⁷⁸

224 20 14
                                    


— você se lembrou dela — sussurrei, sentido vontade de chorar, as coisas estavam se interligando — eu não sou ela, Gabriel. — Gabriel me encarou, o peito ainda subia e descia ofegante, os olhos dele estavam perdidos.

Rachel, sequestro, morte.

principalmente você que sabe muito bem que dia é hoje.

— EU NÃO SOU A RACHEL, GABRIEL! — gritei, sentindo as lágrimas descerem dos meus olhos. — eu não sou a Rachel para você ficar me tratando como uma criança, eu não sou a Rachel que morreu seja lá como, eu não sou a porra de uma prostituta.

Gabriel deu um passo para frente, um sorriso torto e frio saiu dos seus lábios, e ele cruzou os braços, ficando na minha altura.

O hálito dele estava quente, o cheiro de bebida era forte misturado a colônia fraca que emanava ali.

— é claro que não — a voz estava baixa, e eu vi que o vulto era minha sogra, que parecia estar em uma luta interna de intervir ou não — você nunca chegaria aos pés dela.

Dei um passo para trás, impactada demais para agir, aquilo doeu muito, tanto que eu senti meus ossos doerem.

— Gabriel... — Melanie apareceu, ao ver que ele me olhava com frieza, essa que me fez preferir receber facadas ao invés desse olhar — Gabriel.

Meu esposo olhou para ela, ainda com os braços cruzados. O olhar não se tornou menos diferente e eu olhei para trás com medo, recuando outro passo.

— Gabriel...

— suba, Eva Margort — falou, ainda com os olhos nela — suba, vá para o quarto ou qualquer que seja. Apenas, saia da minha frente.

Eu subi correndo, sentido meu coração doer. Porque quando eu ouvi aquelas palavras, não escutei a voz de Gabriel, e sim de Robert Collins.

FragalhosOnde histórias criam vida. Descubra agora