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Movi a mesma com cuidado para não fazer som algum, e eu agradeci profundamente por colocar aquele tapete branco no quarto, que abafou os sons.

Me desbrucei na parede, tentando ouvir. Mas tudo que eu conseguia escutar eram movimentos, os susurros eram baixos, e eu constatei por fim que, quando escutei Eduardo falando, ele estava alterado.

Um tombo.

Um forte tombo.

Mordi os lábios aflita, colocando o cabelo marrom que estava solto atrás da orelha, tentando manter uma linha de raciocínio.

Ok, Eva — pensei, andando de um lado para o outro — o máximo que pode acontecer, é você receber uma boa resposta e no mínimo, eles não irão atender e depois irá ficar um clima desconfortável, talvez mais que o habitual.

Bati na porta sem pensar duas vezes. Os sons pararam depois do tombo e tudo que eu ouvia era o silêncio no corredor Collins. As luzes fracas deixava tudo mais calmo e reconfortante, mas naquele momento estava me deixando mais tensa.

A porta abriu.

— ah, oi... — Eduardo falou. O mesmo vestia a mesma blusa, porém agora estava amassada — Margoti, né? — Sorri brevemente para ele.

— não, Margot, o "i" é mudo. — ele confirmou — eu... Eu estava saindo para beber água e ouvi um tombo, pensei que seria legal vim aqui perguntar se precisam de algo. — menti.

Eu era boa nisso, sempre fui. Mentir sobre as faltas nas aulas, as notas, as marcas, locais, na mídia, na escola... Eu sempre fui boa nisso. Mas ali, sob os olhos de Eduardo, me senti nua, uma inútil mentirosa.

— é claro — respondeu — não. Está tudo bem, nos desculpem pelo barulho — uma pausa, ele olhou de canto para o lado, mas eu não consegui fazer o mesmo. Ele era alto, e a porta estava entreaberta, só permitindo a visão dele.

— nos? — dei um passo para o lado, tentando ver e ele sorriu meramente para mim.

— sim. Eu e Gabriel.

Porra.

FragalhosOnde histórias criam vida. Descubra agora