Capítulo 17

1.7K 160 27
                                    

Juliette pov

Pleno domingo eu tenho que trabalhar. Vida de policial é assim, não existe semana e nem fim de semana. Existe dia de trabalho e dia de folga.

Mas hoje eu só irei trabalhar depois do almoço e vou ficar até amanhã de tarde.

Aproveitando esse tempo livre pela manhã, vou fazer compras, porque meus armários e geladeira já estão ficando vazios. Saio de casa e já coloco a farda dentro do carro.

Chego no mercado e faço uma compra pesada mesmo, pelo menos vai durar o mês todo. Eu tenho uma dieta que preciso seguir a risca, mas obviamente eu saio dela sempre que posso. Vou até a sessão de doces também e pego os que eu mais gosto. Caminho até o caixa, passo minhas compras e pago o atendente.

Pego minhas compras e com a ajuda de um funcionario coloco tudo em meu carro. E agora parando pra pensar, eu fui meio burra em colocar a farda no carro, sendo que irei ter que passar na minha casa para por as compras.

Vou pra casa e deixo as comprar em cima da mesa, guardo apenas os frios para que não estrague. O resto da pra guardar amanhã quando eu chegar. Visto minha farda que peguei no carro antes de subir para não precisar trocar de roupa na delegacia.

Quando estou saindo de casa, Camila me liga avisando que alguns funcionários estavam suspeitando que iria ocorrer um roubo no mercado. Entro no meu carro as pressas e volto para o mercado que estive há pouco tempo atrás.

Chego e vejo uma polícial que trabalha lá na delegacia conversando com uma mulher loira. Desço do carro e vou até elas.

Camila não conseguiu vir até aqui, afinal eu mesma tinha a colocado para fazer coisas pra mim na delegacia.

Polícial: Mas a senhora não pode acusar ninguém sem provas.

Juliette: Está tudo bem aqui?

Polícial: Ainda bem que chegou, eu ainda preciso terminar algumas coisas que você me pediu pra fazer chef. Você pode resolver isso?

Juliette: Pode deixar comigo. - digo e a polícial sai - O que houve, senhora? - pergunto direcionando a mulher que aparentemente tem uns 35 anos.

Mulher: Delegada, entrou um homem no mercado extremamente suspeito e eu acho que ele irá roubar. Avisei os funcionários e eles ligaram para a delegacia.

Juliette: Entendo, sabe me dizer se esse homem ainda está no mercado?

Mulher: Sim, por isso estou aqui fora. Só entro quando ele sair. - ela olha pra entrada do mercado - Ali delegada, é ele. - ela aponta para um homem negro que saia com suas sacolas, ele estava se vestindo simplesmente. Usava apenas uma bermuda, uma regata e chinelos.

Juliette: Como a senhora pode ver, ele fez suas compras.

Mulher: Não delegada, olha pra ele. É óbvio que ele iria roubar o mercado - direciono meu olhar para o homem e o reconheço, ele é um dos empresários mais sucedidos do Rio de Janeiro! Um homem de bom coração. Ela continua o acompanhando com o olhar e se espanta ao vê-lo entrar em sua BMW.

Juliette: A senhora foi racista e isso é uma coisa que eu não admito. Por favor, me acompanhe.

Mulher: Onde você pensa que vai me levar?

Juliette: Para a delegacia. Não sei se sabe, mas racismo é crime. - eu termino de falar e ela tentar correr, mas eu a seguro rapidamente. Seguro seus pulsos fortemente com uma das mãos, enquanto com a outro ligo pra delegacia para trazerem uma viatura. Não vou levá-la no meu carro porque seria antiético e eu também não quero carregar um troço desse comigo.

Eu tenho um papel de autoridade e o que eu puder fazer para mudar um pouquinho que seja esse país, eu farei. Pessoas merecem respeito independente de cor, gênero, sexualidade, religião... E se não aprender a respeitar o próximo por bem, vai aprender por mal.

Em menos de cinco minutos a viatura chega, a mulher é algemada e colocada no carro. Explico o caso para os policiais.

Eles saem com ela e eu vou em direção ao mercado pedindo pra falar com o gerente. Ele chega até mim.

Gerente: Boa tarde, delegada

Juliette: Boa tarde? Hoje eu presenciei mais um episódio de racismo dentro do seu mercado, já é a terceira vez nesse mês que sou chamada aqui porque uma pessoa pensou que seria assaltada pelo simples fato de um negro adentrar em seu mercado para também fazer compras. Essa rede é conhecida nacionalmente por tantos episódios de racismo, negligência e até maus tratos a animais. Eu realmente acho melhor que os cidadãos negros, que são pessoas como qualquer outra, sejam muito bem tratados aqui dentro. Porque se não eu mesma irei tomar providências. E quando eu quero, eu faço. Esse mercado pode fechar em um estalar de dedos e aqui eu não coloco mais meus pés. Passar bem! - não deixo ele falar se quer uma palavra e me retiro do local. Esse povo é nojento.

...

O expediente acabou e eu estou finalmente indo pra casa. Camila me disse que Sarah esteve no mercado, queria eu ter dado a sorte de encontrar com ela. E sobre a conversa que tivemos em poucos dias em sua casa, eu contei a ela sobre a possibilidade da Sarah ser sua irmã e a mesma decidiu não criar expectativas sobre isso.

A mulher que eu prendi no mercado será solta daqui três dias por pagar fiança. Racismo pra mim deveria ser um crime sem direito a fiança, mas infelizmente isso eu não posso resolver.

Chego em casa e guardo logo as compras, porque se eu deixasse pra fazer depois de tomar banho, eu não iria fazer.

Tomo um banho e mando mensagem pra Sarah, estou com saudades daquela perfeição em forma de mulher. Nós conversamos um pouco e marcamos de almoçar juntas amanhã depois de sua aula na faculdade.

Vou para meu quarto, ligo o ar e deito em minha cama vendo que ainda são 18 horas da tarde. Mas com esse cansaço que estou, só acordo amanhã...

________________________________

Até amanhã, talvez eu poste mais 2 amanhã, um de manhã e o outro a noite. ♥️

Por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora