Por você

Capítulo 11

Juliette pov

As coisas aqui na delegacia estão bem corridas, vamos transferir o Projota para o presídio hoje. Rodolffo meu informante lá dentro do complexo da maré me garantiu que eles não suspeitam de nada, o que já nos facilita muito. O nosso turno começou já faz uma hora e Camila ainda não chegou e nem atende o celular. Ela pode ser minha melhor amiga, mas também trabalha pra mim e eu gosto das coisas bem feitas e principalmente quando são bem feitas no horário pedido.

E falando na criatura, ela adentra a minha sala com uma cara de morte e eu a encaro com a pior cara do mundo, pelo visto ela entendeu.

Camila: Ok, eu sei que estou errada. Me desculpa pelo atraso.

Juliette: É só cumprir uma hora a mais do que você faria. Já que sairia as 22h, irá sair as 23h. - ela me olha indignada - Não tem como misturar as coisas, você é minha amiga, mas também trabalha pra mim. Vamos separar amizade de trabalho. - ela concorda por fim - Iremos transferir Projota para o presídio daqui meia hora.

Camila: Beleza chefe, vou tomar um café. - ela me diz e sai da sala.

Eu saio logo atrás dela e vou até a cela que Projota está, que fica aqui mesmo na delegacia. Vejo que ainda está dormindo, peço que abram a porta da cela e eu entro.

Juliette: Hora de acordar, bela adormecida.

Projota: Tenho que ficar nesse inferno e nem posso dormir até a hora que eu quero?

Juliette: Isso não é problema meu, você está aqui pagando por seus atos. Toda ação tem uma consequência.

Projota: O que você quer aqui afinal?

Juliette: Só queria te dar um bom dia - olho para o policial que estava ao meu lado - Pode algemar.

Projota: Pra quê isso? Eu quero uma satisfação do porque estão me algemando, doutora. - ele se refere a mim com ironia, seguro seu rosto com força

Juliette: A doutora quem dita as regras aqui, então para o seu próprio bem é melhor calar a sua boca e obedecer. - vejo que ele está finalmente algemado e saio da cela - Podem o levar para o carro.

Dois policiais levam ele até o carro, que não é um camburão para não levantar qualquer tipo de suspeita. Vejo em meu relógio que já está na hora de levarmos. Chamo a Camila e nós vamos em direção ao carro, eu vou dirigindo, Camila vai ao meu lado e Projota vai atrás entre dois policiais de minha confiança.

Por ter quase certeza que tem alguém da delegacia passando informações para o complexo da maré, eu não avisei quase ninguém que iríamos fazer a transferência de Projota hoje. As coisas precisam sair conforme o combinado e vai sair porque eu estou no comando dessa merda.

Depois de mais algum tempo dirigindo, chegamos até o presídio, vendamos Projota durante o caminho para ele ter uma bela surpresa, ele até cogitou a ideia de que estávamos indo o matar, o que também não seria ruim. Mas eu jamais mataria alguém sem ser necessário, meu papel não é esse.

Descemos do carro e alguns policiais do presídio vem nos ajudar com Projota e entram com ele. Eu os acompanho até a cela que Projota irá ficar, ao entrar no corredor vejo muitas pessoas me olhando com raiva e outras pedindo socorro pois não aguentam mais aquele lugar. Ali é tudo muito bagunçado, fica todo mundo junto. Desde assassinos até quem foi preso por não pagar pensão alimentícia.

Mas alguns homens olham para Projota com um olhar mortífero, deve ser por todo o histórico que ele tem. Projota não é somente "dono" de um morro, ele já fez muito mal a população que moro lá. Mata pessoas sem dó, mesmo que as pessoas não tenham feito nada. Ele também tem várias passagens por estupro, o que me faz ter mais ódio ainda desse cara. E eu sei que ele vai sofrer aqui exatamente o que causou, não duvido nada que daqui uma semana receba a notícia de que ele está morto.

Entro na cela junto com os policiais que estão levando Projota e eu faço questão de tirar sua venda.

Juliette: Seja bem vindo ao seu novo lar

Projota: O que? Isso não pode estar acontecendo - ele passa a mão na cabeça, mostrando claramente seu desespero sabendo que seu plano não deu certo - Eu deveria ser transferido só na semana que vem, vocês não me avisaram nada.

Juliette: Ninguém te deve satisfação de nada, muito menos eu. Espero que você aproveite bem esse lugar - olho ao redor - Vejo que tem gente aqui que vai aproveitar muito bem você.

Os policiais tiraram as algemas dele e nós saímos da cela que é trancada logo em seguida. Saímos daquele corredor cheio de celas lotadas de pessoas, a capacidade para cada cela é de 15 a 20 pessoas, mas abriga mais de 50. O que também é um descaso, mas eu não tenho muito o que fazer. Ainda escuto os berros de Projota pedindo que fosse tirado de lá, ele sabe muito bem o que irá sofrer.

Entro na sala do coordenador Geraldo, ele é responsável por todo presídio.

Geraldo: Muito bom te ver, Juliette. Vejo que finalmente conseguiu prender Projota.

Juliette: Sim, hoje é um bom dia! Mas vim falar com o senhor sobre o César de Paula, o homem que foi preso por não pagar pensão alimentícia na semana passada.

Geraldo: O que alega estar preso injustamente? - eu concordo - Ele é bom homem aparentemente.

Juliette: Realmente, nós conseguimos todos os boletos de pagamentos e vimos que ele realmente pagava a pensão alimentícia de seus três filhos e ainda mandava dinheiro acima do que era pedido. A ex mulher dele acabou assumindo que denunciou por raiva e por ela ter influência na cidade, ele acabou sendo preso sem nenhuma prova.

Geraldo: Então ele realmente é inocente?

Juliette: Sim, pode mandar soltá-lo. - Geraldo mexe em alguns papéis e olha em seu computador - Consegue fazer isso ainda hoje? Aproveito que estou aqui e levo ele de volta para Tijuca.

Geraldo: Consigo sim. Edison - ele chama um policial que logo se prontifica - Vá até o corredor 19, cela 7 e traga César de Paula até aqui.

Edison: Sim, senhor. - ele sai da sala e em poucos minutos volta com César.

César: É verdade, doutora Juliette? Eu estou realmente livre?

Juliette: Sim César, eu vi verdade em suas palavras e decidi por mim mesma começar uma investigação para saber a respeito de sua inocência, mesmo sabendo que seria liberado logo por bom comportamento. Sua ex esposa também acabou confessando que te denunciou por raiva de você. Minha opinião pessoal, se me permite, é que o senhor corra atrás de seus direitos após ser acusado injustamente e também corra atrás da guarda de seus filhos.

César: Isso não sai de meus pensamentos, doutora Juliette. Obrigado por ter acreditado em minha inocência.

Conversamos mais um pouco e eu o levei para a Tijuca, mais fácil pra ele voltar pra casa. Chego na delegacia exausta, o dia foi cheio. Vejo que já são quase 21h e resolvo ir pra casa. Mas antes olho meu celular e vejo que tem uma mensagem que faz meu sorriso aparecer e alegrar meu fim de expediente.

Wpp on:

Sarah: O convite pro café ainda está de pé?...

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Mais um pra vcs, até amanhã ♥️