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- por que eles fazem isso comigo, tio? - perguntei soluçando, eu sentia que meu coração iria sair do peito a qualquer momento - por que? Eu fiz algo ruim? Eu... - olhei para ele, que tinha suas mãos dentro da calça que usava. - eu fiz? Eu não queria, eu juro tio, eu não queria...

- calma, Eve - o apelido saiu calmo de sua boca, e eu o olhei com dor no coração. - eu sei que isso é ruim, mas eu não posso fazer nada. Olha... - ele olhou ao redor do quarto, depois posando seu olhar para mim novamente - eu vou para uma reunião agora com a Espanha, México e Rússia - ele suspirou, passando a mão no rosto - não irei te deixar aqui nesse estado. Você tem dez minutos para estar pronta e se sentar atrás do meu notebook na biblioteca, ok? - perguntou enquanto se levantava. Da porta, ele parecia mais cansado do que o habitual, o que me preocupou.

- tá bom - respondi. Passando a mão no rosto, não me preocupando em perguntar sobre meus pais.

Quando entrei na biblioteca, meu tio já estava sentado na sua cadeira. Em sua frente tinha um notebook e a poucos metros a frente, havia uma pequena televisão mostrando a tela inicial do aparelho.

- sente-se - falou, apontando para uma cadeira que ficava do seu lado esquerdo, na ponta da mesa. Um ponto cego, onde não me mostrava na câmera, mas me permitia uma visão privilegiada do notebook. Já que a televisão ajudava. - eles irão ligar daqui a pouco. São 08:48 aqui em Las Vegas, 10:48 no México e 18:48 na Rússia, se eu não estou enganado. Daqui a dois minutos começa.

Confirmei em um aceno, notando finalmente que já havia amanhecido. O que me fez perguntar: o que minha mãe havia aplicado em mim?

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