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Eu me desculpei com senhor Moraes, dois dias depois, a mando do meu pai.

E eu lembro de ter chorado de raiva quando entrei no quarto, jogando todos os meus vasos com flores artesanais e pequenos quadros no chão. Lembro de ter chorado ainda mais por eles. Chorado por meus pais não estarem ligando pelo fato do meu noivado, pelo fato deles nem ao menos percebessem o quão mal eu estava com tudo aquilo.

Eu chorei até soluçar naquela noite, chorei muito. Mas na segunda; eu estava pontualmente as 09:00 da manhã sentada na mesa dos Collins. Com minha mãe, pai, e tio. A maquiagem estava fraca em meu rosto, e apesar de toda a turbulência do dia anterior; eu estava bem.

— está calada hoje, Eva — meu tio falou, e eu levantei os olhos do prato lhe lançando um sorriso tímido.

— eu estou cansada — disse suspirando — mas, como está a burocracia para se juntar ao México? — perguntei recebendo um olhar julgador do meu pai, não me importando com aquilo.

— está indo para o abismo — a piada me fez rir momentâneamente, fazendo com que eu me esquecesse da noite anterior. — está complicada. Afinal, é México e Espanha. O'Hara + Assis, juntas. Não aliados, mais juntas. E tem a Rússia também, como aliada. E só queremos fazer negócio com a O'Hara + Assis. O problema é que...

— chega, Ruben — meu pai soltou o garfo bufando, me fazendo sentir-me fraca, subitamente.

De novo.

— estamos em um café familiar, não em uma reunião. Deixe para falar dessas trivialidades depois. — olhei para meu prato novamente, decidindo se comeria o pedaço de mamão ou se levaria um pouco de tudo para o quarto e comeria depois.

— claro, Robert — meu tio se ajeitou na cadeira, passando o guardanapo na boca — irei parar.

FragalhosOnde histórias criam vida. Descubra agora