meu celular misturado com o barulho mais forte das ondas. As coisas que eu julgava mais bregas se tornam tão especiais quando são vividas com você.

Sarah: Você está fazendo eu dedicar a nós uma música - ela beija minha bochecha e ri - por favor, não quebre meu coração

Juliette: Eu seria incapaz de fazer isso.

Deito minha cabeça em seu peito e por ela ser bem mais alto do que eu, consigo escutar seu coração que está bem agitado.

Juliette: Ele bate forte por você!

Sarah: Sabe aquela sensação de borboletas no estômago que é tanto dita nos filmes e livros - ela assente - estou sentindo desde o dia que te conheci. Você me causa sentimentos desconhecidos que são tão bons, você é tão boa.

Juliette: Quero ser aquilo que te faça feliz!

Sarah: Você é!

Continuamos dançando a música. Eu não sei o que será de nós ou do que estamos construindo, mas pela primeira vez depois de muito tempos, eu desejei que um momento fosse eternizado. Outras músicas começaram a tocar, e eu fechei meus olhos ainda dançando com ela e meu sorriso está estampado em meu rosto.

Juliette tem trazido um sentido a minha vida, tem me dado forças para continuar e ter vontade de viver. Quando eu a vi pela primeira vez, achei que seria a única. Mas hoje, desejo que aquela tenha sido a primeira de muitas.

Ficamos dançando ainda por um bom tempo, depois nos sentamos, comemos mais pizza e nos beijamos muito! Quando olhamos para o horizonte, o sol já estava nascendo.

Sarah: Você me traz paz!

Juliette: E você me faz feliz.

Das poucas certezas que eu tenho na vida, Juliette é a maior delas. E eu a quero pra sempre...

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Já que o sono não vem tá aí mais um capítulo pra vocês ♥️

Por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora