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A luva branca de seda em minhas mãos começaram a ficar subitamente quente, meu peito começou a doer, a dor na costela se intensificou, minha garganta ficou seca, minha mão direita tremia em volta do copo. Eu sentia que iria desmaiar a qualquer momento.

Olhei para Jones Moraes que vinha junto ao meu pai e minha mãe em minha direção, desesperada. Meu coração ficou acelerado e eu dei um passo para trás, tentando me cintuar. Olhei para eles novamente, e ambos estavam em uma distância considerável, mas com os olhos fixos em mim.

Tudo começou a ficar subitamente pequeno e quente, fazendo com que eu olhasse para os lados procurando algum tipo de saída. Meu rosto estava quente e a tontura se tornava cada vez mais persistente.

O bile subiu em minha garganta, fazendo com que eu tentasse beber a bebida que estava em minha mão. O que só piorou a coisa, visto que a mesma era amarga, quente e desceu queimando tudo por dentro.

Senti vontade de vomitar.

Meu coração batia forte, fazendo com que eu colocasse a mão no mesmo.

Meus pais e Jones pararam para falar com um conhecido.

Olhei ao redor procurando meu tio, mas ele não estava ali. Olhei para as três pessoas a agora dez metros de distância, tentando me concentrar neles e ignorar a falta de ar, ânsia e tontura.

por favor papai... Eu prometo que não vou mais fazer isso — falei enquanto o via com o cinto de couro.

— é claro que não. Você já tem catorze anos, tem que ser perfeita, Eva Margot. — ele disse levantando a mão — e com isso, eu vou te ensinar uma lição.

Dei um passo para trás, tentando controlar a vontade exuberante de chorar.

E então, foi como um clique.

A vontade de vomitar veio com força, a falta de ar quase me tomou completamente, a tontura me fez recuar mais um passo e a tremedeira nas mãos me fizeram deixar a taça cair.

Meus últimos sentidos foram de ver o rosto de desaprovação do meu pai, e o olhar de Jones sob mim.

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